sábado, 26 de novembro de 2016

MORREM SEMPRE TARDE OS TIRANOS


Vou dizer uma coisa que vai magoar muitos amigos, mas paciência. Não me comove um grama a morte do Fidel Castro. A um político prefirirei sempre um poeta, e um homem que fez o que fez com Hebert Padilla e que obrigou ao exílio espíritos livres do calibre de Cabrera Infante, Reinaldo Arenas e José Kozer e que fez a vida difícil a Luis Lezama Lima (um dos dez poetas do século XX) e a Virgilio Pinera, ou é um idiota ou é um ditador. Claro que a resposta está dada.
O embargo americano – cruel e estúpido – serviu de álibi a este ídolo de pés de barro.
Quem conhece os cooperantes cubanos em África sabe que eles andam sempre com um “controleiro” atrás deles, que lhes tolhe os movimentos e o que possam dizer ou pensar, e que o fruto do seu trabalho vai todo para o Estado. Ou seja, o Estado cubano escraviza-os. Em nome da “solidariedade internacional” e do “socialismo”, está claro.
Houve coisas notáveis no processo cubano, como o incremento dado à educação e na medicina por exemplo, e até o desenvolvimento desportivo (exemplos a seguir) mas é preciso ser claro: não há revolução sem liberdade; quando esta é mitigada acaba a revolução, ou fica pervertida numa monstruosidade que serve os interesses de alguns homens mas não do colectivo.
E quando é assim aquilo que era bom torna-se propaganda do que no fundo está estruturalmente inquinado.
Em jovem, evidentemente, que a Revolução Cubana me atraía, até ter lido duas biografias do Che Guevara e ter descoberto que, infelizmente, o melhor pano se pode corromper: ele prestava-se com demasiada facilidade a comandar os pelotões de fuzilamento. Não eram biografias escritas por gente de direita. O René Char que foi um comandante-Resistente durante a II Guerra Mundial fez o que teve a fazer durante a guerra, e matou, ou até foi obrigado a ver serem mortos amigos sem mexer uma palha para não prejudicar , e no entanto em chegando ao fim da guerra, pôs de lado as armas, rejeitou qualquer condecoração ou prebenda pelos actos praticados, e declarou que nunca se poderia perdoar nem à guerra por o ter obrigado a matar. Um gesto moral nos antípodas do “romântico” Che.
Tirada a venda dos olhos, e depois de estudado o Processo Padilla – que aliás fez Cuba perder grande parte do seu charme e levou ao afastamento de uma caterva grande de intelectuais europeus de esquerda -, nunca mais vi modo de me reconciliar com a mentira (leia-se a biografia de Padilla, onde até se descreve o modo fraudulento como Fidel construía os seus discursos).
Um filho de puta de esquerda para mim é igual a um filho de puta de direita: são filhos de puta, antes de ser qualquer máscara. O que é um filho da puta? UM HOMEM QUE DEFRAUDA VOLUNTÁRIAMENTE O QUE IMAGINÁMOS QUE ELE PODERIA FAZER PORQUE AFINAL SEMPRE NOS MANIPULOU ( SERVINDO-SE DAS SUCESSIVAS CIRCUNSTÂNCIAS COMO ÁLIBI).
É desta ganga, desta mentiras ideológicas, que a Esquerda precisa de livrar-se para que a sua Acção volte a ter autoridade e consequência.
Há uma coisa boa no seu falecimento: vai ter de fazer a barba para entrar no Inferno.
E não experimente ninguém de direita colar-se a esta minha declaração. Não se engane, as minhas razões são outras.
Estes em baixo, Cabrera, Lezama, Kozer são os meus cubanos.
Andre Mahanzule, Inusso Jamal, Ioram Melcer and 117 others like this.
Comments
Lúcia Montenegro Ferrão
Lúcia Montenegro Ferrão Adorei (e não, não sou de direita).
2 · 3 hrs
Remove
José Navarro de Andrade
José Navarro de Andrade Foi assim. É assim.
1 · 3 hrs
Remove
Lurdes Dinis
Lurdes Dinis Forte, incisivo e lúcido! Ditador é ditador!!
1 · 3 hrs
Remove
São Carneiro
São Carneiro Lá está! Preto no branco!
2 · 3 hrs
Remove
Joaquim Alexandre Rodrigues
Joaquim Alexandre Rodrigues Isso. Tudo dito. Sem mas nem meios mas. :-)
1 · 3 hrs
Remove
Pedro Gonzaga
Pedro Gonzaga Perfeito.
Remove
Luís Serpa
Luís Serpa Acabo de dizer isto a uma senhora e digo-o a ti também: se é bom discordar de ti imagina quão bom é concordar.
1 · 3 hrs · Edited
Remove
Cristina Sanches
Cristina Sanches Perfeito 👍
1 · 3 hrs
Remove
Geraldo Santos Jr.
Geraldo Santos Jr. Já foi tarde... E, na medicina, os "avanços" foram mais propaganda que realidade.
3 · 3 hrs
Remove
Cristina Vieira
Cristina Vieira Sim, muito mais teoricos que praticos. Bas ta falar com cubanos..
2 · 3 hrs
Remove
Luís Serpa
Luís Serpa É verdade que não foram assim tão grandes; e que se pode duvidar da qualidade da educação. Mas que tivessem sido o que a propaganda diz que foram: nada justifica um ditadura.
1 · 3 hrs
Remove
Carlos Leite
Carlos Leite Franco, Pinochet ,Fidel Castro, o mesmo combate? Essa de todos os filhos da puta se ressemblent não me convence, desculpa lá.
4 · 3 hrs
Remove
Carlos Leite
Carlos Leite Lembro-te que já Arquimedes (salvo erro) foi morto por um soldado estúpido. Matar poetas? É mato. Não defendo a morte dos poetas como critério último da verdade e do ideal (Cervantes, Villon, Pound, para não ir mais longe e sem ter que puxar da encilopédia)
1 · 3 hrs
Remove
António Cabrita
António Cabrita Carlos, não interessa a cause de que partiram mas aquilo em que se tornaram. Os princípios do Fidel eram evidentemente distintos dos de Pinochet, mas a jusante... algo foi traído
Remove
Carlos Leite
Carlos Leite António Cabrita Aquilo em que nos tornamos com a idade seria tema de muita (quase toda?) a literatura digna desse nome. FIca a teu cargo. E falo a sério, como teu admirador.
1 · 3 hrs
Remove
Luís Serpa
Luís Serpa Já não sei quem dizia que as políticas devem ser julgadas pelos seus resultados e não pelas suas intenções...
Remove
Carlos Leite
Carlos Leite Luís Serpa Estamos a julgar homens, não políticas
Remove
Luís Serpa
Luís Serpa Caro Carlos Leite, peço-lhe me desculpe mas não vou responder-lhe aqui.
Remove
Carlos Leite
Carlos Leite Luís Serpa Responda onde quiser, se quiser.
Remove
Isabel Duarte
Isabel Duarte António Cabrita a jusante? Limpesa da história nas razões de montante?
Remove
Vítor Sousa
Vítor Sousa Perfeito. Um abraço.
Remove
Ester Santos
Ester Santos Brilhante ! Muito Obrigado
Remove
Ricardo Santos
Ricardo Santos Embora não me sinta minimamente magoado, não me revejo no teu texto. Afinal, a Sierra Maestra existiu. É está lá para quem a quiser visitar. Afinal a Sierra Maestra foi madre de outras tantas iniciativas libertadoras. Afinal, conheci pessoalmente numerosos cooperantes cubanos e não compartilho de todo essa opinião tua. Em Moçambique há muita malta que estudou em Cuba, à custa desse Fidel. Basta falar com eles. E quanto à história do Che e do Padilla, acho que isso tem muito mais que se lhe diga. Há muita desinformação bem arquitectada no meio de tudo isso.
8 · 3 hrs
Remove
António Cabrita
António Cabrita Claro que Sierra Maestra existiu e que foi óptimo durante algum tempo... O pior foi o que se tornou depois. Eu também conheci cubanos, que me contaram histórias sinistras... e descontei metade... Não há desinformação sobre o Padilla, há demasiados testemunhos de gente séria para podermos acreditar que estavam todos manipulados. E se quiseres mando-te a biografia dele que não é a de irancundo contra Fidel e Cuba mas apesar da mágoa mantém alguma equidistancia, como um homem que alinhou com a revolução e depois foi apanhado nas malhas dos medíocres. Mas ele não confunde isso com o que uma Revolução sem m,entiras poderia ser...
Remove
Ricardo Santos
Ricardo Santos Manda aí essa biografia para rsantos85@gmail.com. Digo-te também que conheci cooperantes cubanos, alguns jornalistas, que manifestaram posições críticas sobre o que se passava em Cuba. Mas a seriedade desta conversa merece estas coisas. Ir à Lua e olhar para a Terra na temporária ausência de tempestades celestiais. E ver Cuba e Fidel, aproveitando a distracção da CIA.
2 · 2 hrs
Remove
António Cabrita
António Cabrita Ricardo Santos ok mando-te esta semana, tenho.a num disco externo onde tenho de a ir resgatar
2 · 2 hrs
Remove
Ricardo Santos
Ricardo Santos Khanimambo!
Remove
Ana Fat
Ana Fat Partilho, António.
Remove
Ricardo Martinho Gaspar
Ricardo Martinho Gaspar Pois…
Remove
Eliane Robert Moraes
Eliane Robert Moraes Concordo com suas lúcidas e corajosas palavras, Cabrita. Parabéns.
1 · 2 hrs
Remove
Regina Botis
Regina Botis Agree...
Remove
Ricardo Martinho Gaspar
Ricardo Martinho Gaspar É a velha história … é o homem e a sua circunstância … (até ao ponto de não sabermos onde começa uma coisa e começa a outra)
2 · 2 hrs
Remove
Rosa Alice Rosa Alice
Rosa Alice Rosa Alice gostei muito!
Remove
Elisio Macamo
Elisio Macamo obrigado por este texto. muito profundo.
Remove
António Cabrita
António Cabrita não tem nada de profundo Elísio...é epidérmico
2 · 2 hrs
Remove
Elisio Macamo
Elisio Macamo por isso mesmo!
2 · 2 hrs
Remove
Manuel Cintra
Manuel Cintra Gostava de ouvir mais gente a falar assim. Um abraço.
1 · 2 hrs
Remove
Marcia Lailin Mesquita
Marcia Lailin Mesquita um filho da puta
Pronto, agora estão juntos Karl Mark, Vladimir Lenin, Josef Stalin, Mao Tse Tung, Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Kim Li Sung, Kim Jong Li, Pol Pot, Carlos Marighella, Carlos Lamarca e Hugo Chaves.
Vão dar um golpe no capeta e fazer revolução comunista no inferno."
Remove
Nuno Pinheiro
Nuno Pinheiro Esses tipos não são todos a mesma coisa ... e os Salazares, Francos, para não falar dos Hitlers?
1 · 2 hrs
Remove
Isabel Duarte
Isabel Duarte Ah António, estás a ver no que dá?
1 · 1 hr
Remove
Munguambe Netinho
Munguambe Netinho Ainda temos uma longa lista por esperar que partam para que algumas paretes do mundo conheçam a liberdade!!!
Remove
António Cabrita
António Cabrita Isabel Duarte Esse equívoco não é meu, e nao posso evitá-lo. Posso ´tentar construir outras hipóteses de trabalho:https://caliban.pt/sobras-do-som-e-da-f%C3%BAria-1...
Como os tempos estão tristes e, simultaneamente, descortino na melancolia um dos pecados mortais, um daqueles que mais combato em mim…
caliban.pt|By antonio cabrita
Remove
António Cabrita
António Cabrita eu não tenho nada, Marcia Lailin Mesquita contra a "ideia comunista" que era (é) justa e séria, mais do que os seus intérpretes... e lamento dizer que o Marx está actualíssimo... porque quer dizer que os seus seguidores não souberam mudar o que era necessário... mas haver muitos equívocos à esquerda não invalida que os crimes na direita não tenham sido na mesma medida extensivos e intoleráveis...portanto, haja equilibrio
6 · 2 hrs
Remove
António Cabrita
António Cabrita fala-lhe um anarquista
2 · 2 hrs · Edited
Remove
Jorge Andrade Silva
Jorge Andrade Silva Se me permitem. Colocar Karl Marx, Antonio Gramsci e , já agora Hugo Chavez no mesmo plano dos demais ou é cegueira ideológica ou ignorância... Vou partir do princípio de que foi um impulso e/ou uma distracção!
4 · 2 hrs
Remove
António Cabrita
António Cabrita e o gramsci deve ser recuperado, tal como o Castoriadis que nos fornece boas alternativas para um pensamento de esquerda lúcido e necessário
1 · 2 hrs
Remove
Jorge Andrade Silva
Jorge Andrade Silva QED...Vivemos tempo paradoxais. Todo o mundo opina, mas pouca gente pensa.
3 · 2 hrs
Remove
Maria Do Carmo Faria
Maria Do Carmo Faria Obrigada António por uma clara e incisiva lição de história...
Posso partilhar (com os devidos créditos)?
Um abraço
1 · 2 hrs
Remove
António Cabrita
António Cabrita Claro, beijo
1 · 2 hrs
Remove
Julieta Duarte
Julieta Duarte sem desmerecer tudo o que a Revolução Cubana trouxe de bom a um povo quase escravizado, também concordo com muitas verdades fornecidas pelo Cabrita, nomeadamente no que se refere ao Che e aos cooperantes cubanos em Moçambique, assim como aos estudantes moçambicanos em Cuba, muitos dos quais foram impedidos de tomar decisões importantíssimas sobre a sua vida pessoal.
1 · 2 hrs
Remove
Neves Cabrita Ferrao Joke Terpstra
Neves Cabrita Ferrao Joke Terpstra Chavalo grande porrada no galego. Gosto abraços
1 · 1 hr
Remove
Isabel Duarte
Isabel Duarte Nem o embargo americano foi um álibi, foi um facto histórico incontornável, nem o Fidel foi um ídolo com pés de barro, foi um facto histórico incontornável. A diferença entre um e outro é que o segundo vai durar mais tempo do que o primeiro. No resto, tens razão, a qual falece, em todo o caso, pela primeira asserção do meu comentário. E o que muito chateia muitos é que o segundo facto histórico incontornável, ainda por cima, é poético.
2 · 1 hr
Remove
António Cabrita
António Cabrita Isabel, eu vivo num país de matriz "socialista" (dizem) e sei na pele como o sistema se socorre de tudo o que seja a "mão externa" para justificar a sua inércia brutal e o status quo, pois "cá dentro" é o paraíso na terra...,. a pressão é evidentem ente muito forte tal como a vontade de nada mudar e não é só por não se poder...
Remove
Isabel Duarte
Isabel Duarte Eu vivo num país muito parecido, António. É capitalista, lembras-te?
Remove
António Cabrita
António Cabrita Isabel Duarte é verdade, mas n
Remove
António Cabrita
António Cabrita ao à mesma escala, e esta pequena diferença é tudo
Remove
Isabel Duarte
Isabel Duarte Precisávamos de estar a falar frente a frente, para falarmos de coisa tão séria, mas tão séria, como o homem que um dia fez frente a um potentado que eu desprezo e tu também, e morreu hoje.
2 · 1 hr
Remove
António Cabrita
António Cabrita Isabel Duarte esse homem eu admiro, não o seu póstumo. mas tens razão, isto é demasiado sério para ser um bordado de fb
1 · 1 hr
Remove
Maria Do Carmo Faria
Maria Do Carmo Faria A agilidade mental de uma jurista... Isabel Duarte...
2 · 1 hr
Remove
Isabel Duarte
Isabel Duarte Obrigada pela ironia. Sei que partilhou o post principal. Esta coisa do livro das caras é uma lição.
1 · 1 hr
Remove
Joaquim Guerreiro
Joaquim Guerreiro Obrigado Cabrita pela tua fluente análise crítica de Fidel e da Revolução cubana. Se o teu escrito fosse em forma poesia seria menos acutilante mas menos efémero. Escreveste o que eu gostaria de ter escrito mas faltou-me a tua coragem e f`luência . Sabemos que em Revoluções e na Luta Armada as batalhas são mais complexas e menos lineares do que podemos imaginar, o que pode justificar alguns exageros e atentatodos contra a vida. a liberdade e a dignidade humana. Mas há realmente atos inaceitáveis sobretudo quando protagonizados por quem pretende construir um mundo novo...
1 · 1 hr
Remove
Joao Noronha
Joao Noronha Coisas com valor

Dou valor ao sacrifício por algo em que se acredita.

Dou valor a honestidade e à coragem de lutar contra tudo e contra todos.
Dou valor a ser um bastião que resiste a pressao quase incontrolavel de uma potencia esmagadora e que esmagou quase todas as formas de governação que não serviam os seus interesses.

Dou valor ao gesto, quando o mundo se esquece do Haiti e outros se montam nos seus barcos para garantir saúde a um povo que parece amaldiçoado há décadas
Dou valor à coragem de tratar e garantir a não proliferacao do Ebola, quando o mundo só fala dela com pavor e alguns médicos decidem ir cuidar dos enfermos.
Dou valor à criação de escolas de saúde publica que são referencia em todo o mundo e que criam uma nova raça de médicos comprometidos com as comunidades e vivendo com elas.

Dou valor ao professor que me ajudou a crescer, controlado ou nao por alguem que na sombra quer saber o que ele esta a fazer.
Dou valor ao médico que me tratou dos dentes quando tinha oito anos e de quem ainda me lembro do sorriso.
Dou valor a todas estas coisas que a humanidade foi perdendo e que poucos ainda tem a coragem de abraçar.

Não dou valor ao silencio e a outras formas de opressão.
Mas isso não me impede de dar valor a tudo o que sinto que tem valor.
Não dou valor à tortura mas dou valor a alguém que tem a coragem de morrer lutando por criar sociedades mais Justas.

Há coisas que só se percebem fazendo, que só se vivem vivendo, ou só se valorizam quando alguém tem a coragem de se levantar e lutar por elas e lhe temos admiração.
Remove
António Cabrita
António Cabrita tens razão joão, devemos dar valor a tudo o que tem justamente valor... o que não nos impede de discernir entre o que tem valor e a sua sombra patológica... quanto ao último ponto, não o entendo porque não padeço de inérciahttps://caliban.pt/sobras-do-som-e-da-f%C3%BAria-1...
Como os tempos estão tristes e, simultaneamente, descortino na melancolia um dos pecados mortais, um daqueles que mais combato em mim…
caliban.pt|By antonio cabrita
Remove
Esmeralda Bonet
Esmeralda Bonet (Y)
Remove
António Cabrita
António Cabrita PONTO DE ORDEM À MESA
1. Vamos lá ver se não confundimos os alhos com os bugalhos. O facto de eu ser contra aquilo em que o Fidel se tornou não invalida que haja alguma substância muito válida na "ideia comunista" que era (é) justa e séria, mais do que
os seus intérpretes... e lamento dizer que o Marx está actualíssimo... e que isso afinal quer dizer que os seus seguidores não souberam tornar o mundo melhor e mais justo... Mas haver muitos equívocos à esquerda não invalida que os crimes na direita não tenham sido na mesma medida extensivos e intoleráveis...
2. Uma coisa era o Fidel que conquistou o poder, outro o que o fez tudo, contra todos (mesmo os que alinharam com ele, como os intelectuais que se tornaram dissidentes) para manter o poder. Um é digno de admiração, o outro digno de repúdio. A incapacidade de separarmos as coisas é que é preocupante. A Esquerda evidentemente necessita de modelos e de referências, mas porque raio têm de ser sempre as piores? Há um vexatório discurso de impotência à esquerda quando não se consegue dar como bons exemplos senão uns controversos líderes que só enodoaram o pano. Há muita gente fantástica, séria e necessária para se reivindicar - o que é preciso é retirar a política de esquerda aos seus secretários... basta da merda dos secretários... Há que reinventar tudo e não ter receio de dizer que há princípios IRRENUNCIÀVEIS na Esquerda, não é é obrigatório que tenhamos de carregar com os coveiros, a ganga e o lixo de uma História nem sempre consentânea com os ideais...
Remove
Sebastiao Conceiçao
Sebastiao Conceiçao Ummmmmmm! Cada um vê no outro o que lhe interessa. Cabrita é o exemplo. Eu não conheço cuba, mas do que oiço sobre o regime de El Comandante, há mais boas coisas se comparadas com as más. O mundo está sem moral, perdendo uma série de valores. Os poucos Estados que mantiveram por muito tempo, seus Governos usaram métodos de gestão bastante coercivos. Consta-me que ninguém comia lixo em Cuba!

Sem comentários: