sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Morreu o histórico líder cubano Fidel Castro

Morreu Fidel Castro, histórico líder cubano

Em atualização176
3
Fidel Castro morreu esta sexta-feira, aos 90 anos, anunciou o seu irmão, o presidente Raúl Castro, na televisão estatal cubana. O corpo deverá ser cremado este sábado.
Fidel Castro estava afastado do poder desde 2006
ADALBERTO ROQUE/AFP/Getty Images
Fidel Castro, o histórico líder cubano, morreu esta sexta-feira à noite aos 90 anos, em Havana. O anúncio foi feito pelo irmão, Raúl Castro, presidente de Cuba, em direto na televisão estatal.
“É com profunda dor que informo que o comandante-chefe da revolução cubana morreu esta noite às 22h29 [3h29, hora de Lisboa]”, afirmou Raúl Castro, que sucedeu a Fidel no poder em 2006, sem divulgar porém mais pormenores. “Os seus restos serão cremados durante a manhã de sábado de acordo com o seu pedido.”
Raúl acrescentou que os pormenores relativos às homenagens póstumas serão divulgados em breve, terminando o curto comunicado com “Hasta la victoria, siempre”, a frase que se tornou num símbolo da revolução cubana.
As primeiras reações à morte do ex-presidente e primeiro-ministro já começaram a inundar a internet. Enrique Peña Nieto, presidente mexicano, lamentou na sua conta do Twitter a morte de Fidel, “líder da revolução cubana” e “figura emblemática do século XX”. Para o presidente, “Fidel foi amigo do México, promotor de uma relação bilateral baseada no respeito, no diálogo e na solidariedade”.
Nicólas Maduro, presidente da Venezuela, também reagiu através do Twitter. “No dia em que se assinalam os 60 anos da partida do Granma do México, parte Fidel”, escreveu, terminando com a frase “Hasta la victoria, siempre”. Rafael Correa, presidente do Equador, considerou que morreu um “dos grandes”. “Viva Cuba! Viva a América Latina!”
Imran Khan, líder do partido paquistanês Tehreek-e-Insaf, escreveu também no Twitter que “hoje o mundo perdeu um líder revolucionário e icónico, Fidel Castro, que libertou a sua nação de todos os vestígios do imperialismo”. “Castro reafirmou a dignidade e valor-próprio da nação cubana, que resistiu à agressão norte-americana e se tornou num líder global na luta contra o colonialismo”, escreveu ainda, acrescentando que o Paquistão nunca esquecerá a ajuda prestada por Cuba depois do terramoto de 2005.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, lamentou a morte de um “grande amigo” da Índia. “Fidel Castro foi uma das figuras mais icónicas do século XX.”
Apesar das mensagens de condolências, há quem veja na data motivos de comemoração. Em Little Havana, o bairro de Miami que serve de casa a inúmeros imigrantes cubanos, as ruas tornaram-se um local de festa. As imagens transmitidas pela MSNBC mostram uma mulher vestida com uma camisa com a frase “Tu dia llegou” (“O teu dia chegou”), que guardou durante 20 anos à espera que Fidel morresse.
O anúncio da morte de Fidel Castro era há muito esperado devido aos problemas de saúde de Fidel, que o obrigaram a afastar-se do poder cedendo o lugar ao irmão. Apesar de não se saber ao certo que doença o líder histórico tinha, eram muitos os que especulavam que tivesse Diverticulite, que afeta o intestino grosso.
Nos últimos anos, as aparições em público eram cada vez mais raras. O último discurso data de abril, por altura do congresso do Partido Comunista cubano. Na altura, admitiu que nunca pensou que chegaria aos 90 anos e o que o seu fim estava próximo, frisando a importância dos ideias comunistas, ainda hoje válidos.
“O fim chega para todos mas as ideias dos comunistas cubanos irão sobreviver como prova de que se trabalharmos com fervor e dignidade, podemos produzir o material e os bens culturais de que os seres humanos precisam. E precisamos de lutar sem tréguas para os obter”, disse durante a cerimónia de encerramento do congresso, acrescentando ainda que “o povo cubano será vitorioso”, disse ainda.
Em agosto, quando completou 90 anos, esteve no teatro Karl Marx, em Havana, onde foi aplaudido pelas cerca de cinco mil pessoas que gritaram “Fidel, Fidel, Fidel”. Na audiência estava o presidente venezuelano Nicolás Maduro. “Uma vida de dignidade e vitórias, para sempre unidos a Bolívar, Martí e Chávez, em Revolução”, escreveu Maduro na sua conta oficial de Twitter, em língua portuguesa.
Há menos de um mês, Marcelo Rebelo de Sousa visitou Cuba e teve um encontro com Fidel em que teve a oportunidade de “colocar questões e ouvir a experiência” do líder histórico cubano, que “acompanha tudo o que se passa no dia-a-dia”, disse na altura aos jornalistas. Segundo o Presidente da República portuguesa, Fidel é “também é uma pessoa bem-disposta“, e por isso os dois aparecem sorridentes na fotografia do encontro que foi divulgada.

“Sou um marxista-leninista e sê-lo-ei até ao fim dos meus dias”

Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu a 13 de agosto de 1926. O seu pai, Ángel Castro y Argiz, era um imigrante espanhol em Cuba, que tinha feito fortuna com a plantação de cana de açúcar numa quinta em Birán.
Foi durante os tempos de estudante, na Universidade de Havana (onde estudou Direito), que Fidel começou em interessar-se por política. Envolveu-se nos movimentos estudantis e tentou candidatar-se a presidente da Federação dos Estudantes Universitários. Crítico da presidência de Ramón Grau, chegou mesmo a dar vários discursos públicos que fizeram manchete nos jornais.
Depois de participar na revolução contra os governos de direita na República Dominicana e Colômbia, começou a planear a queda do então presidente cubano Fulgencio Batista. Depois de uma tentativa falhada e de um ano na prisão, mudou-se para o México onde formou um grupo de revolucionários com o seu irmão, Raúl Castro, e Che Guevara. Regressou a Cuba em novembro de 1956, desempenhando um papel de destaque na revolução cubana.
Depois da queda de Batista, em 1959, tornou-se primeiro-ministro. Ocupou o cargo até 1976, altura em que se tornou Presidente. Marxista-leninista até à morte, foi secretario-geral do Partido Comunista Cubano de 1961 a 2011.
Partilhe
Comente
3Comente e partilhe as suas ideias
Sugira
Proponha uma correção, sugira uma pista: socoelho@observador.pt
Bíblia

Traduções há muitas…

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Esta nova tradução da Bíblia de modo nenhum é a última e definitiva versão: não é “a” tradução, mas mais uma, a juntar a muitas outras, piores e melhores, anteriores e posteriores.

Sem comentários: