terça-feira, 6 de novembro de 2018

Antigo rei da Bélgica tem de fazer teste de ADN para esclarecer paternidade

Alberto II, que abdicou em 2013, foi intimado pelo tribunal para fazer um teste de ADN de forma a esclarecer se é pai de uma artista belga de 50 anos que há cinco anos reclama ser sua filha

O Rei Alberto II da Bélgica, que abdicou em 2013, tem três semanas para fazer chegar a um tribunal belga uma amostra de saliva para seja efetuado um teste de ADN e esclarecer a questão da paternidade de uma artista de 50 anos que reclama ser sua filha. A decisão judicial que obriga o elemento da monarquia, de 84 anos, a colaborar com o tribunal foi tomada após um recurso dos advogados de Delphine Boel, a mulher que há cinco anos luta na justiça para ser reconhecida como sua filha.
Se a paternidade for confirmada, o espólio de Alberto II terá de ser dividido em partes iguais entre esta artista belga e os três filhos do monarca resultado do casamento com a italiana Paola.
Alain Berenboom, porta-voz do rei, que esteve no trono belga durante 20 anos, disse que Alberto estava a recolher elementos sobre a decisão e a avaliar como irá proceder. Alberto negou sempre a reivindicação de paternidade desde que foi divulgada pela primeira vez.
Está a ser um ano difícil para a família real belga. Em março, o príncipe Laurent, filho mais novo de Alberto, alegou que os seus direitos humanos estavam a ser violados depois do governo belga ter decidido cortar o seu orçamento anual. Laurent tinha sido acusado de agir por sua conta a nível diplomático, com o caso principal a ser uma aparição, com uniforme naval completo, numa cerimónia para comemorar o 90º aniversário da fundação do Exército Popular de Libertação da China. Entre as incursões anteriores de Laurent em matérias políticas estavam ainda as suas frequentes visitas à Líbia entre 2008 e 2010, durante uma tentativa de entrar em contacto com um dos filhos de Kadhaffi.

Romance na década de 1960

Alberto é o filho do rei Leopoldo III - que reinava durante o período da II Guerra Mundial tendo sido criticado por Winston Churchill por se render aos nazis e permanecer na Bélgica após a invasão do país - e abdicou em 2013 por motivos de saúde.
No mesmo dia, a mãe de Delphine Boël, a baronesa Sybille de Selys Longchamps, falou publicamente pela primeira vez sobre um alegado caso com o rei numa entrevista televisiva. "Pensei que não poderia ter filhos porque tinha sofrido uma infecção", disse sobre a relação que aponta ter ocorrido de 1966 a 1984. "Não tomamos nenhuma precaução", acrescentou. "Foi um período lindo. Delphine era uma criança amorosa. Alberto não era uma figura paterna, mas ele era muito gentil com ela", disse a baronesa.
Alberto reconheceu que ele e a sua mulher Paola passaram por uma crise conjugal nos anos 1970, mas nunca admitiu ser pai de uma criança nascida de uma relação extraconjugal. Boël reclama reconhecimento oficial do rei há cinco anos.
Alain De Jonge, que está na defesa de Boël no caso, admite que o tribunal não pode forçar o rei a dar uma amostra. "Ninguém no nosso país pode ser forçado a fazê-lo, mas, se ele se recusar, isso pode resultar em desvantagem para Alberto, porque o juiz pode inferir como uma recusa injusta, e em combinação com outros elementos do processo, ser visto como uma suspeita factual de paternidade" disse o advogado.
Outro advogado de Delphine apontou que há muitas provas da paternidade de Alberto. "Esta decisão é um passo importante na difícil batalha que Delphine Boel iniciou após o fracasso de todos os acordos amigáveis, para que a sua identidade, e a de seus filhos, seja legalmente reconhecida", afirmou Marc Uyttendaele.
O atual rei dos belgas, Filipe, não fez comentários ao caso.

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