sexta-feira, 24 de março de 2017

Pelo menos um milhão de crianças envolvidas em trabalhos perigosos no país


15% das crianças expostas ao trabalho infantil no país contraíram ferimentos
Cerca de 1,4 milhão de crianças estão envolvidas no trabalho infantil no país, das quais 96 por cento na agricultura familiar e comercial, caça, pesca, silvicultura e comércio.
É para combater este mal que, através do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Moçambique vai elaborar uma lista das piores formas de trabalho infantil, que vai servir de instrumento orientador para a implementação do plano de acção de combate aos crimes desta natureza.
A informação foi avançada pela ministra Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, segundo a qual “A elaboração da lista será feita pela Inspecção do Trabalho. Estamos em cooperação com o Fundo das Nações Unidas para Crianças (Unicef) e Organização Internacional do Trabalho (OIT). Contudo, o nosso maior desejo é sensibilizar a sociedade, os pais e encarregados, para evitarem colocar os seus filhos em trabalhos perigosos”, disse Diogo.
Considerando que o trabalho infantil é perigoso para as crianças, a ministra referiu que, elaborada a lista e o plano de acção, a fase posterior consistirá na fiscalização.
“O Governo tomou esta decisão após uma recomendação feita por um estudo elaborado, ano passado, pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) sobre trabalho infantil no país.
O estudo indica a prostituição e o garimpo como as piores formas de trabalho infantil, que afectam milhares de crianças em Moçambique, apontando as questões económicas, socioculturais, bem como fenómenos naturais, particularmente a seca e cheia, como algumas causas que levam as crianças a abraçar estas actividades”, disse.
Enquanto a lista não fica pronta, a ministra adianta alguns trabalhos perigosos. “As crianças não podem realizar tarefas como escravidão, garimpo e manuseamento de pesticidas”, advertiu Diogo.
A lista será elaborada e apresentada ainda este ano.
15% das crianças acabaram feridas
O Fundo das Nações Unidas para Crianças (Unicef) diz que o recurso ao trabalho infantil em Moçambique é “grave e alarmante”, daí que a decisão do Governo de elaborar a lista das piores formas de trabalho infantil é acertada. “Este é um problema mundial. Não afecta este país apenas. A decisão do governo, no sentido de cooperar com outras organizações, é muito correcta”, disse o representante do Unicef em Moçambique, Marcoluigi Corsi. Segundo o Unicef, 15 por cento das crianças moçambicanas que trabalham já contraíram ferimentos ou lesões no local de trabalho, maioritariamente na agricultura. Para estancar a prática, o Unicef exorta ao reforço da inspecção do trabalho.

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