Luanda - Vozes de mau agoiro têm insinuado, nos últimos dias, que o País pode vir a ser palco de um “Coup d’État” protagonizado por oficiais superiores das Forças Armadas Angolanas (FAA) devido a campanha do Presidente da República contra a corrupção e os seus agentes. Tais vozes sugerem que João Lourenço deve observar alguma cautela na referida campanha. Ora bem, vamos por partes. Primeiro, vozes agoirentas não chegam (nunca chegaram) ao céu; segundo, quando se recomenda cautela, é preciso nunca esquecer o caldo de galinha, pois este não faz mal ninguém, sobretudo aqueles que, agora proscritos do Palácio Presidencial, sentem dor de cotovelo político.
Fonte: Club-k.net
As sobreditas vozes são (digo eu) espasmos moribundos dos “marimbondos” excluídos da nova “mesa dos arcanjos” e que estão politicamente em pânico, pois o seu voo e zunido em direcção ao “pote de mel” (entenda-se, erário) já não têm a mesma força de outrora. Os “marimbondos” que auguram um “Golpe de Estado” em Angola já não têm, convenhamos, poder efectivo como no tempo em que imperava o conceito político abstracto de “Ordens Superiores”.

Tais “marimbondos”, enquanto “apparatchiks” do então Presidente da República, humilharam (alguns querem continuar) muitos cidadãos, destruíram a vida de muitos jovens, inviabilizando os seus sonhos e projectos; abdicaram da lealdade das pessoas em troca de uma arrogância arrogantemente arrogante.

Os “marimbondos” em causa têm de perceber, de uma vez por todas, que o País virou as costas ao “ancie règime” e que já não há mais angolanos dispostos a morrer pelos acólitos do ex-Presidente da República, que, quanto a mim, foi, em muitos casos induzido em erro pelos seus mais directos colaboradores. Resultado: o capital político acumulado ao longo dos anos escapou-se-lhe, qual areia, por entre os dedos da sua própria mão.

Adiante: Olhando para o nosso cenário político actual, não creio que existam condições objectivas ou subjectivas para que um “Golpe de Estado” seja materializado, pois um “Putsch” neste momento em Angola teria consequências mais dantescas que as do “27 de Maio de 1977”, de que também sou vítima.

Pessoalmente, não faço muita fé na existência de condições para ocorrência de um Golpe de Estado em Angola. Um Golpe de Estado teria de contar, necessariamente, com o concurso das polícias, serviços de segurança e de um núcleo duro de generais do exército. E para tal, teriam de ter razões políticas muito fortes para participar de uma empresa desta natureza.

Os únicos que poderiam dar corpo à ideia de um Golpe de Estado no nosso País são os “marimbondos”. São eles que fizeram com que, a par da guerra, milhares de angolanos sobrevivessem e não vivessem de forma condigna; que privaram os angolanos de escolas, habitações e hospitais condignas.
Se digo alguma inverdade, que se levante o primeiro e (não) indique o nome de um “marimbondo” que ainda se arrogue ao Direito de continuar a abusar da paciência deste generoso povo: o angolano!
07.12.2018
Jorge Eurico