sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Palavra dada não é palavra honrada

ANTÓNIO COSTA

Palavra dada não é palavra honrada /premium

  • Filomena Martins
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Costa foi apanhado na demagogia do seu próprio anzol. Morreu pela boca, como os peixes. A frase bonitinha “palavra dada tem de ser palavra honrada” tem ido por água abaixo a cada dia que passa.
Não sei se lhe escreveram, se lhe saiu espontaneamente. Mas mal ouvi a Costa aquele lema “palavra dada tem de ser palavra honrada” pensei logo, que mais cedo ou mais tarde, acabaria como os peixes: a morrer pela boca. Não precisei de esperar muito. Se a primeira metade da legislatura correu calma, com dinheiro para distribuir e facilidade em cumprir os acordos acertados com os parceiros da geringonça, agora que se aproximam as eleições e não há mais orçamento para esticar, Costa foi apanhado na demagogia do seu próprio anzol. E a frase bonitinha foi por água abaixo.
Só esta semana sucederam-se os casos.
O do Infarmed é só o mais emblemático de todos eles. Mesmo podendo ser acusada de estar a imitar Jerónimo de Sousa, uso mais uma expressão popular: o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Costa quis compensar o Porto porque se esqueceu inicialmente da cidade no concurso para a Agência Europeia do Medicamento. E, Eureka, lembrou-se rapidamente de mandar para lá a nossa autoridade nacional, como se fosse a mesma coisa. Não foi um processo feito à pressa. Foi uma coisa de que se deve ter lembrado enquanto se barbeava e pegava no telefone para ligar a Rui Moreira. Meteu depois o ministro ao barulho. Fez promessas várias. Argumentou que era o princípio da descentralização, quando tudo não passava de mais uma deslocalização (como a de muitas de empresas que já criticou). E acabou agora a recuar em toda a linha e a ter de admitir que o processo foi mal conduzido. Desonrando as suas próprias palavras.
Agora foram os taxistas. Para os desmobilizar após uma semana estacionados em plena Avenida de Liberdade, deu-lhes a entender que as autarquias iam ter mais “poder regulatório” sobre plataformas como a Uber. Ou seja, mandou-os para aquele saco escuro da descentralização onde estão todos os temas que são para resolver quando e se der jeito. É como deitar palavras ao vento.
Pelo meio, houve outro recuo. Afinal os cursos pós-Bolonha já não vão ser equiparados a mestrados. Era mais uma garantia que agora o governo diz que nunca fez parte das suas propostas. Fazer fez. Intenção também chegou a ser. O problema é que alguém nas Finanças deve ter andado a fazer contas e a perceber quanto é que estes mestrados podiam custar nas carreiras públicas. E lá se foi mais uma palavra de honra.
Foi o mesmo mal que afectou os professores e a sua progressão nas carreiras. Discordo totalmente das suas reinvindicações, que os coloca não só num patamar diferente dos outros funcionários públicos, como de todos os restantes trabalhadores. Mas não é isso que está aqui em causa. É ter-lhes sido prometida a recuperação total do tempo perdido e depois esse direito ter passado a ser uma ilusão mal Centeno puxou da máquina de calcular e viu que a soma dava mais de 600 milhões de euros (contas do próprio governo). E não houve emboscadas de Mário Nogueira, vozes grossas do Bloco ou do PCP que assustassem Costa. Quando não há dinheiro, a palavra e a honra são secundárias.
Podia ainda ir aos casos das bolsas de estudo para os alunos necessitados, que as estão a receber às pinguinhas (já chegaram a 17%!!!). Do processo das bolsas científicas da FCT, essa grande aposta do nosso primeiro-ministro, que pode deixar duas das nossas cientistas mais prestigiadas sem ordenado até ao final do ano. Lembrar a pediatria do hospital de S. João, para a qual se garantiu uma solução rápida, mas que só na passada semana viu ser aberto o concurso para as obras. Falar das reclamações dos médicos, enfermeiros, polícias, ou juízes, que estavam à espera do que lhe foi dito que iam ter e ainda não tiveram. Ou até anotar a vergonha de Pedrógão, onde as promessas feitas por Costa davam para fazer uma nova Enciclopédia Universal, mas onde a falta de controlo do uso de dinheiros públicos tem sido total.
Sim, também não posso deixar nem de falar de Tancos, nem da não recondução da PGR. Porque a saga do grave roubo das armas sobre a qual nos garantiram dar todas as explicações continua e vai continuar sem responsáveis políticos, como se viu pela forma como Costa fez a defesa do seu ministro da Defesa. E porque a sempre repetida causa Miss Universo da luta contra a corrupção esbarra na forma mal explicada como se substituiu a procuradora que mais investiu nessa limpeza dos vários sectores da sociedade portuguesa. É mesmo caso para dizer “ora bolas”! Onde está a palavra dada e honrada?
Quando era pequena a minha filha adorava “O Cuidado com as Imitações” do Sérgio Godinho. Chegava a repetir incessantemente nas viagens “põe a 4,” da colectânea “Setenta e Um- Oitenta e Seis”.
Demorei uns anitos para lhe explicar que a canção era uma metáfora aos políticos na generalidade e aos nossos em particular. Basta relembrar este bocadinho da letra.
Lá na aldeia havia um homem que mandava
toda a gente, um por um, por-se na bicha
e votar nele e se votassem lá lhes dava
um bacalhau, um pão-de-ló, uma salsicha
E prometeu que construía um hospital
Uma escola e prédios de habitação
e uma capela maior que uma catedral
pelo menos a julgar pela descrição
Ingenuamente, pensei que quando ela crescesse a realidade já tivesse mudado. Infelizmente, já quase a sair da faculdade e a entrar no mercado de trabalho, é fácil perceber que não. Basta-lhe ver as notícias de todos os dias. Palavras dadas nunca honradas que já sofreu na pele. O meu único conselho é que seja Casimiro, o nome pelo qual sempre conheceu a canção. Casimiro Baltazar da Conceição.
Mas… O Casimiro que era fino do ouvido
tinha as orelhas equipadas com radar
ouvia o tipo muito sério e comedido
mas lá por dentro com o rabinho a dar, a dar
E… punha o ouvido atento
via as coisas por dentro
que é uma maneira de melhor pensar
via o que estava mal
E como é natural
Tentava sempre não se deixar enganar
E dizia ele com os seus botões
Cuidado Casimiro …

Hoje, só mais uma coisa

  • O ex-presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude, Augusto Baganha, disse no Parlamento que teve pressões do Governo por causa da interdição da Luz na sequência da investigação às claques ilegais. Revelou mesmo que recebeu um SMS do secretário de Estado. Esta é uma acusação grave, muito grave mesmo. Uma coisa é Centeno pedir bilhetes para a Luz ou ver o ministro das Finanças e o primeiro-ministro aos pulos na tribuna presidencial de um clube com graves problemas com o fisco. A outra é este tipo de pressões ao mais alto nível. Não é por acaso que o clube acaba de contratar três dos maiores criminalistas do país.
Maria Mendes
4 h
Costa, não tem palavra porque não tem carácter! Ponto final. A forma que engendrou para o PS ser governo, para ser primeiro ministro, é o traço mais que visível de um oportunista, onde a palavra  honrada não tem lugar!!! 

Cruzeiro O VerdadeiroMaria Mendes
1 h
Coitada, esta ainda hoje não percebeu, o que aconteceu ao Trapassos em Outubro de 2015
Cruzeiro O Verdadeiro
5 h
Então matou o Costa?
Hilariante, o desequilibro desta análise pretensamente politica. 
Carlos Monteiro
6 h
A minha curiosidade é ver no caso do IPJ as oposições ficar caladas.Sempre vimos as oposições quer as actuais quer as  anteriores quando detectavam alguma anomalia num governante pediam a sua demissão,neste caso o silêncio é gritante.O Benfica, pela sua dimensão obrigas-os a ficar calados.Até nisso se verifica os sapos que engolem, com medo de perder votos.
José Filipe Fernandes
7 h
Mais um excelente artigo. 
Agora que não há dinheiro (mas alguma vez houve?) e entramos no último ano deste (des)governo, é só ficarmos sentados à espera dos disparates. Cada decisão tomada vai sair borrada.
Agora que ficamos a saber que o ministro(?) da (in)defesa nem para plantão de paiol serve, a ministra da (in)justiça ainda tem por explicar fuga de presos (já ninguém se lembra, pois não?), o ministro da saúde(?) fica aborrecido porque há portugueses doentes( por tratar), o do transportes diz para irmos a pé. etc... os factos são intermináveis, ainda ficamos admirados da palavra desta gentalha? Não têm palavra porque não são gente séria.
Como desde o início NUNCA acreditei nesta resolução política nem nas intenções deste pr (as minúsculas...já sabem) que agora amuou com um comentário do ex-PR, tal e qual como os betos de Cascais, só me resta desejar que os portugueses no silêncio da cabine de voto não se esqueçam de nada e os corram de vez.
Há imagem da razão que tenho desde o princípio, acabei de saber que o juiz Alexandre já era, tal e qual como escrevi no domingo passado. 
Só tentado a jogar no Euromilhões...
ELES ATREVEM-SE MESMO, E FAZEM-NO !!
Carminda Damiao
10 h
Óptimo artigo.
Joaquim Mendes
13 h
Ó minha senhora, escreva o que quiser sobre o quiser, mas não se meta com o Benfica. Se o quiser fazer, diga primeiro qual é a sua cor clubista, que todos sabemos qual é, e depois refira os casos em que o seu clube está metida até às orelhas e nenhum dos processos  avança na justiça para ser julgado. Porquê
Comentarios AgostoJoaquim Mendes
13 h
pois... para se ver o polvo vermelho, tem de se ser adepto de outro clube. Porque assim, é a clubite e não a mais elementar capacidade de observação. Depois vem o argumento da 4a classe - ah eu fiz mas tu/eles/ela também fez!! eu violei sr Juiz, mas já viu a quantidade de violações por ano que existem...quer dizer... e que tal se em vez de me julgarem pelo que fiz formos falar de todos os outros casos que é para nunca se chegar a conclusão nenhuma e ser a impunidade geral... 
Ainda bem que o Joaquim já é idoso, pode ser que essa lógica da batata não se verifique tanto nas gerações mais jovens...
joão PardalJoaquim Mendes
9 h
Quem estiver livre de pecado que atire a primeira pedra.
Joaquim ZacariasJoaquim Mendes
4 h
A senhora é portista e odeia o Benfica,por isso nunca fala do apito dourado.E o pior é que ela ainda não compreendeu,que ao falar de futebol num artigo essencialmente politico,desvia o foco do assunto principal,que deduso ter sido a critica ao governo.
Passos, O senhor 24.%
13 h
Já aqui escrevi que a mudança do Infarmed para o Porto foi tratada com os pés e não com a cabeça. Mas se são estes fait divers o pior que os colunistas do Observador têm a apontar ao governo, por oposição à miséria desgraçada que Passos Coelho impôs aos portugueses enquanto lá esteve, fico muito satisfeito.
Comentarios AgostoPassos, O senhor 24.%
13 h
-A austeridade acabou -  mais de 3mil milhões de euros em impostos indiretos
-Nacionalização da Tap por designio nacional - tap diz que não tem de comparticipar viagens para a Madeira
-Investimento público como motor da economia - investimento público nos níveis mais baixos da nossa democracia recente

E estes foram só os que saíram assim de estalo, porque a lista é grande....
PS: a miséria desgraçada que refere foi o estado de bancarrota que o PS nos deixou. Ou limita-se a fingir que não sabe  que o guião seguido pelo Passos foi escrito pelos criminosos que desenharam o memorando?

O seu trauma com o PPC é forte, tenta a todo custo imputar as culpas para o sr. 24% (??????), e esquece de propósito o sr. eng. farinha amparo (votei nele) como se os portugueses só acordassem de um largo letargo no reinado do PPC.
Uma coisa boa tem o Costa assumiu que se precipitou com o caso Infarmed...e este assunto devia ter morrido aqui.
Reconhecer que o ultimo reinado do Socrates foi um desastre não diminui os socialistas, é mais engrandece o partido.
 
Luis Ribeiro
13 h
O costa é o político mais pantomineiro que existe!!!!
victor guerra
15 h
"Palavra honrada" nãp é cde esquerda,como aliás o contrato da "geringonça" mostrou-E menos ainda do Costa,o maior pantomineiro que passou como PM
Jorge Tavares
15 h
QUANDO OS POLÍTICOS MENTEM

Em democracia, quando um político mente, os eleitores têm a possibilidade de nas eleições seguintes não votar nele, fazendo com que ele saia da cena política.

Mas Portugal não é uma democracia; é uma partidocracia.
Em Portugal, os "eleitores" não têm possibilidade de desalojar os caciques partidários do parlamento, pois não podem votar em pessoas; apenas em listas cuja ordem já foi decidida.
Na prática, os caciques elegem-se a si próprios: basta colocarem-se sempre em "lugares elegíveis" das listas do seu partido.

Na maioria dos países europeus, não há "lugares elegíveis": há várias formas de voto nominal. Uma dessas formas são as listas abertas - assim chamadas, porque o são à ordenação pelos votos. Dão-nos o poder de negar o voto a candidatos individuais sem deixarmos de votar na lista que escolhemos.
As listas de candidatos são incluídas nos boletins de voto e cada cidadão vota numa pessoa em concreto. Só vão para o parlamento os candidatos com mais votados. Passa a haver um verdadeiro escrutínio.
O 1º passo para inverter esta situação degradante é modernizar o sistema eleitoral, acabando com os "lugares elegíveis".

Também é usual os cidadãos poderem formar listas de candidatos, por direito próprio.
Jorge TavaresJorge Tavares
15 h
Foi preparada uma adaptação do sistema eleitoral alemão a Portugal, promovida pela SEDES e pela Associação Por Uma Democracia de Qualidade. 

Tem a vantagem de não ter sido proposta por um partido, o que gera menos desconfiança - foi alguém de um partido que disse isso a João Duque, presidente da SEDES. Para centrar este tema na agenda política e mediática, em breve estará na fase de recolher assinaturas - para uma ILC ou talvez para uma petição.

Este sistema não requer mudanças na constituição para ser aprovado.
Com ele, só vão para o parlamento os candidatos mais votados nos uninominais - que ao contrário dos uninominais do UK, não se destinam a eleger, mas para pontuar os candidatos, que também concorrem a listas plurinominais de regiões que agregam os uninominais). Acabam-se os "lugares elegíveis".
Também inclui um "círculo nacional de compensação", destinado a atribuir lugares aos partidos mais prejudicados relativamente à proporcionalidade ideal.
Um sistema assim, é mais proporcional do que o actual.

Antonio Rodrigues
16 h
Costa é o maior político português. Não consigo pensar em maior insulto.
Carlos MonteiroAntonio Rodrigues
6 h
Se admitimos que o melhor político é aquele que mente mais  e mais habilidoso.É
Antonio Fonseca
16 h
A mediocridade do Costa Poucovhinho Derrotado a vir ao de cima. 
Jorge Trindade
16 h
Heresia! Usar o Sérgio Godinho para criticar a esquerda?! Fogueira já!
José Paulo C Castro
16 h
O resumo do mês governativo. Nada surpreendente.

Os portugueses, entretanto, esperam pelos euritos de aumento prometidos que os fará esquecer que isto não funciona como um país. Apenas como um gigantesco leilão eleitoral entre corporações.
G L
21 h
Que mais sera necessário para desmascarar a impostura? Que mais será necessário para desmascarar a mentira? Que mais será necessário para desmascarar a incompetência? Sampaio por muito menos dissolveu uma assembleia com uma maioria eleita de memória? MRS este s outra face da mentira. Shame on you Portugal.

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