segunda-feira, 6 de março de 2017

Primeiro grupo de refugiados yazidis chega a Portugal, "uma terra de liberdade"

Governo não irá limitar liberdade de circulação de quem foge da guerra. "Não temos em Portugal campos de refugiados. Nunca iremos ter", disse Eduardo Cabrita.
INÊS CHAÍÇA 6 de Março de 2017, 17:38


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O primeiro grupo de refugiados yazidi que escolheu vir para Portugal já chegou a Lisboa. O grupo de 24 pessoas, com origem iraquiana, foi recebido por Eduardo Cabrita, ministro-adjunto, e Paula Oliveira, vereadora para a acção social da Câmara Municipal de Guimarães, cidade onde se vão instalar.
“Quisemos que fosse o berço da nacionalidade a acolher o primeiro grupo, que tanto quis vir para Portugal”, afirmou Eduardo Cabrita. Este é o primeiro grupo de 90 refugiados yazidi que chega à Portela, rumo a Guimarães. Composto por seis famílias (oito mulheres, sete homens e nove menores) e um adulto isolado, é um grupo mais pequeno do que o que se previa inicialmente. Eram esperadas 30 pessoas, mas uma família de seis elementos cancelou a viagem por motivos de saúde.

O ministro-adjunto aproveitou a chegada dos refugiados para salientar o sucesso dos programas de acolhimento em Portugal. Para este grupo, em particular, estão preparados um “conjunto de mecanismos específicos de acolhimento que incluem apoio social, psicológico, linguístico – e não está em causa apenas o árabe, mas também a língua própria falada pela comunidade – num trabalho de preparação que decorreu ao longo de meses”, afirma, salientando também a cooperação com a comunidade local.

“Não temos em Portugal campos de refugiados. Nunca iremos ter”, diz. “Portugal é uma terra de liberdade. As pessoas chegam a Portugal precisamente porque vêm de situações traumáticas, de guerra e perseguição”, como é o caso dos yazidi, uma minoria religiosa perseguida na Síria e no Iraque pelo auto-proclamado Estado Islâmico. E tal como chegam, são livres de sair.

“Portugal não tem uma estratégia que leve a uma limitação da sua liberdade de circulação. Queremos que sejam bem acolhidos e se integrem na sociedade portuguesa até poderem voltar para os seus países de origem”, explica Eduardo Cabrita.

Desde o início do programa, a 15 de Dezembro de 2015, chegaram 1150 pessoas. Só a Guimarães chegaram 43 refugiados desde 2015, mas cerca de 20 já abandonaram. Alguns dos cidadãos isolados, que chegaram numa primeira fase do projecto, “cidadãos livres”, como lembra a vereadora de acção social da câmara de Guimarães, “abandonaram voluntariamente o projecto”.

“As taxas de saída são semelhantes às que existem em países como o Luxemburgo ou a Suíça”, lembra o ministro-adjunto. E Portugal é destacado pelas Nações Unidas como um dos países onde o processo de integração funciona de maneira mais eficaz: “um processo considerado de referência no quadro da ONU”.

O segredo do sucesso, para Eduardo Cabrita é o facto de os que chegam serem integrados nas comunidades. “E, ao contrário de outros países europeus, não existirem manifestações de xenofobia”, explica.

O próximo grupo de refugiados yazidi a chegar ao país – e desta vez com crianças e jovens do programa de acolhimento de menores não acompanhados – “não chegará antes de Abril”, afirma Eduardo Cabrita, e vão ser acolhidos na zona de Lisboa.
“Tenho muitos sonhos em Portugal”

O grupo de yazidis chegou esta segunda-feira, por volta das 14h50, mais de uma hora depois do previsto, e vinha acompanhado pelos membros da Organização Internacional para a Migração (OIM). O voo, vindo de Atenas, fez escala em Roma antes de chegar ao Aeroporto Humberto Delgado.
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