domingo, 12 de fevereiro de 2017

Colégio Turco (Colégio Esperança Internacional), encerrado

Redacção F8
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O Ministério da Educação de Angola, acompanhado de forte aparato da Polícia Nacional, encerrou no final da manhã de hoje, sexta-feira, 10.02.2017, o Colégio Turco (Colégio Esperança Internacional), procedendo o Serviço de Migração e Fronteira (SME) à detenção dos seus professores, incluindo mulheres grávidas.

Por Pedrowski Teca
O pedido de encerramento do mesmo colégio, em Luanda, e a extradição dos cidadãos turcos foi feito pelo presidente da Turquia, Recep Tayip Erdogan, em Outubro de 2016, oferecendo em troca, ao Estado Angolano, fornecimento de diversos produtos, sobretudo alimentares, visando encontrar mais uns tantos suspeitos para o suposto golpe de Estado, que aconteceu naquele país na noite de 15 para 16 de Julho de 2016.
Sob o título “Turquia propõe a Angola trocar turcos por… arroz”, o Folha 8 reportou a situação, a 13 de Outubro do ano passado, dando conta que em termos lineares, a ideia do presidente turco, Erdogam, era a de trocar comida por pessoas que, supostamente, tiveram a ver (nem que seja só em pensamento) com a tentativa de golpe de Estado. Ao que parece, basta ser turco e, neste caso, estar fora do país para ser culpado até prova (que nunca existirá) em contrário.
O Folha e apurou na altura que o Presidente José Eduardo dos Santos não estava convencido da validade dos argumentos das autoridades turcas, desde logo porque os cidadãos turcos não estavam em situação legal, integrando uma comunidade pacífica e socialmente integrada, que constituem um importante motor do desenvolvimento económico e social do país.
Contrariamente, no seu primeiro Despacho de 2017 (Despacho N°01/017 de 7 de 02), o Ministério da Educação determinou o encerramento do Colégio Esperança Internacional.
“Ao abrigo do disposto no Artigo 119° da Lei n° 17/16, de 7 de Outubro que aprova a Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino, conjugado com as disposições do Decreto Presidencial n° 207/11, de 02 de Agosto, que aprova o Estatuto das Instituições do Ensino Privado até ao Secundário; Em conformidade com os poderes delegados pelo Presidente da República, nos termos do artigo 137° da Constituição da República de Angola, e de acordo com o estabelecido no n° 4 do artigo 2° do Decreto Presidencial n° 06/10, de 24 de Fevereiro; Determino: É encerrado o Colégio Esperança Internacional”, lê-se no Despacho.
Para o Colégio Esperança Internacional, que alberga uma quinzena de famílias turcas, o ministro da Educação, Pinda Simão, determinou ainda que a sua direcção “deve proceder a entrega de toda a documentação fundamental, como documentos legais da instituição, processos individuais dos alunos, contratos e cadastros do corpo docente e administrativo ao Gabinete Provincial da educação de Luanda, no prazo de oito dias”, após a data de assinatura do Despacho, 7 de Fevereiro de 2017.
O estranho é que passado apenas 3 dias, não os 8 dias estipulados, desde a assinatura do Despacho do Ministério da Educação, o cidadão Edson Vieira Dias Neto denunciou nas redes sociais a invasão da Polícia Nacional e o encerramento do Colégio Esperança Internacional.
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“Neste momento, o Ministério da Educação acompanhado de forte aparato policial, encontram-se no Colégio Turco para o fechar! Sem ter aviso prévio, professores em choro e alunos em pânico. Entre os professores há mulheres grávidas”, disse Edson Vieira Dias Neto.
“Professores Turcos, com os documentos em dia, a serem levados e empurrados para as carrinhas do SME, como se fossem sacos de lixo!!! Mulheres grávidas incluídas… Na presença dos filhos. Os alunos puseram-se defronte do carro do SME e da polícia com os professores lá dentro, para tentarem impedir que avançassem…E eles não pararam!!! Avançaram contra os miúdos!!!! Estão a recolher os telefones dos encarregados no local, compulsivamente!!!”, denunciou.

O suposto golpe de Estado

No ano passado, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan solicitou o encerramento do Colégio Esperança Internacional e o repatriamento dos cidadãos turcos.
Na informação avançada alegava-se que o presidente Erdoğan fez o pedido de repatriação dos cidadãos do seu país, suspeitos no envolvimento numa tentativa de golpe Estado de 15 de Julho na Turquia.
Uma tentativa de golpe de Estado na Turquia ocorreu em 15 de Julho de 2016, porém fracassou. A investida foi supostamente orquestrada por uma facção pertencente às Forças Armadas Turcas. Entretanto, até hoje, ainda não ficaram claros os motivos da ofensiva militar nem seus principais líderes.
Um extenso expurgo do serviço civil turco começou logo após a tentativa de golpe, sendo que o presidente Erdoğan alertou seus adversários de que “eles vão pagar um preço alto por isso”.
A 20 de Julho de 2016, mais de 45.000 militares, policiais, juízes, governadores e funcionários públicos haviam sido detidos ou suspensos, incluindo 2.700 juízes, 15.000 professores e todos os reitores universitário do país.
As informações apuradas pelo Folha 8 dão conta que no Colégio Esperança Internacional em Luanda, os visados são os 25 docentes do que ministram aulas bilíngues até ao 12° ano.
“Os visados não foram notificados mas, segundo fontes dos Serviços de Informação, Luanda parece inclinada a ceder às pressões do Presidente turco Recep Tayyip Erdoğan”, reportou o jornal português, Expresso.
Na quarta-feira, 19 de Outubro, a direcção do Colégio Internacional Esperança comunicou aos alunos que frequentam aquele estabelecimento que poderiam confirmar as suas matrículas para o ano lectivo 2017, demonstrando que estava extinta a ameaça de encerramento que pendeu sobre o colégio.
Sem aviso prévio, nesta sexta-feira, 10.02.2017, o regime Angolano encerrou o Colégio Esperança Internacional, prendendo os seus professores.
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Segundo o cidadão angolano, Edson Vieira Dias Neto, que testemunhou o incidente, “a escola tem mais de 5.000 alunos. Já formou mais de 4.000. Tem dos melhores ensinos deste país, chegando a superar a escola Portuguesa”.
Pelo vazio do Despacho apresentado, o jornal Folha 8 aguarda por esclarecimentos do Ministério da Educação de Angola, especificamente sobre o destino dos professores detidos pela Polícia Nacional.
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