Os eleitores deste arquipélago, colonizado pela França em 1853 e a 18.000 quilómetros de Paris, foram chamados a pronunciar-se sobre se queriam ou não “que a Nova Caledónia aceda à plena soberania e se torne independente”.
Quando estavam contados 128 mil boletins de voto, num total de 175 mil eleitores, o “Não” à independência ganhava por 59,68% dos votos contra 40,32% para o “Sim”. Ainda faltam apurar os resultados da capital, Numeia. As sondagens que antecederam a consulta popular apontavam para uma larga vitória do não, entre 63 a 75%. A participação foi muito elevada, com 80% dos eleitores.
A vitória do “não” vai deixar o território como parte de França, mas está previsto que se aprofunde a sua autonomia, com uma cidadania própria, independência legislativa e a possibilidade de estar em instituições internacionais.
O referendo estava previsto pelo Acordo de Numeia que foi assinado em 1998 e que pretendeu continuar o trabalho de reconciliação entre o povo autóctone Kanak e a população de origem europeia Caldoche, iniciado com os acordos de Paris em 1988. Estes acordos foram alcançados após as violências dos anos 80.
Os partidários da independência, os kanaks, que são os sectores mais pobres da sociedade, podem exigir mais dois referendos nos próximos quatro anos e, devido à sua condição de ex-colónia, mantêm o direito de autodeterminação reconhecido pela ONU.
Os unionistas consideram que a independência levaria a Nova Caledónia a cair sob a influência da China.
No domingo à noite, à margem da contagem dos votos, houve registo de vários carros incendiados.
Esta segunda-feira, o primeiro-ministro, Edouard Philippe, vai reunir-se com as principais forças políticas da Nova Caledónia para analisar os resultados.
“É um imenso orgulho que tenhamos vivido juntos esta etapa histórica”, reagiu o presidente francês, Emmanuel Macron.
“Quero também manifestar o orgulho para o chefe de Estado que a maioria da população da Nova Caldónia tenha escolhido a França”, continuou o presidente, num discurso televisivo, sublinhando que “não há outro caminho a não ser o do diálogo”.
RFI – 04.11.2018
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