As notícias chegam tarde, sempre muito tarde, ao jornal da Angola do MPLA. As análises éticas e cientificas desaguam sempre para os leitores depois de já terem barbas as análises efectuadas por outros jornalistas a sério, aqueles que têm independência económica e intelectual para opinar sem dependerem dos que pensam ser os donos das mentalidades e das vontades dos cidadãos do país. Estes mudam de ideologia de acordo com as suas conveniências e as contas bancárias pessoais.
Por Domingos Kambunji
Já é demasiado velha a anedota acerca do “cientista” que pretendeu estudar o aparelho auditivo do gafanhoto. Este “cientista” poderia ser do MPLA ou de outro partido político, de Angola ou de outro país, que muda de ideologia de acordo com o estado do tempo ou da “estiagem”, como diz o “famoso cientista oxigénologo” Louvalozedu.
O “cientista” arrancou uma pata do gafanhoto e disse-lhe para saltar. O gafanhoto saltou. Depois foi arrancando as outras patas e o gafanhoto continuou a saltar… Quando arrancou a última pata o “cientista” deu uma “ordem superior” ao gafanhoto para saltar e o gafanhoto não conseguiu saltar. O “cientista” concluiu que os gafanhotos sem patas são surdos.
Na Re(i)pública da Angola do MPLA verifica-se uma “exeperimentação” bastante semelhante. O desgoverno do país fez uma experiência para tentar verificar a resistência de muitos angolanos, com especial ênfase no Bié e em outras províncias do Sul do país. Reduziu o volume de alimentação desses cidadãos. Eles, mal, continuavam a viver. Depois cortou totalmente os alimentos. Esses angolanos sobreviveram durante algum tempo mas acabaram por morrer.
O governo da Re(i)pública da Angola do MPLA concluiu que os angolanos sem comida não conseguem resistir à “estiagem” e desaparecem da lista dos desempregados devido “à crise económica internacional, à UNITA, ao Savimbi, à guerra civil (iniciada pelo MPLA), ao colonialismo, ao imperialismo internacional, ao capitalismo burguês, à corrupção liderada pelo José Eduardo dos Santos…”
… Quando tomar posse o próximo presidente da Re(i)pública da Angola do MPLA, o jornal da Angola do MPLA irá anunciar que a culpa por essas pessoas desaparecem devido à subnutrição (é proibido, por “ordem superior”, dizer que morrem de fome), para além das causas já anunciadas anteriormente, também é do João Lourenço, por incumprimento das promessas eleitorais.
O Caetano Júnior veio à sanzala analisar a experiência sobre manipulação genética de humanos na China, depois de já terem ganho bolor as análises deste tipo efectuadas por órgãos de comunicação social de outros países, adultos e sérios, independentes da mama do Estado. Até parece, nessa digestão do Caetano, que a manipulação genética e a clonagem em geral são objectos de investigação científica recente, o que não é verdade. Também é uma realidade que o jornal da Angola do MPLA tem sido um familiar directo das inverdades e ambiguidades nos últimos decénios e, por isso, não há qualquer espanto da nossa parte ao verificar que chega sempre tarde na actualização do conhecimento científico e social.
A clonagem de seres vivos já se efectua há muitos séculos na agricultura. A clonagem de embriões animais, nos primeiros estados de desenvolvimento, já se efectua desde os tempos do “kaprandanda”. Ainda eramos crianças quando tivemos conhecimento dessas experiências bem sucedidas na produção animal. A clonagem de animais já se efectua há muitas décadas, na investigação científica em diversas universidades que não têm o nome de ditadores africanos, como é infelizmente o caso angolano. A clonagem de mamíferos, como é o caso da ovelha Dolly, é mais recente mas também já faz parte da história há mais de duas décadas.
A investigação científica diz-nos que a clonagem de mamíferos adultos e em avançada idade facilita um envelhecimento precoce dos descendentes.
É isso que acontece na Re(i)pública da Angola do MPLA. A clonagem de presidentes do partido e outros mamíferos do MPLA já vem acontecendo há quatro décadas e tem promovido um envelhecimento precoce das mentalidades, culturalmente habituadas a idolatrar e obedecer fanaticamente ao presidente. Este vício já se vem prolongando há demasiado tempo para que se possa desenvolver um pensamento crítico adulto, inteligente, coerente e construtivo.
A clonagem de jornalistas nos órgãos oficiais de propaganda e informação, obedecendo às ordens superiores do MPLA, também já está muito velha e desdentada. Foi essa clonagem do servilismo que permitiu a promoção do João Melo a Ministro da Propaganda e Educação Patriótica.
Só assim se compreende porque o assassino Agostinho Neto é considerado herói nacional, o José Eduardo dos Santos foi propagandeado como o arquitecto da paz (podre) e João Lourenço, que enricou no tempo do Zédu, o deus salvador da Pátria.
Este ecossistema parasitário faz-nos recordar um poema do nosso velho amigo António Monginho em que ele diz: “os jovens do meu tempo já morreram quase todos mas a grande maioria ainda não sabe disso”!
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