A rádio-boca dizia-me que o Governador Daniel Chapo (Inhambane) interditara a prancha; que desde Novembro ninguém podia ir lá com seus colemans carregados de álcool e carrões com sons turbinados expelidos desordenadamente, cada motor com seu gosto, aqui o pandza, alí a quizomba, resultando numa cacofonia que atrapalha a pureza do mergulho naquela maresia de correntezas suaves que só sabe quem um dia ousou nadar-se ali no Balane profundo. Naquele tempo não eram necessários decibéis profanando a lisura candura da boa gente. Nem jerrycans de cerveja, nem mamanas torrando cigululas e vorses da terra do rande...para a petiscada de entrada pois mais tarde no escuro o sítio se tornava lugarejo do sexo banalizado e de manhã só os rastos da perfídia. E tudo isso nas barbas do arcebispado..e nos calcanhares do portentoso Palácio do Governador.
A prancha sempre foi um apeadeiro das tardes solarengas e mote de ir a banhos. Nos últimos anos, forasteiros levaram para lá a cultura do calçadão sem ordem. O som desmedido, o álcool a jorros, o sexo ao vivo, a sujeira e os cacos. Todas as manhas a prancha era a ilha da sujeira numa Inhambane que sempre se esforçou para se manter asseada. Em Novembro, Daniel Chapo recebeu uma súplica do arcebispo Dom Adriano Langa. E o Governador apelou a edilidade para fazer qualquer coisa: afinal, assunto de pranchas e outras coisas do turismo e da diversão local eram da alçada do município. Seu apelo resultou. Nada de poluição sonora e desordem. A prancha não está interditada. Pode-se ir a banhos, curtir o por do sol, beber uma cerveja, ouvir música...etc. Mas nada de farras ao ar livre. Manhambanas, a prancha nao está interditada! Ela está para ser curtida como sempre foi.
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