sábado, 22 de dezembro de 2018

Curdos sírios pedem a França que substituam os EUA

Se a situação se descontrolar, os curdos podem não conseguir manter em cativeiro os guerrilheiros do Daesh que hoje têm em seu território, avisam.

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Militantes do Daesh em parada na província de Raqqa, na Síria, em 2014 REUTERS
As forças curdas no norte da Síria podem não conseguir controlar os prisioneiros do Daesh que mantêm em cativeiro se a situação na região ficar fora do seu controlo, após a retirada norte-americana, afirmou na sexta-feira Ilham Ahmed, co-presidente do Conselho Democrático da Síria.
Ao lado de Ahmed, numa conferência de imprensa em Paris, Riad Darar, o outro co-presidente do braço político das Forças Democráticas da Síria (SDF) – que governam efectivamente o Norte da Síria, etnicamente curdo – afirmou esperar que França passe a desempenhar um papel mais activo na Síria depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter decidido retirar as forças norte-americanas que têm apoiado o combate ao Daesh naquele país.
“Sob a ameaça do Estado turco, e com a possibilidade de o Daesh se reerguer novamente, receio que a situação se descontrole e que não os consigamos conter”, disse Ahmed, quando questionada sobre se o SDF estava a considerar a possibilidade de libertar as centenas de guerrilheiros do Daesh que tem à sua guarda. O que tem implícita a ameaça de ataques terroristas na Europa, sobretudo em França, que tem sido especialmente martirizada.
Os dois líderes curdos já se tinham reunido com conselheiros do Presidente francês Emmanuel Macron para discutir a decisão de Trump de ordenar a retirada total das tropas norte-americanas, que tomou os aliados dos EUA de surpresa. 
A França tem cerca de 200 militares das forças especiais que operam nas áreas curdas da Síria, bem como artilharia pesada, enviados como parte dos esforços para derrotar os últimos focos isolados do Daesh. Estão também a ser feitos ataques aéreos.
“Não compartilhamos as análises de que o califado do Daesh foi aniquilado em termos territoriais”, disse a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, na rádio RTL, em desacordo com a avaliação de Trump.
“É uma decisão extremamente grave e achamos que o trabalho deve ser concluído.”

TÓPICOS
  1. Manuel Caetano
      Faro 
    No contexto da anunciada retirada das tropas dos EUA da Síria os curdos pediram hoje à França para criar uma zona de exclusão aérea no norte da Síria. Vai ser interessante (e muito educativo) ver que resposta dará Macron a este pedido dos curdos. Depois de traídos miseravelmente pelos "americanos" os curdos arriscam-se a uma nova desilusão com os franceses. Os líderes curdos vão ter muito que explicar ao seu povo.
    1. Luís Miguel
        terra alheia 
      E quais seriam os meios aéreos excluídos, na sua perspetiva? Os turcos (seria estranho, dado ambos pertencerem à OTAN)? Ou os russos e sírios (aí duvido que a França tenha capacidade e autoridade para excluir seja o que for)? Que lhe parece?
    2. Joao
        Portugal 
      Devo dizer que a intervenção francesa na Síria tem algum, senão mesmo suficiente apoio da população francesa. As relações com os curdos são antigas, a relação com a síria é histórica, e há alargada simpatia pelos curdos. Que aliás é normal dada a histórica tragédia curda de há séculos. Quando foi da invasão turca de Afrin o Macron enviou mais militares (já lá havia, aliás acho que sempre houve desde há dezenas de anos) e os franceses na sua generalidade acharam bem (será uma generalização minha sem muito erro devido à amostra dos meus amigos franceses).
    3. Joao
        Portugal 
      O sinistro é que não só os franceses não se entrepuseram entre os turcos e os curdos como o Macron deu a entender, como passados alguns dias, creio que duas ou três semanas, víamos os franceses bem no sul quase junto ao Iraque a ajudar os curdos a segurarem os poços de petróleo na margem esquerda do Eufrates… Em resumo, quer os franceses, quer os americanos, quer as chefias curdas estão mais interessados nas regiões petrolíferas, que são/eram árabes e estão longe centenas de kms da última aldeia curda, do que em defenderem as povoações de maioria curda dos ataques turcos.
    4. Joao
        Portugal 
      Bom, mas tudo isto é um pouco para entreter. Acho eu. Não acredito que os americanos desocupem a Síria. Pela simples razão que mesmo os curdos, que estão superiormente armados e organizados pois recebem milhares de toneladas de armamento americano e a mobilização da população é quase total, resistiriam a algum confronto claro e aberto. Mesmo com algum apoio aéreo americano, inglês ou francês. Não, os americanos vão lá continuar enquanto chuparem o petróleo e o gás. Já ferraram o dente e é impossível fazê-los largar a presa.
  2. Luís Miguel
      terra alheia 
    A confirmar-se a saída dos E.U.A. da Síria, abrem-se aos curdos duas possibilidades principais: ou se reconciliam com o governo ou reedita-se o sucedido em Afrine, com uma invasão turca do nordeste da Síria. No primeiro cenário, as forças governamentais poderiam ocupar as bases abandonadas pelos americanos, a fronteira com a Turquia e o Iraque, os campos petrolíferos e de gás e todo o território controlado pelos curdos a oeste do Eufrates, assim como a totalidade das cidades de Hasakah e Qamichli, deixando para as forças curdas o controlo do restante que estas atualmente ocupam, território vasto que exige meios humanos de que o exército sírio não dispõe; no segundo cenário, assistir-se-ia a um ressurgimento do daexe e ao provável colapso das forças curdas, com o consequente caos na região.
    1. Luís Miguel
        terra alheia 
      Não é de excluir que até os turcos prefiram a primeira opção. Neste contexto, noticia-se que uma delegação curda se deslocou ontem à noite de helicóptero de Qamichli para Damasco, para conversações classificadas «de alto nível». Entretanto, para o que der e vier, as Tiger Forces (Qawat an-Nimr) foram reposicionadas hoje na margem direita do Eufrates, a jusante de Deir ez-Zor, provenientes da região de Hama. É evidente que a intenção é evitar o ressurgimento do daexe, no caso de as forças curdas colapsarem face a um ataque conjugado de turcos e daexe. Aliás, o daexe já iniciou um contrataque em Hajine, cidade do vale do Eufrates que lhe foi parcialmente conquistada, há dias, pelos curdos. Veremos o que decidem os franceses, mas não será com 200 efetivos que poderão fazer grande coisa.
  3. Antonio Batista
      
    Ainda bem que estão lá os russos, caso contrario os protegidos de satanás estariam de volta em menos de 3 meses.


Posted by Moçambique à(s)

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