O director do Gabinete de Comunicação Institucional (GCII) do Governo da Huíla, Jaime Lepe Lombe, encontra-se em prisão preventiva na penitenciária do Lubango, pelo suposto envolvimento em crimes de peculato e associação criminosa.

Segundo a Angop, em causa está o desvio de 14 milhões de kwanzas (41,2 mil euros), de um total de 29 milhões de kwanzas (85,3 mil euros) destinados à campanha de gestão da imagem publicitária do governo da província.
Antes de ser encaminhado para a penitenciária, Jaime Lombe, director do GCI há dez anos, foi interrogado durante oito horas pelo procurador da República junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Adão do Nascimento, que decretou a medida de coacção.
O montante em causa foi disponibilizado em 2015 para a produção e realização de publicidade institucional nos órgãos de comunicação social, produção de uma revista, assim como a realização de programas radiofónicos, suporte digital da imagem do governo, reconfiguração da biblioteca, entre outros.
Sem um concurso público para o efeito, o contrato foi celebrado e o montante global depositado na conta bancária de uma empresa de publicidade sedeada no Lubango, com o compromisso desta transferir 14 milhões de kwanzas para a conta de Jaime Lombe, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Por outro lado, o ex-director do Serviço de Investigação Criminal da Huíla, Amadeu Suana, também se encontra em prisão preventiva, pela segunda vez em menos de dois meses.
Em Julho último, Amadeu Suana foi detido por suposto envolvimento na libertação de presos envolvidos no desvio milionário de combustível da central térmica do Lubango, mas foi solto dias depois, mediante o pagamento de uma caução.
Desta vez, o oficial da polícia de investigação é acusado da prática de crimes de peculato, associação criminosa, falsificação de documentos, furto e venda de quatro viaturas roubadas apreendidas pelo SIC.

Suspeito de corrupção nomeado governador

Mas o combate à corrupção também exige algumas regras e ética que, parece, nem sempre serem levados em conta, como é o caso recente da nomeação de um alegado amigo do Presidente da República, o poderoso e “emepelista” empresário Luís Nunes, para governador da província da Huíla, onde o homem, sem concurso público, fica com a maior fatia dos contratos do Estado.
Assim, como acreditar num combate imparcial contra a corrupção sabendo-se que ele é dono da Omapatalo empresa que está a fazer grandes obras públicas, na Huíla, mais concretamente, reparação e terraplanagem das principais estradas da cidade do Lubango, avaliadas em mais de 300 milhões de dólares?
Como fica o empresário e agora, governador provincial, Luís Nunes? Governa os bens públicos ou a sua empresa? No melhor cenário, o governador provincial, Luís Nunes vai afectar obras públicas, ao empresário, Luís Nunes. É o regabofe total.
Se o Ministério Público tivesse independência desejada, nunca este político empresário do MPLA, seria nomeado, pois a sua riqueza, estando assente na suspeição de favorecimentos, subfacturações, cobranças ilegais de dívidas públicas, obras mal acabadas, etc., o conduziriam, seguramente, para um processo judicial, mas ao invés disso, o homem é conduzido ao mais alto caldeirão da província, onde poderá apagar muitos vestígios. Por acaso já começou com a exoneração dos antigos directores provinciais das Finanças, Construção, Comércio, entre outros.
É que… à mulher de César não basta ser séria.
Recorde-se que o novo governador da província angolana da Huíla, Luís Nunes, nomeado no passado dia 12 pelo Presidente de Angola, João Lourenço, é um empresário que se tornou milionário, com uma fortuna estimada em 1.000 milhões de dólares (854,7 milhões de euros).
Membro do Conselho de República e do Comité Central do MPLA (partido no poder desde 1975) desde 2004, Luís Manuel da Fonseca Nunes é natural de Caconda (Huíla), onde nasceu há 58 anos, e tornou-se o 12.º governador da província.
Foi na província da Huíla que Luís Nunes se tornou empresário e gere, actualmente, um grupo com 12 empresas ligadas aos sectores agro-industrial, da madeira, metalurgia, construção e engenharia civil.
Luís Nunes foi pioneiro na constituição de associações empresariais no país, impulsionado pelo então comissário provincial da Huíla, Lopo do Nascimento.
Quando o país se abriu à economia de mercado, foi um dos mentores da primeira feira nacional agro-pecuária do país, inaugurada em 1986 pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o que impulsionou, por sua vez, a criação da Associação Agro-pecuária Comercial e Industrial da Huíla, em 1991.
Além de empresário e fazendeiro, Luís Manuel da Fonseca Nunes, que substitui nas funções João Marcelino Tyipunge, lidera ainda a Cooperativa de Criadores de Gado do Sul de Angola.
Luís Nunes é filho de um dos primeiros empresários da Huíla, Manuel Inácio.
Registe-se, para memória presente e futura, que o novo governador da Huíla prometeu também “tudo fazer para que os males da corrupção, nepotismo, bajulação e impunidade já pública e sobejamente identificados por sua excelência o Presidente da República, não encontrem terreno fértil na nossa província”.