Willy Toledo foi detido depois de se recusar a prestar declarações três vezes. Na origem da situação, uma queixa por causa de uma publicação no Facebook que começava com "cago em Deus" e que causou polémica
O ator e produtor espanhol Willy Toledo foi esta quinta-feira libertado, depois de prestar declarações num tribunal de Madrid, e após passar a noite de tido. Na origem dos problemas de Toledo com a justiça está uma alegada ofensa a sentimentos religiosos quando o ator defendeu três mulheres acusadas de blasfémia, numa publicação no Facebook.
Foi a julho de 2017, em Sevilha, que três mulheres simularam uma procissão com uma representação gráfica de uma vagina gigante, de seu nome "Coño Insumiso" (o que se pode traduzir por, de uma forma mais ligeira, para "vagina insubmissa").
A 5 de julho, Willy Toledo reagiu ao facto de as mulheres terem sido processadas: "Cago em Deus. E sobra-me merda para cagar no dogma da santidade e na virgindade da Virgem Maria. Este país é uma vergonha insuportável. Mete-me nojo. Vão à merda. Viva o Coño Insumbisso", escreve no Facebook.
As declarações causaram polémica e foram denunciados ao Ministério Público pela Associação Espanhola de Advogados Cristãos, explica o El País. A Associação considera que as declarações constituem um crime de ofensa e que as palavras usadas "cobrem Deus e a Virgem Maria de ridículo".
Toledo, de 48 anos, foi detido por faltado a duas convocatórias para marcar presença perante um juiz. Disto resultou uma acusação de obstrução à justiça. O artista argumenta que não compareceu porque não concorda com a situação.
Hoje, à saída do tribunal, Toledo disse que está a fazer "o que tem de fazer, que é chamar a atenção, porque é vergonhoso que existam cinco artigos no Código Pedal espanhol relativos a sentimentos religiosos". Acrescentou que não cometeu "nenhum delito" e que, ao forçar uma detenção, estava a cometer um ato "desobediência civil".
O seu advogado queixou-se do facto de não ter sido autorizado a falar com o seu cliente durante a detenção, algo que disse "nunca ter ouvido", e disse também que está a acontecer uma "criminalização" da liberdade de expressão, "como nos tempos da Santa Inquisição".
Dentro das demonstrações de apoio a Willy Toledo, está, por exemplo, o ator Javier Bardem. "Que [Willy] possa ir para a prisão pela sua opinião é uma coisa franquista", afirmou o conhecido ator. A 22 de maio, os dois estiveram presentes, entre muitos, numa igreja em Entrevías, um bairro madrileno.
A 10 de setembro, no Facebook, Willy Toledo disse que a polícia havia de o levar para falar com um juiz no dia 13, acrescentando que queria levar o seu ato de "desobediência até às últimas consequências" e que não se ia entregar. Informou também que na quarta-feira (passada) iria acontecer uma vigília no Teatro del Barrio, em Madrid, convocada pelo Movimento Antirrepressivo de Madrid
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