domingo, 9 de novembro de 2014

Haverá uma seleção do Kosovo nas Olimpíadas do Rio de Janeiro? - Notícias - Internacional - Voz da Rússia

Kosovo, Olimpíadas, Rio de Janeiro

A seleção olímpica do Kosovo poderá participar já nos próximos Jogos Olímpicos. Na quinta-feira o ex-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, declarou à agência russa R-Sport que “o reconhecimento do Kosovo pelo COI corresponde plenamente às exigências da Carta Olímpica”.

Recordemos que em outubro o COI aceitou esse Estado não reconhecido como membro provisório e que a decisão final será tomada em dezembro em sessão da Assembleia-Geral do COI, no Mônaco.
Anteriormente o COI tinha explicado que a decisão sobre o Kosovo era tomada “no interesse dos esportistas locais, para os liberar da indefinição”. Entretanto, os protestos da Sérvia, a qual não reconhece a independência dessa sua província meridional, não foram tidos em consideração. O analista político russo Yuri Svetov considera que estão patentes os famigerados “duplos critérios”:
“O COI tem um argumento bastante astucioso: eles dizem que querem abranger todo o mundo com o movimento olímpico, todos os países. Esse princípio também se aplica ao Kosovo. Mas se falarmos da Abecásia, ou da Ossétia do Sul, eles se comportam de forma completamente diferente. O problema poderia se ter resolvido dando, por exemplo, aos territórios não reconhecidos, ou reconhecidos parcialmente, a oportunidade de participarem nas Olimpíadas sob a bandeira do COI. Na história houve precedentes desse tipo como, por exemplo, em 1992 quando se deu o desmembramento da Iugoslávia. Mas os funcionários do COI não irão aceitá-lo porque eles se comportam de acordo com as posições dos governos dos países que representam.”
Não podemos igualmente esquecer a componente da corrupção, recordemos pelo menos o fato de Salt Lake City ter obtido o direito a realizar a festa do esporte não tanto graças a uma infraestrutura desenvolvida, quanto à custa da entrega de subornos e ofertas a membros do COI. Yuri Svetov está convencido que a decisão sobre a admissão da autoproclamada república no COI irá sempre “passar”, porque existe um lóbi pró-Kosovo muito forte:
“O Kosovo é um projeto criado com objetivos estratégicos importantes. Recordemos que lá se encontra uma das bases mais importantes da OTAN na Europa e que o Kosovo é famoso como centro de trânsito do narcotráfico, por fim, não esqueçamos as informações sobre os transplantes ilegais de órgãos, os quais podem envolver líderes locais. Está lá acumulado muito dinheiro.”
A ausência de reconhecimento do Kosovo por parte da ONU, cujas portas estão fechadas graças às posições da Rússia e da China, é largamente compensada pela participação de múltiplas estruturas desde o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) até à Federação Europeia de Handebol. O COI aqui não estará a mais, refere o perito russo:
“Está decorrendo um processo que se destina a que todos se habituem que o Kosovo é um membro de pleno direito da comunidade internacional. Mas, sejamos honestos, a Sérvia nem sempre se comporta de forma consequente ao defender seus próprios interesses: desejando se tornar membro da União Europeia, ela dá periodicamente determinados passos que a fazem concordar na prática que o Kosovo é um Estado independente.”
Realmente, os “acordos de Bruxelas” entre Belgrado e Pristina pressupõem que ambas as partes não impedem uma à outra a entrada em organizações internacionais. Contudo, na história da “luta olímpica” pelo Kosovo ainda existe o aspeto ético.
A abertura dos Jogos Olímpicos de Londres deveria ter sido precedida por um minuto de silêncio em memória dos 11 membros da seleção israelense, mortos 30 anos antes por terroristas palestinos. Contudo, no último momento o minuto de silêncio foi cancelado, o que suscitou o agradecimento do chefe do Comitê Olímpico Palestino. O representante palestino recorreu à famosa máxima, mil vezes desacreditada, de Pierre de Coubertin: “Oh! Esporte, tu és Paz!”.
Mas a paz não é obtida com amnésia, mas exclusivamente por catarse. Por isso, ao admitir o Kosovo nas suas fileiras terão de ser mais consequentes: iniciar, por exemplo, a Olimpíada no Rio de Janeiro com um minuto de silêncio em memória das centenas de vítimas da organização terrorista Exército de Libertação do Kosovo. Pois, segundo disse o presidente da Associação de Handebol da Sérvia, Velimir Marjanovic, “o Kosovo não nos foi tirado no COI, nem em olimpíadas de xadrez ou num campo de handebol, mas através de violência jurídica e física…”.

Sem comentários: