terça-feira, 10 de abril de 2018

Estão abertas as audições para Lula da Silva II



Estão abertas as audições para Lula da Silva II



Lula já está a cumprir a pena de 12 anos e um mês
FOTO ANTÓNIO LACERDA/EPA

Quem será o próximo “construtor de sonhos” do Brasil? Partindo de uma frase do ex-presidente Lula da Silva - e do princípio que qualquer presidente de qualquer país quer ajudar os seus cidadãos a construir sonhos -, perguntamos: haverá alguém capaz de absorver todo o capital emocional - e eleitoral - de Lula?

Perante as centenas de pessoas que esperaram o seu discurso no passado sábado, poucas horas antes de se entregar pelo seu próprio pé como várias vezes disse que faria se a Justiça algum dia o considerasse culpado de algum crime, Luiz Inácio Lula da Silva avisou: “Há milhões e milhões de Lulas por aí. Eu sou uma ideia. E uma ideia não se trava”. Apoteose. Olhando para a História, Lula é o presidente brasileiro com a maior taxa de popularidade no fim de mandato: 87%. Quem, desde que tenha aspirações políticas, não gostava de lançar a sua carreira de candidato presidencial a partir dessa mesma marca?
Não foi no dia em que Lula foi preso que se começou a falar da sucessão. Mas naquele dia como hoje, o que se diz é em sussurros. Depois da destituição de Dilma Rousseff, que o próprio Lula levou à presidência, o Partido dos Trabalhadores (PT), que ele ajudou a fundar, deu início a uma espécie de “procura pela sua alma”.
Oficialmente, as fichas estão todas em cima do nome de Lula, mas se ele não puder concorrer, então na linha da frente está o ex-governador da Baía Jaques Wagner e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad: dois nomes que não estão ser investigados pela polícia, facto sempre associado às biografias políticas escritas nas páginas de notícias brasileiras. E mesmo aqui nada é totalmente preto no branco: há sim suspeitas sobre ambos. Outros nomes que já começaram a ser atirados para a arena são os de Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul, e o de Aloízio Mercadante, ex-ministro da Educação e da Casa Civil na administração de Dilma Rousseff.
O PT tem de escolher o seu candidato oficial à Presidência da República até 15 de agosto, prazo limite para que os partidos façam o registo das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso o PT decida mesmo registar Lula e posteriormente mude de ideias, tem até 17 de setembro para registar um novo candidato - data que os deixaria a braços com uma campanha “nova” e menos de um mês para a levar pelas estradas de um país enorme.
Mas seja quem for que lhe tente suceder, há uma enorme “drama” para dissolver na esquerda. É a palavra que Wilson Gomes, professor de Comunicação e especialista em comunicação política na Universidade Federal da Baía, escolhe para explicar ao Expresso a densa trama. “Toda a energia política da esquerda foi drenada, no último ano, para a ‘questão Lula’. Tivemos todo o drama do ‘condena ou não condena?’, ‘prende ou não prende?’, envolvendo Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. Depois, assistimos à extrema polarização moral envolvendo o julgamento público do caráter e dos feitos de Lula. Além disso, tivemos a épica de Lula, que, depois da sua condenação pelo juiz Moro, resolve não morrer em silêncio e a um canto, como sucedeu à ex-presidente Dilma Rousseff.” Segundo o analista, no “Ato II”, Lula “se pintou para a guerra, declarou-se candidato à Presidência da República à revelia das circunstâncias, percorreu o país, fez discursos fortíssimos, mobilizou sentimentos de todas as espécies, liderou as pesquisas de intenções de voto e provocou um remoinho político sem precedentes, nas ruas e nos ‘social media’, já quase às vésperas das eleições presidenciais de 2018”. Por fim, “a dramaturgia da prisão de Lula”: “O Lula desobediente, que não aceita o prazo estabelecido pelo juiz federal para que se entregasse à política; o Lula herói da resistência, que se refugia no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, a sua origem política, e passa a ser guardado pelos seus; por fim, o Lula do povo, arrancado dos braços do povo para ser levado, inocente, ao cárcere político”.

FOTO RICARDO STUCKERT/ LULA INSTITUTE

As consequências de todo este filme podem ser piores para a esquerda, quer a de Lula, quer a que se quer unir em torno de outro candidato: “Na primeira semana depois de consumado este ciclo, a esquerda só pode estar exausta. E sem planos. Lula ocupou o centro de tudo o tempo todo. A retórica da resistência impediu uma formulação ativa de um plano B, com escolha de um nome, articulação e negociação políticas. Há um vazio, ocupado apenas por palavras de ordem, sobre a necessidade de uma ‘candidatura única das esquerdas’, mas sem que se possa preencher nomes concretos com alguma chance eleitoral”, argumenta Wilson Gomes.

OS NOVOS LULA?

Jaques Wagner é o nome com mais apoio para concorrer a presidente caso Lula acabe mesmo impedido de se candidatar por força da lei da ficha limpa, aprovada precisamente durante o seu mandato e que diz que nenhum político condenado por crimes contra o Estado em segunda instância pode concorrer a cargos públicos. É esse o caso de Lula.
Os analistas dizem que Wagner tem a experiência política necessária para convencer os que consideram ter sido precisamente essa a falha de Lula e Dilma, principalmente no que à gestão da economia diz respeito. O político baiano de 67 anos já foi deputado federal por três mandatos e já passou por quatro ministérios. Wagner chegou a ser citado por “delatores” da Odebrecht e também no processo do “quadrilhão do PT”, que investiga membros do partido por suposto envolvimento em organização criminosa mas o Ministério Público não abriu qualquer inquérito contra ele. Pouco depois de Lula ter sido preso este sábado, Wagner disse à página “Brasil 24/7” que “a eleição só é limpa se Lula for candidato” e pediu mobilização: “Não é hora de ficar em casa, é de vir para a rua, na reunião no prédio, na escola, na igreja, seja onde for. Não precisa ser grande ato. O importante é que a gente esteja o tempo todo na militância, argumentando sem xingar. Não vamos devolver ódio com ódio”.

Jacques Wagner, aqui com Lula quando este era presidente
Jacques Wagner, aqui com Lula quando este era presidente
FOTO DOMINGOS TADEU/REUTERS

Cheio de protagonismo nos últimos dias esteve Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Filho de famílias abastadas, Boulos tem uma fortíssima formação académica nas áreas da Filosofia e da Psicologia mas aos 19 anos comoveu-se com o movimento dos Sem Teto, uma ramificação do movimento dos Sem Terra, que marcou os anos 90 no Brasil. Tem apenas 35 anos mas uma das primeiras fotografias de Lula a ser publicada nas redes sociais depois de conhecida a “nega” do Supremo Tribunal Federal ao seu habeas corpus foi tirada ao lado de Boulos, punhos fechados e em riste. No domingo à noite, o jovem político disse que os apoiantes de Lula “não vão descansar” enquanto não o soltarem. O próprio Boulos tem deixado claro que não pretende disputar as presidenciais se Lula estiver no boletim. O que é certo é que o carisma de Boulos faz dele um quase incontornável. Há poucos com o mesmo “comando das massas” e nisso ele aproxima-se de Lula.
Fernando Haddad é também um nome dado com certo. Novo para presidência, com 55 anos, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação do governo Lula, Haddad tem dito que não se vai meter em disputas eleitorais este ano - que, de resto, é o que todos os petistas têm dito para não dinamitar as chances de Lula e a força do movimento. Coordena a equipa que prepara o programa de governo de uma putativa candidatura Lula e diz-se dele ser a escolha do próprio Lula. É cientista político e visto como um “cara sério”. Contudo, Haddad está a ter problemas para explicar porque é que não declarou à Justiça Eleitoral despesas da sua campanha para prefeito de São Paulo de 2012. O nome dele já tinha sido falado para a presidência no passado mas Lula escolheu Dilma - mas é muitas vezes dito na imprensa brasileira que não o fez sem pensar bem no assunto - este dado pode dar alguma consistência à tese de que Haddad seria o homem de Lula se Lula não puder ser o seu próprio homem. Sondagens da empresa DataFolha mostram que 51% dos brasileiros consideram Lula inelegível para a presidência dado os crimes pelos quais já foi julgado e condenado em duas instâncias. Ao mesmo tempo, 47% desejam vê-lo nas urnas.
Wilson Gomes faz uma apreciação pessimista das opções da esquerda. “Na esquerda tradicional temos os jovens candidatos Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL), que representam aquela franja a que chamamos ‘esquerda puro-sangue’. Neles há muita nitidez ou pureza ideológica, mas, até o momento, um cacife eleitoral baixíssimo.” Quanto a Haddad e Wagner, “poderiam ser o plano B do petismo” mas “a transferência de votos não é, certamente, automática porque Wagner enfrenta problemas com a Operação Lava Jato e Haddad é pouco conhecido nacionalmente”. Mas há mais um problema para os dois. “É pouco provável que outros partidos de esquerda aceitem, sem questionar, que candidatos petistas assumam a cabeças das chapas concorrentes à presidência da República.”
No centro-esquerda há ainda Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). “É muito difícil que, ao menos num primeiro turno, eleitores de Lula considerem votar em Marina, tamanha as mágoas que ela deixou nos partidários do PT por ter tomado uma posição francamente hostil a Dilma Rousseff, quando dos eventos que culminaram no impeachment, e a Lula, durante todo o período dos vários julgamentos a que foi submetido”, diz o professor. Quanto a Ciro Gomes, “é visto como um candidato convencional demais na prática política para atrair o voto da esquerda, mas isso certamente pode mudar se a conjuntura política não apresentar nenhum candidato viável para fazer frente seja a Jair Bolsonaro, da extrema-direita, e a Geraldo Alckmin (PSDB), da centro-direita”.

Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, é visto como “esquerda pura”
Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, é visto como “esquerda pura”
FOTO NACHO DOCE/REUTERS

DO OUTRO LADO

Mais longe era difícil. Os dois homens com mais intenções de votos nas eleições marcadas para 7 de outubro estão em polos opostos da política brasileira. A história de Lula já conhecemos mas o homem que estando longe mais dele se aproxima é Jair Bolsonaro, persistente nos 16%, de acordo com a DataFolha. Bolsonaro, do PSL (Partido Social Liberal) e com 60 anos, é um homem conotado com a extrema-direita e não é a primeira vez que defende os tempos ordeiros da ditadura militar. Fez sete mandatos por cinco partidos diferentes e como o seu atual PSL conta apenas com 10 deputados, o financiamento da sua campanha, tal como os tempos de antena que lhe serão dispensados, preveem-se muito reduzidos.
Das pré-candidaturas conhecidas, Ciro Gomes, 60 anos, do PDT (Partido Democrático Trabalhista), é uma possível oposição ao PT num campo mais próximo do centro mas aparece com uns pouco entusiasmantes 6%. Gomes já passou por sete partidos ao longo de 37 anos de vida pública. Tanto nas eleições de 1998 como nas de 2002, concorreu pelo PPS (Partido Popular Socialista), tendo conseguido nesta última mais 10 milhões votos. Está desde 2015 no PDT.

Jair Bolsonaro, que representa a extrema-direita brasileira
Jair Bolsonaro, que representa a extrema-direita brasileira
FOTO RUDOLFO BUHRER/REUTERS

Se nenhum destes nomes parece reunir unanimidade, nem tão-pouco dentro dos seus próprios partidos, há uma coisa que tanto políticos como analistas repetem incessantemente: o Brasil precisa de uma figura pacificadora. E é aqui se tem inserido o nome de Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), nomeado como membro do coletivo por Lula mas visto como a face limpa da Justiça brasileira. Há menos de 24 horas filiou-se no Partido Socialista Brasileiro (PSB) e deve ser o candidato do partido à presidência, ainda que ele mesmo tenha dito que o PSB não lhe garantiu qualquer nomeação. No dia 7 de outubro faz 64 anos e poderá disputar aí a passagem à segunda volta das eleições. É apelidado “o Obama do Brasil” e, se conseguisse vencer, seria o primeiro Presidente negro da história do país. É, como Lula, um homem com origens extremamente humildes: lavou escadas com a mãe e depois foi datilógrafo numa gráfica. Estudou Direito numa universidade pública e foi procurador da República antes de ser presidente do STF - também aí o primeiro negro a ocupar a cadeira.

LULA PODERÁ FAZER CAMPANHA?

Como explica a BBC Brasil, a aplicação da Lei da Ficha Limpa, que inviabilizaria a candidatura de Lula, só será aplicável no momento em que o Supremo Tribunal Eleitoral avaliar todas as candidaturas às presidenciais, o que deve acontecer até 17 de setembro. Até aí, nada impede o aparelho de Lula de organizar comícios, bloqueios de estrada e enormes churrascos, como foi o caso na sexta-feira passada, quando o juiz Sergio Moro já tinha dado ordem de prisão ao ex-presidente. Caberá porém ao mesmo Moro decretar de que forma poderá Lula participar nesses ações. Mas mesmo que o Supremo Tribunal Eleitoral decida barrar a candidatura de Lula, há sempre a possibilidade de serem apresentados recursos. Recursos que, aliás, não só se aplicam apenas à eventual participação na campanha mas à própria prisão de Lula, que pode acabar já esta quarta-feira. É que está marcada para esse dia uma sessão do Supremo Tribunal Federal para analisar uma “liminar” (espécie de ordem judicial cautelar) feito pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) para suspender a execução da pena de condenados em segunda instância. Se todas estas decisões demorarem mais tempo do que previsto, Lula pode chegar ao dia da primeira volta ainda como candidato ou mesmo vencer as eleições e aí a sua candidatura poderia ser anulada já com ele eleito. Seriam então convocadas novas eleições.

O Expresso no Brasil. Reportagem no discurso de despedida de Lula

JÚLIA DOLCE/HO HANDOUT

A jornalista Maria da Paz Trefaut assistiu ao último discurso de Lula da Silva, esta tarde, antes de entregar-se às autoridades brasileiras. Um relato a partir de São Bernardo do Campo, localidade junto a São Paulo.

Com um ramo de margaridas na mão, carregado pela multidão no meio de um perigoso empurra-empurra e sob intensa emotividade, Lula da Silva despediu-se das ruas para se entregar à prisão. A palavra de ordem inicial do dia – “Não se entrega” – foi substituída por outra mais cordata: “Eu sou Lula”.
A manhã de mobilização política começou antes das 9 horas (hora do Brasil) quando estava marcada uma missa em homenagem a Marisa Letícia, mulher de Lula que morreu no ano passado. O termômetro marcava amenos 25 graus quando centenas de pessoas caminhavam pelas ruas em direção à sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, município da Grande São Paulo.
A missa foi realizada num grande camião, espécie de trio elétrico, que fechou a rua. Na ladeira ondulavam bandeiras vermelhas, mas também negras e brancas. Havia militantes, muitos.
Mas também brasileiros apartidários que estavam ali para manifestar a sua oposição à prisão do ex-presidente. Como o estudante de direito Gustavo Dahrug, de 20 anos (foto acima), que dizia “prezar muito a defesa da constituição”. Para ele, o Brasil vive a maior crise institucional desde a redemocratização. “É hora de se mobilizar e manter a voz ativa”, dizia.
Cinco religiosos, de distintas crenças, estavam no palanque quando Lula chegou, de t-shirt azul-marinho justa, cumprimentando a multidão com o punho cerrado. Quando cessaram os brados de “Lula, herói do povo brasileiro”, uma mulher gritou: “Lula, eu te amo”, e logo foi seguida pelo coro da multidão.
O político brasileiro, considerado o maior líder popular desde Getúlio Vargas (1882-1954), pretende voltar. E demonstrou a sua capacidade inesgotável de comover com seu discurso, longo como sempre, cheio de superlativos, que fizeram dele um mito.
A missa começou com duas horas de atraso e foi comandada por Dom Angélico Bernardino, que vestia um hábito branco com a palavra Jesus bordada em vermelho. “Aqui temos católicos, evangélicos, espíritas, luteranos, umbandistas, crentes e não crentes”, começou por dizer. E seguiu: “Resistência é a palavra que mais gosto de ouvir”.
Ao intercalar músicas, rezas e textos bíblicos, deu oportunidade para que a multidão cantasse e dançasse. Lula, na frente do palanque, olhava para cima com os olhos meio perdidos. Depois, ao ouvir “Asa Branca”, música de Luiz Gonzaga, passou a batucar no peito. O repertório musical foi escolhido pelo ex-presidente, que durante toda a cerimonia foi chamado de “presidente”.
Apoiadas na balaustrada várias mulheres cantavam e choravam. De jeans e blusa branca, com um cartaz escrito “Não à prisão de Lula”, uma delas enxugava as lágrimas, rezava e cantava: “Mas é preciso ter força/é preciso ter raça/é preciso ter sonho/sempre”.
Ao seu lado, Marisa Genésia dos Santos (foto acima) estava sisuda. Professora, de 56 anos, veio na véspera de Campinas (cidade do interior a 100 quilômetros de São Paulo) e dormiu no carro. “Já fui petista, deixei, e acho que agora vou voltar a ser. Dia primeiro de maio de 1980 estive aqui quando Lula foi preso. Retornei porque é a mesma situação de perseguição política e de perda dos direitos dos trabalhadores”. Ela anota o nome do Expresso, da repórter e vai ao site conferir: “Esse jornal só sai aos sábados?” – pergunta.
No palco, Dom Angélico continua: “O amor vencerá o ódio. Ficarão na história estes dias de luta pela democracia e pelos direitos. O que se vê hoje é a volúpia dos poderosos sobre o povo. Acima de tudo está o amor”. Em uníssono a multidão repete a oração de São Francisco de Assis recitada por Dilma Rousseff (ex-presidente, que foi impedida). “Senhor, fazei-me instrumento de nossa paz”.
Uma pastora luterana toma o microfone. Com as mãos nas pernas de Lula conclama: “Se estas pernas não puderem percorrer o país, vamos percorrer por elas”.
Um padre francês pede que todos deem as mãos e diz as primeiras palavras da oração: “Pai nosso que estás no céu....."
O sol inclemente faz os companheiros de Lula espremerem-se sob um pequeno toldo montado sobre o caminhão. Dilma Rousseff, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Celso Amorim, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e dezenas de outros, que ele fez questão de nomear.
Depois do discurso inflamado, pronunciado com uma voz muito rouca, Lula saiu nos braços do povo, como um semideus. Em meio ao pranto, aos desmaios, como herói e como vítima. Exatamente como era sua intenção.

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