Há 42 anos, Fidel Castro previu que Estados Unidos e Cuba só
voltariam a conversar quando um negro chegasse à presidência americana e
um Papa fosse latino-americano. Dito e feito.
Quarenta anos depois, as palavras de Fidel Castro confirmaram-se e quem as recorda é o jornalista argentino Pedro Jorge Solans, depois de um taxista chamado Eduardo de la Torre lhe ter lembrado esse momento. Na altura, Fidel Castro era primeiro-ministro em Cuba há catorze anos. E se alguns se riram nas previsões do líder cubano, outros pensaram que poderia existir algo premonitório naquelas palavras.
E se Fidel Castro traiu Che Guevara?
É a teoria do livro "Che Guevara. Valho mais morto que vivo", de
Alberto Müller. O jornalista cubano diz que Fidel enviou Che numa missão
suicida para a Bolívia, e que não o resgatou por opção.
A investigação de Müller revela que Ernesto Che Guevara terá escrito a frase “sem contacto com Manila” várias vezes nos seus famosos diários, que significaria o afastamento de Cuba. Para o escritor isso sugere e anuncia o “abandono”. O livro revela também que haveria uma unidade de guerrilheiros que estariam prontos para seguir para a Bolívia para resgatar Che. “Fidel nunca autorizou o resgate”, diz ao ABC Müller, à margem da Feira Internacional do Livro em Buenos Aires.
El periodista cubano Alberto Müller presentó en la FIL Buenos Aires el libro "Che Guevara. Valgo más vivo que muer… http://t.co/XejZqeA9F6Para o autor do livro, Che Guevara transformou-se numa “pedra no sapato” para o governo cubano, principalmente pelas afrontas e críticas ao Kremlin, a quem acusava de ser “cúmplice da exploração imperial” dos Estados Unidos. “[Che Guevara] morreu de uma forma lamentável. Sem medicamentos para a asma, sem botas, sem água, sem comida e sem aliados”, diz Müller.
— Fernanda Rivas (@FerDrivas) April 28, 2015
O escritor garante ainda que Che Guevara queria voltar a casa, para libertar a sua Argentina. Mais: Müller diz que o recuo dos cubanos no Congo, assim como o envio de Che Guevara para a Bolívia, naquilo que assegura ser um “suicídio”, atestam a teoria de afastamento e traição.
O autor do livro não se escusa a entrar em polémicas, pois afiança que, se estivesse vivo, Che “estaria mais perto da Madre Teresa de Calculá do que de Fidel” e que o argentino não gostaria nada do rumo tomado por Cuba. Para este escritor, a História ficará encarregue de separar as águas: “a revolução de Che e a de Fidel”. Para ele, Guevara era “mais puro”, era alguém que “deu a sua vida por um ideal” e que morreu “com uma moral intocável”.