domingo, 18 de novembro de 2018

SIMO e o silêncio de Zandamela.... Por Olívia Massango

SIMO e o silêncio de Zandamela

Não, não e não. Recuso-me a aceitar o silêncio do governador do Banco de Moçambique, enquanto dirigente máximo da instituição com maior número de acções na estrutura accionista da Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO), com 51%. É um silêncio covarde para quem nos habitou a frontalidade, independentemente de elogios ou críticas, ou ainda da dimensão da tempestade.
Passam três dias que o país vive um apagão na infraestrutura de pagamentos electrónicos da rede SIMO causando danos sem precedentes aos moçambicanos que aderiram à tecnologia para movimentar dinheiro. Empresários a somar prejuízos, clientes de bancos forçados a usar seus recursos financeiros à moda antiga e o país numa abrupta marcha atrás.
Um retrocesso com efeitos em cascata considerando as estatísticas das transações financeiras nesta rede. Um cenário sombrio que não comove as mais altas estruturas deste país, quando se belisca a soberania do Estado.
Rogério Zandamela, que seguramente conhece muito bem os contornos deste negócio, assim como tem influência nas decisões tomadas, optou pela mão dura nas negociações com o provedor do sistema, mas não mediu as consequências: o risco de colapso do sistema financeiro. Só agora, há indícios de migração massiva para o único banco que por força da sua grandeza não tinha, ainda, aderido a este sistema. Depois ouvir que não há solução à vista para este problema e possíveis soluções apontarem para médio e longo prazo, escuso-me de pensar no resto…
Não se coloca em dúvida a inteligência e experiência do governador do Banco de Moçambique, de tal forma que era expectável que fosse o próprio a argumentar o porquê de uma negociação que data de Abril deste ano, ter culminado com este apagão no sistema.
A administração da SIMO, a quem coube esclarecer este problema da Nação foi clara em esclarecer que as exigências da empresa provedora do software tinham impacto financeiro e outras punham em causa a soberania do Estado. Olha, quando se belisca a soberania de um Estado no mínimo é ver respostas vindas do topo da estrutura, no caso, do governador do Banco de Moçambique, e por que não do Conselho de Ministro e até mesmo do Presidente da República.
O silêncio sobre os detalhes do contrato entre a SIMO e a Bizfirst, conjugado com a informação à conta-gotas que nos chega, nomeadamente, da cedência de uma das exigências atinente à actuação exclusiva do provedor desde Agosto deste ano, leva-nos a crer que existe muita sujeira por limpar debaixo do tapete.   
O comunicado emitido este domingo pela empresa chantagista, como apelidou a PCA da SIMO requer esclarecimentos urgentes, pois descredibiliza toda comunicação nacional, que agora fica com a fama de mentirosa até nova defesa.
Para já o TPC para a próxima conferência de imprensa: que não seja uma ilustre desconhecida a falar sobre assuntos que põem em causa a soberania do Estado; que se explique por que optamos por esta empresa e aceitamos as condições que hoje nos amarram; que tipo de contrato foi celebrado com a Bizfirst; porquê depois da primeira paralisação em Junho e Julho não tomamos as providências necessárias para evitar o apagão; porquê forçamos os bancos a aderirem a este serviço; que limitações temos em encontrar alternativas seguras…

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