Foi com surpresa e estranheza que tomamos conhecimento das notícias que vão dando a saber que a empresa de Isabel dos Santos pretende processar o Estado. Não só por se tratar de Isabel dos Santos, mas também pelo ousado intento de levar o Estado a tribunal, o que até bem pouco tempo era impensável. É caso para dizer que para conhecer a coragem das pessoas é ideal dar uma mexida no seu bolso.
Tirando todo o sensacionalismo envolto nas notícias, é espectável que a Atlantic de Isabel dos Santos tenha alguma percentagem de razão nisso. Afinal, as instituições são racionais e, portanto, não se espera que uma pessoa racional parta para um comunicado do género, a colocar em xeque tão importante instituição, sem antes analisar e certificar o que está a ser prevaricado através do incumprimento deste ou daquele ponto do contrato. De modo que, apesar da natural estranheza pela novidade da coisa, não há todavia qualquer tipo de anormalidade... Apenas um ente a proteger-se e a querer fazer valer os seus direitos. Afinal, e como se lê no comunicado de IS, foram muitas as reuniões com o ente Estado, nas quais em momento algum se abordou a questão das dificuldades financeiras.
O que salta à vista é o facto de ser Isabel dos Santos a fazê-lo... E isso leva-nos a questionar a sua coerência. Se desta vez se chega à frente, nas vestes de quem procura a garantia de justiça (e tem legitimidade para fazê-lo), deve ela também adoptar o mesmo padrão em todas outras situações nas quais, não sendo prejudicada, beneficiou da injustiça praticada pelo mesmo ente, o Estado.
Devia também Isabel dos Santos pôr à disposição, por exemplo, a sua UNITEL, já que aquando da criação não houve concurso público para adjudicação da empresa de telefonia, que se pretendia nacional por causa da questão da segurança do Estado. E falo da UNITEL, mas serve para todas as empresas e situações nas quais Isabel dos Santos beneficiou da injustiça que quase sempre lhe deu o poder sem precisar concorrer e, portanto, demonstrar possuir maior capacidade que os outros. E isto sem contar as vezes em que a SONANGOL lhe fez "concorrência-ajuda", nos muitos pedaços dos quais se abocanhou em Portugal.
Terá Isabel dos Santos coerência para fazer tais coisas, ou vai ser mais uma das que só clamam por justiça quando a falta dela lhe prejudica? As cenas dos próximos capítulos trarão respostas.
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terça-feira, 7 de agosto de 2018
A incoerente Isabel dos Santos
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