Reitor da Universidade Lusíada de Angola falava numa palestra sobre a passagem dos 41 anos de independência de Angola, em Maputo
O
reitor da Universidade Lusíada de Angola, Mário de Andrade, defende que
Moçambique deve seguir o exemplo de Angola, para o alcance da paz
efectiva. Andrade, que falava numa palestra sobre a passagem dos 41 anos
de independência de Angola, instou o governo e a Renamo a privilegiarem
o interesse nacional acima dos que dividem as duas partes.
“A
primeira ética da paz é salvar o seu adversário. Trazê-lo para
negociar, dando-lhe dignidade. é considerá-lo um parceiro para discutir
as divergências, de modo a encontrar pontos de união. Esse é o exemplo
que o presidente José Eduardo dos Santos deu”, disse Mário de Andrade.
O
académico angolano sublinhou que Angola conseguiu, através da inclusão
das forças residuais da UNITA nas forças de defesa e segurança, resolver
um dos maiores problemas pós-guerra. Como prova viva da inclusão, o
académico aponta o caso do actual chefe do Estado-maior angolano, que
vem das forças militares do antigo movimento de guerrilha, a UNITA.
Após
a independência, Angola passou por uma guerra civil que durou 27 anos,
mais 11 que Moçambique. Nos dois países, o conflito foi movido por
grupos armados ligados ao então sistema de Apartheid, que vigorava na
vizinha África do Sul, nomeadamente, União Nacional para a Independência
Total de Angola (UNITA) e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Alcançada a paz, os dois países tentam consolidar a unidade nacional,
com mais incidência para o nosso país, onde se vive momentos de tensão.
Mário
de Andrade reafirma a necessidade de se cumprir os acordos, eliminar
todos os focos de tensão e os respectivos factores de conflito, para
evitar o recrudescimento da guerra, tal como acontece neste momento em
Moçambique.
Um
dos factores contraproducentes para a paz apontados pelo académico é a
“ganância pelo poder”. No seu entender, esse é um dos maiores problemas
em África, tendo em conta que os líderes africanos constantemente violam
as suas constituições para se manterem no poder. O académico diz que a
ganância pelo poder está directamente ligada ao acesso aos recursos,
pois, muitas vezes, apenas uma parte que detém o poder político é que
tem acesso ao “bolo”.
“A
riqueza tem de ser distribuída”, diz o académico, acrescentando que se
cria um ciclo vicioso de conflito quando existe exclusão no acesso às
oportunidades de riqueza. “A riqueza não é distribuir dinheiro pelas
pessoas, é em função do desenvolvimento económico. O Estado deve fazê-lo
construindo escolas, hospitais, promovendo investimento, entre outras
coisas”.
Para
o académico, o governo deve responder aos desafios da paz com boa
governação, respeito pelos direitos humanos e acabar com a desconfiança,
tudo em nome da reconciliação nacional.
Na
ocasião, Mário de Andrade desmentiu informações sobre alegada
instabilidade em Cabinda provocada pelo movimento independentista Frente
de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC).
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