domingo, 18 de novembro de 2018

SIMO: O Canalha que nunca deveria ter nascido!

Sexta-feira, 16 de Novembro de 2018, ficará marcado na história de Moçambique como o dia da apresentação formal da SIMO (Sociedade Interbancária de Moçambique) aos Moçambicanos. Quem não a conhecia, passou a conhecer. O que falta agora é todos perceberem de onde vem a SIMO.
A SIMO é uma entidade criada para gerir a Rede Única Nacional de Pagamentos, gerindo os serviços relacionados com Caixas Automáticas (ATMs) e Point of Sale Machines (POSs), Operações com Cartões, Mibile Banking e Carteiras Móveis. Um dos pressupostos fundamentais para a criação da SIMO, há mais de dez anos, era a redução dos custos de transação bancárias e consequentemente promover a expansão e inclusão dos serviços financeiros. Entretanto o modelo concebido para materializar este pressuposto provou ser um desastre desde o início. Se não vejamos:
0. A SIMO é criada num modelo em que o Banco de Moçambique (BM) entra como acionista maioritário (51%) os bancos comerciais distribuíam entre si os restantes 49%. O regulador passa a sócio dos regulados 🙈. A distribuição das ações pelos bancos comerciais foi tal que benefíciou aos grandes Bancos.
0. A implementação da SIMO centrava-se no desenvolvimento de um sistema de pagamentos de raiz, obrigando assim que todos os bancos e a interbancos (Ponto 24), desactivassem os seus sistemas e deitassem por terra todas inovações feitas até a data. Para implementar está ideia macabra, contratou-se a SIBS de Portugal. Como esperado, a implementação do sistema de raiz fracassou por várias razões previsíveis por qualquer amador de gestão e consequentemente a SIMO perdeu milhões de dólares no processo. A PGR ou o Tribunal Administrativo deveriam interessar-se por isto.
0. Fracassada a implementação da rede de raiz, o BM regulador e acionaista maioritario da SIMO impõe que a Interbancos deveria vender sua infraestrutura, conhecida por Ponto 24, a SIMO. Caso contrário o Ponto 24 deveria deixar de operar. Após várias negociações e cedências, a interbancos vende sua plataforma a SIMO e a rede Ponto 24 passa a fazer parte da infraestrutura chave da SIMO.
0. Consumada a compra dos activos da Interbancos, os compradores não tiveram o cuidado de acautelar os inúmeros riscos relacionados com as dependências relativamente aos fornecedores, principalmente os fornecedores portugueses responsáveis pelo licenciamento e suporte da plataforma principal. Portanto, o processo de transição da gestão, tal como o modelo de negócios todo e a estrutura da gestão do projecto, foi mal concebido e obviamente resultando numa transição desastrosa. O Banco de Moçambique, regulador e acionista maioritário e o mandão nesta estória toda, preocupou-se mais em cumprir com uma agenda política e nao em assegurar que aspectos técnicos e de gestão em relação a Rede Unica estivessem devidamente acautelados. Razão pela qual obrigaram todos os bancos a migrarem seus serviços para a rede SIMO, sub pena de sofrerem penalizações caso nãoo fizessem. A única excepção concedida foi o BIM, devido a incapacidade que a actual infrastructura da SIMO ( herdada da interbancos) tem para suportar o volume de transações e necessidades do BIM. Acordou-se que o BIM faria uma transição gradual, a medida que a SIMO fosse construindo a sua nova Infrastructura. Na verdade a SIMO nao estava e não está preparada para albergar todos os bancos os interesses dos mesmos.
0. Não tendo desenhado um plano de transição realista, mas sim virado para cumprir com agendas políticas e agradar ao Governo, desde o momento em que herdou a infraestrutura da Interbancos a SIMO depara-se com problemas tecnicos, financeiros e de gestão para garantir o normal funcionamento da rede. Quanto à gestão, a SIMO é gerida por indivíduos que pouco entendem do funcionamento e da complexidade de sistemas de pagamentos. Vieram maioritariamente dos escritórios do BM e não da experiência pratica quer de IT ou os negócios relacionados com os serviços que pretendem gerir. Sobre os técnicos, A SIMO não tem capacidade técnica para servir os quase 18 bancos existentes na praça, sendo que ela depende fundamentalmente de 1 a 2 indivíduos chave. A SIMO não consegue dar vazão as varias solicitações dos bancos. Por último no que diz respeito as finanças, quando herdou a infraestrutura, o BM somente considerou prioritário o capital a investir na aquisição e subestimou os custos operacionais ralacionados com licenças das várias aplicações, pelo menos a curto e médio prazo. Aliás, é este último ponto que trás agora ao de cima toda podridão que é a SIMO. Há meses que a SIMO está numa luta intensa com os seus principais fornecedores, porque os mesmos também se aperceberam das fragilidades existentes para estorqui-lá o quanto puderem.
0. Pode-se dizer que o impasse nos valores que se estão a cobrar a SIMO é que nos levaram a este descalabro. Entretanto a verdade é que a SIMO é um canalha que nunca deveria ter nascido. Todos os passos na sua criação deram torto, ao ponto de o BM ter que usar a força par que os Bancos aderissem ao mesmo. Entretanto está claro que os pressupostos para sua criação eram meramente ficção. Prova disso são as avultadas perdas financeiras da SIMO, os sucessivos pedidos de injeção de capital e obviamente o que temos vindo a experimentar desde o dia 16 de Novembro de 2018, o dia em que ficamos a conhecer a SIMO.
E agora, o que fazemos? Só nos resta continuar a gastar mais dinheiro para corrigir o problema que criamos.
Roberto T.
Comentários
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12 h
Makethe Junior Para que serve a Ordem dos Advogados de Mocambique!? Nenhum ordem funciona em Mocambique e nem sei porque os criam!
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12 h
Manuel Carlos Zacarias Aquela gaja Pça do simo fuma o quê mesmo? Fala como se não houvesse prejuízos causados por eles. Sacanagem só!!!
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11 hEditado
Manuel Cardoso Mas que gestão foi esta coisa?
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5 h
Manuel Cardoso Porque andam aos Zig zag's ?para nos enganarem? Gestão danosa?

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