A Renamo duvida genuinamente da integridade da produção do material de votação em Durban (pela Uniprint, subcontratada pela Académica) ou está a usar um puro expediente para desacreditar o processo? Não foi a Renamo quem pressionou em 2014 para que a CNE (e por arrastamento o STAE) voltasse a ser um órgão composto por elementos indicados pelo critério da representatividade parlamentar dos partidos políticos? Pois, foi em função disso que Meque Brás, então deputado da Renamo, foi indicado para Vice-Presidente da CNE. Dentro do órgão estão figuras indicadas pela Frelimo, Renamo e MDM.
No passado dia 10 de Setembro, uma equipa mista da CNE e do STAE seguiu para Durban para fazer a supervisão da produção do material de votação. Vejam quem compunha a equipa: Meque Brás (segundo vice-presidente e vogal da CNE pela Renamo), António Muocorica (vogal da CNE pela Frelimo), Latino Ligonha (vogal da CNE pela Renamo), Abílio Diruai (vogal da CNE pela Frelimo), Barnabé Lucas Nkomo (vogal da CNE pelo MDM), Mário Ernesto (Director de Operações do STAE), Arlindo Francisco (Director Adjunto de Operações do STAE pela Renamo) e Simão Chinama ((Director Adjunto de Operações do STAE pela Frelimo).
A missão desta equipa era apreciar, assinar as provas e acompanhar a produção do material de votação, mormente os boletins de voto. Isso foi feito por todos. O vogal da Renamo, Apolinário João, juntou-se ao grupo no dia 19 de Setembro. E no dia 26 de Setembro seguiram para Durban outros técnicos do STAE, incluindo dos três partidos (Frelimo, MDM e Renamo) para acompanhar o empacotamento dos materiais, seu carregamento em camiões e partida destes, devidamente selados, para Moçambique.
Ou seja, a produção do material de votação está a ser monitorada por representantes dos BIG 3. Se a Renamo tem dúvidas sobre o processo, então deve pedir contas aos seus representantes nos órgãos eleitorais e não sustentar alegações de viciação de boletins de voto sem apresentar qualquer evidência disso. Se a Renamo quer alimentar suspeitas que comece por suspeitar a quem ela colocou lá na CNE para defender os seus interesses.
A produção de material de votação foi adjudicada a Académica, uma empresa gráfica da propriedade da família Sidat (Rafik, Feisal e Shafee). O “clã” é conhecido por sua ligação à Frelimo mas tem sido a preferência da CNE por causa da sua associação à Uniprint, que lhe dá a almofada da capacidade técnica. A Uniprint fornece material aos processos eleitorais sul-africanos e doutros países – é considerada como credível lá fora. Isto é um facto.
O outro é que a Académica ganhou o concurso dos materiais de votação depois de uma escolha unânime por todo o plenário da CNE, incluindo o “representante” da chamada sociedade civil, Paulo Cuinica, e os jornalistas José Belmiro (MDM) e Salomão Moyana (Renamo). Ou seja, todos os membros da CNE votaram na Académica. E nenhum dos representantes da Renamo se absteve. Um facto extraordinário...
Mas a Renamo não está confortável? Então deve lançar suas suspeitas primeiro contra os seus membros que votaram na Académica. E depois, talvez, começasse a considerar em constituir uma empresa gerida por empresários a si afectos para também concorrer como fornecedora de materiais de votação. Porque se os donos da Académica têm ligação à Frelimo, a alternativa também não muda o quadro. As outras duas fornecedoras em processos eleitorais também têm ligação à Frelimo. A Escolpil é da família Samo Gudo/José António Chichava e a Sisonke (que forneceu recentemente a eleição intercalar de Nampula) tem como sua cara visível o gestor Morais Jasse, um administrador da SPI, a holding empresarial da Frelimo.
Talvez a Renamo começasse a lutar já para que os futuros processos eleitorais sejam operados doutra maneira. Agora, aceitar previamente as regras do jogo, seus principais actores, juízes e fiscais de linha (tendo elementos seus na equipa de “vídeo-árbitro”) para no decurso do jogo alegar que ele está sendo viciado é forçar a barra. Incoerente!
Já agora: alguma nova “dúvida metódica” para clarificar?
Não é verdadeira a mensagem que circula nas redes sociais segundo a qual “no boletim de voto, em especial no quadradinho para marcar X para a Renamo, estará emplastificado”. Por isso “no dia da votação, antes de marcar X, deves usar a unha para retirar tal plástico. Se não retirar, depois de dobrares, o plástico sairá e será nulo. Passe a informação”. Isto não é informação. É desinformação. Não deve ser passada. É mentiroso. Os boletins de voto estão a ser impressos e empacotados pela Uniprint em Durban, na RAS, na presença de representantes da Frelimo, Renamo e MDM. Cada um destes partidos tem dois elementos acompanhando toda a produção em Durban. O material de votação virá a Moçambique em camiões selados. Não tem como colocar plásticos em boletins de voto. O eleitor deve cuidar das suas unhas como faz normalmente. Com a campanha eleitoral começou também a propaganda maliciosa para enganar o eleitor e descredibilizar
o processo. A Uniprint é uma empresa cotada em bolsa na RAS, faz impressão de segurança e produz boletins de votos para os processos eleitorais sul africanos e de dezenas de outros países africanos.
o processo. A Uniprint é uma empresa cotada em bolsa na RAS, faz impressão de segurança e produz boletins de votos para os processos eleitorais sul africanos e de dezenas de outros países africanos.
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