terça-feira, 15 de novembro de 2016

“Moçambique deve seguir exemplo de Angola para alcançar a paz”, Diz Mário Andrade

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Reitor da Universidade Lusíada de Angola falava numa palestra sobre a passagem dos 41 anos de independência de Angola, em Maputo
O reitor da Universidade Lusíada de Angola, Mário de Andrade, defende que Moçambique deve seguir o exemplo de Angola, para o alcance da paz efectiva. Andrade, que falava numa palestra sobre a passagem dos 41 anos de independência de Angola, instou o governo e a Renamo a privilegiarem o interesse nacional acima dos que dividem as duas partes.
“A primeira ética da paz é salvar o seu adversário. Trazê-lo para negociar, dando-lhe dignidade. é considerá-lo um parceiro para discutir as divergências, de modo a encontrar pontos de união. Esse é o exemplo que o presidente José Eduardo dos Santos deu”, disse Mário de Andrade.
O académico angolano sublinhou que Angola conseguiu, através da inclusão das forças residuais da UNITA nas forças de defesa e segurança, resolver um dos maiores problemas pós-guerra. Como prova viva da inclusão, o académico aponta o caso do actual chefe do Estado-maior angolano, que vem das forças militares do antigo movimento de guerrilha, a UNITA.
Após a independência, Angola passou por uma guerra civil que durou 27 anos, mais 11 que Moçambique. Nos dois países, o conflito foi movido por grupos armados ligados ao então sistema de Apartheid, que vigorava na vizinha África do Sul, nomeadamente, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). Alcançada a paz, os dois países tentam consolidar a unidade nacional, com mais incidência para o nosso país, onde se vive momentos de tensão.
Mário de Andrade reafirma a necessidade de se cumprir os acordos, eliminar todos os focos de tensão e os respectivos factores de conflito, para evitar o recrudescimento da guerra, tal como acontece neste momento em Moçambique.
Um dos factores contraproducentes para a paz apontados pelo académico é a “ganância pelo poder”. No seu entender, esse é um dos maiores problemas em África, tendo em conta que os líderes africanos constantemente violam as suas constituições para se manterem no poder. O académico diz que a ganância pelo poder está directamente ligada ao acesso aos recursos, pois, muitas vezes, apenas uma parte que detém o poder político é que tem acesso ao “bolo”.
“A riqueza tem de ser distribuída”, diz o académico, acrescentando que se cria um ciclo vicioso de conflito quando existe exclusão no acesso às oportunidades de riqueza. “A riqueza não é distribuir dinheiro pelas pessoas, é em função do desenvolvimento económico. O Estado deve fazê-lo construindo escolas, hospitais, promovendo investimento, entre outras coisas”.
Para o académico, o governo deve responder aos desafios da paz com boa governação, respeito pelos direitos humanos e acabar com a desconfiança, tudo em nome da reconciliação nacional.
Na ocasião, Mário de Andrade desmentiu informações sobre alegada instabilidade em Cabinda provocada pelo movimento independentista Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC).

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