TEMA DA SEMANA 2 Savana 29-12-2017
Mahamudo Amurane enfrentava
as opções que
tomava e interrompia
como a busca de um
sonho de “servidor público”, mas
dizia-se consciente de que outros
as encaravam como ingratidão.
Nasceu muçulmano, sendo filho de
um sheik, em Nampula, mas deixou
esta igreja, abraçou os evangelistas
da Assembleia de Deus e acabou
por morrer católico, a 04 de Outubro,
dia em que o país comemorava
25 anos após a assinatura dos
acordos de Roma entre o Governo/
Frelimo e a Renamo, o movimento
guerrilheiro que lutava para implantar
a democracia multipartidá-
ria no país.
Começou por ter fortes ligações à
Frelimo, por via da irmã, Adelaide
Amurane, actual ministra na Presidência
para os Assuntos da Casa
Civil, mas foi eleito a edil de Nampula
pelo Movimento Democrático
de Moçambique (MDM), terceiro
maior partido moçambicano, com
17 deputados na Assembleia da República.
Publicamente, já tinha anunciado
que se iria candidatar a mais um
mandato à presidência do municí-
pio de Nampula nas autárquicas de
2018, mas sem o apoio do MDM,
consumando mais um dos vários
“divórcios” que foi fazendo ao longo
do seu trajecto de vida.
Morreu sem esclarecer se a recandidatura
seria como independente
ou por via de um novo partido ou
filiação numa formação já existente.
Os amigos que fez e o interesse que
despertou no Brasil, onde se formou
em contabilidade, administração
e finanças, fizeram com que a
sua decisão de voltar a uma África
mais complicada não fosse compreendida.
“Moçambique precisa mais de mim
do que o Brasil”, declarava.
Nunca seria fácil o acolhimento na
terra natal. Soçobrou várias vezes
para conseguir colocação em Moçambique.
Mais tarde, inicia a série de ligações
profissionais sempre interrompidas
à procura de um lugar ao sol,
incluindo prestações como conselheiro
de projectos financiados por
agências internacionais.
“As minhas capacidades chamavam-me
para outros desafios”, anotou.
Entre a docência universitária e
consultorias no centro e norte do
país, abriu a Farmácia Amurane
em Nampula, iniciando-se nas lides
empresariais, ainda que negasse
querer ser rico.
“Só queria servir”, afirmava. É o espírito
de serviço público que o leva
a filiar-se ao MDM e a concorrer
por este partido a presidente de
Nampula, nas eleições autárquicas
de 2013, sendo proclamado vencedor
e empossado em 2014.
Luta contra a corrupção
Muitos munícipes de Nampula
consideram que com Mahamudo
Amurane a edil, a cidade mostrou,
em quatro anos, um nível de evolução
que nunca tinha conhecido
em 40 anos de Frelimo, partido no
poder.
O comércio, o ordenamento urbano,
o saneamento e a administração
financeira registaram um salto que
tornou Mahamudo Amurane no
“filho mais querido” dos munícipes
de Nampula.
A avaliar pelas suas declarações pú-
blicas e diatribes que endereçava à
direcção do MDM, parece não ter
compreendido o catecismo da polí-
tica africana.
Parece ter negado assumir que a
Administração Pública, quer a directa,
quer a indirecta, “maxime” a
municipal, é “a galinha dos ovos de
ouro” do partido que está a governar.
Acusava a liderança da sua formação
política de o pressionar para
desviar recursos do município para
actividades partidárias.
Mahamudo Amurane entregou
pessoalmente ao Ministério Público
uma lista e alegadas provas de
envolvimento em actos de corrupção
de vereadores do MDM em
Nampula.
No auge das desavenças com o partido,
descreveu o líder do MDM,
Daviz Simango, como “ditador”.
Com a “guerra” declarada, a direcção
do partido contra-atacou,
acusando Amurane de corrupto e
de possuir casa em Portugal, onde
supostamente se hospedavam os filhos para poderem estudar naquele
país europeu.
“Sou íntegro, não tiro nem um centavo
do município, a casa em Portugal
estou a arrendar, não é crime
mandar filhos para o estrangeiro”,
afirmou, numa conferência de imprensa,
que Mahamudo Amurane
convocou para se defender.
E foi mais longe ainda: “tenho um
prédio que construi de raiz, tenho
recursos para mandar os meus filhos
estudarem na Suíça”.
A partir daí, a relação com o MDM
foi-se degradando sem retorno, com
os membros do partido a repetirem
em tudo quanto fosse canto que o
edil era “ingrato”. Vozes de dentro
do MDM retribuíam acusações
sobre dinheiros que teria pedido à
direcção partidária.
Numa retórica fortemente desafiadora,
Mahamudo Amurane dizia
que continuaria a fazer política com
rigor, sem vergar a campanhas de
difamação, para “destruir todos os
ladrões”.
A 04 de Outubro, calou-se o “servidor
público”, visto como “ingrato”
por alguns círculos fundamentalistas
do MDM e não só.
“Todos podiam ter interesse na
morte de Mahamudo Amurane”,
considera um analista da praça.
Menos os munícipes comprometidos
com o desenvolvimento de
Nampula, dizemos nós.
Uma das razões para a unanimidade
de interesses na sua morte é que
Amurane podia ser o líder de um
partido nortenho de forte implantação
macua a maior etnia do país
num momento em que este grupo
é hostilizado no topo na hierarquia
da Frelimo.
Mahamudo Amurane é a nossa Figura 2017
Um “servidor” que morreu com o rótulo de “ingrato”
Abel Nilza Salmo 25:5 Uma conversa telefónica
entre o Presidente
da República, Filipe
Nyusi, e o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, na
noite do dia 26 de Dezembro
de 2016, foi suficiente para no
dia seguinte se declarar uma
trégua por uma semana, de
modo que os moçambicanos
que não tiveram a oportunidade
de passar as festas com suas
famílias pudessem transitar
com aqueles que lhes são mais
queridos.
Foi dessa ligação, supostamente,
para desejar “boas festas”, que
os caminhos para o alcance da
paz tomaram um novo rumo,
pois, dias depois, nova trégua
seria anunciada, desta vez, para
um período de 60 dias, algo que
aconteceu por duas vezes, antes
do anúncio, em Maio, da trégua
por um período indeterminado.
Estava encontrado, desta maMenção
Honrosa
Nyusi e Dhlakama: Os parceiros da paz
de forma secreta, à Gorongosa,
para um frente-a-frente com
Afonso Dhlakama, um encontro
considerado importante e
preponderante para o desanuviamento
de tensões entre as
partes.
Apesar das incertezas em relação
ao futuro destas conversas
telefónicas, tendo em conta
a lentidão nas negociações, o
facto é que as mesmas não só
permitiram o “calar das armas”,
como também trouxeram uma
estabilidade política, reflectida
nos discursos dos deputados na
Assembleia da República.
Reconhecemos que esta não é a
paz que queremos e muito menos
os moldes de negociação esperamos,
entretanto, saudamos
os esforços feitos pelos dois lí-
deres, porém, lembramos que os
assuntos de interesse nacional
devem envolver todas as forças
vivas da sociedade.
Mahamudo Amurane
neira, o novo método para o alcance
da paz, depois do fracasso das negociações
entre as delegações do
governo e da Renamo, mediadas
por observadores internacionais, incluindo
o “obreiro” da primeira paz
moçambicana, Mário Raffaelli.
Neste processo, as duas partes comprometeram-se
a cumprir o acordo
e, à margem da trégua militar, Nyusi
e Dhlakama criaram dois grupos
diferentes compostos por especialistas
para tratar dos “assuntos militares”
e da descentralização, exigida
pelo maior partido da oposição em
Moçambique.
Embora os dois dossiers ainda estejam
em banho-maria, há menos de
dois anos das eleições gerais, o facto
é que desde Dezembro de 2016 que
não se regista confrontos, no centro
do país, e muito menos colunas
militares, ao longo das estradas nacionais
número um e número sete,
outrora palcos das operações.
Para confirmar os “bons momentos”,
o PR deslocou-se, em Agosto,
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TEMA DA SEMANA 4 Savana 29-12-2017
S
ua bravura pela defesa do
ambiente fez dele o rosto
da causa em Moçambique.
Não se deixa levar pelas
dificuldades e até mesmo incompreensões.
Pelo contrário, transpõe
barreiras e ergue, pelo país adentro,
a bandeira da conservação ambiental.
Esse é Carlos Serra [simplesmente,
e não Júnior, como muitos,
mas erradamente, o denominam], o
ambientalista e jurista de formação
que, incansavelmente, nos alerta a
pensarmos no ambiente.
Como ele próprio confessa, trata-se
duma paixão enraizada na sua
infância.
Autor do livro “Da Problemática
Ambiental à Mudança: Rumo a um
Mundo Melhor”, lançado em 2012,
Serra viria a iniciar, em 2015, a campanha
que despertou consciências
sobre a necessidade da protecção
ambiental. Com a “Operação Caco”,
como é conhecida a campanha, Serra
tem mostrado ao país e ao mundo,
através de acções de limpeza nas
praias [mas não só], que a poluição é
um grande problema que precisa de
ser travado por todos.
É seu o apelo segundo o qual “cada
um deve fazer a sua parte” e “comece
não sujando”.
Mesmo em meio a incompreensões
em relação a uma causa que, para os
menos avisados, é contraditória à urgência
do desenvolvimento do país,
o ambientalista, cujo lema é “Lixo no
chão, não” ou “vidro na praia, não”,
tem calcorreado o país, lés a lés,
em jornadas de limpeza, nas praias,
nas vias públicas entre outros locais
onde a acção humana tem resultado
numa grave poluição ambiental.
Movido por uma força extraordinária
de quem tão cedo percebeu
a gravidade do problema, em Moçambique,
como aliás comprovam as
campanhas de limpeza que têm saldado
em quantidades, simplesmente,
assustadoras de lixo, principalmente,
ao longo da costa, o ambientalista
nunca vergou perante uma causa
que, aos olhos dos seus detractores,
não é mais do que um pseudo-assunto,
ou seja, uma “fabricação de
ricos” e que só diz respeito à elite.
Mas a quem quer ouvi-lo, Serra tem
dito, em voz alta, que o país não irá
desenvolver sem um ambiente equilibrado.
É dele a metáfora de que o
lixo não pode ser visto apenas como
lixo, procurando demonstrar que o
lixo é também um problema de saú-
de pública, mas também que pode
ser matéria-prima para a produção
de objectos úteis e decorativos e até
para a construção de casas.
Aliás, como resultado da reciclagem
de lixo que vem recolhendo nas
praias do país, expôs, em Julho deste
ano, na Fundação Fernando Leite
Couto, em Maputo, 23 obras de arte,
que incluíam tampas de garrafas
plásticas e demais objectos.
Na exposição denominada “Nós, os
Oceanos e o Plástico”, Serra optou,
dentre tanto material encontrado
nas campanhas de limpeza, em exibir
apenas o plástico e justificou a
escolha por ser o plástico o de mais
nocivo que há para o meio ambiente,
dada a sua composição química.
las moçambicanas irão beneficiar de
programas de educação ambiental.
O projecto é de três anos e visa
consciencializar os menores sobre a
importância da protecção do meio
ambiente.
“É, na verdade, um programa de
educação e consciencialização ambiental
em estabelecimentos escolares
do sistema nacional de educação”,
explicou, na ocasião, o director-geral
da Ntumbuluku, organização coordenadora
do projecto.
“Educar os menores sobre a educação
ambiental é, ao mesmo tempo,
garantir que haja maior atenção
para a própria saúde das crianças”,
precisou o ambientalista para quem
acções de educação ambiental nas
escolas são relevantes porque abrangem
as crianças, que poderão crescer
cientes da importância de um meio
ambiente bem cuidado.
É por estas e outras razões que atribuímos
menção honrosa a Carlos
Serra, esse combatente que, num
país onde temas como paz e dívidas
ocultas dominam o debate, ofuscando
outras problemáticas, tem dado
suas energias na causa ambiental,
dizendo ao país que há um problema
sério que se não for atacado agora,
amanhã será demasiado tarde.
Afinal, para além de ser uma questão
de saúde pública e de estética, proteger
o ambiente é também uma questão
de justiça para com as gerações
vindouras. Cabe a nós decidir como
queremos ser lembrados pelos nossos
filhos e netos: como aqueles que
preservaram o ambiente e as suas
maravilhas ou então os responsáveis
pela sua destruição, sinistra, diga-se.
Até pode parecer de loucos que alguém
abandone salas climatizadas
para ir nadar no lixo, ou que haja
dividendos imprescindíveis ao meio,
mas há mérito na luta que Carlos
Serra trava: é o futuro do país e de
todos que está em causa.
Q
uando em finais de Janeiro
do presente ano, Maria
Rita Freitas mandou
encerrar o emblemático
Café Continental nada indicava
que estava a iniciar uma “revolução”
na Inspeçcão Nacional das
Actividades Económicas (INAE).
O Continental era reincidente e
já tinha recebido, por várias vezes,
ordens de encerramento.
Estávamos habituados a uma
INAE em sonolência durante o
ano todo, que só despertava nas
vésperas da quadra festiva, para
verificar os prazos de validade
dos produtos e fixação dos preços,
dando de seguida o famoso “briefing”
de balanço, para desaparecer
depois.
Salvo uma vez apenas, quando a
anterior direcção visitou as cozinhas
de algumas casas de pasto da
capital, numa rusga nocturna, parando
tudo por aí.
Rita Freitas vestiu o “fato-macaco”,
não se deixou intimidar e muito menos
esconder-se. Encabeçando algumas
operações, tirou a INAE da letargia
em que estava mergulhada.
Com uma nova dinâmica, a INAE
passou a trabalhar todos os dias úteis
da semana, inspecionando unidades
económicas em todo o país.
Os resultados não tardaram. De forma
surpreendente, eram divulgados despachos
de encerramento e aplicação
de multas a restaurantes de renome,
como Cristal, Grelhados Tropical,
Water Front, entre outros, devido à
higiene deficitária e, em algumas ocasiões,
escandalosa. Até aqui, o alarme
havia soado para a classe média, que
frequentadora daqueles locais.
As inspeções prosseguiram, já com os
canos virados para as padarias, onde
um cenário de imundície total na forma
como o pão era confeccionado e
conservado foi revelado, numa altura
em que os panificadores ameaçavam
agravar o preço de pão.
Esta triste situação levou a direcção
da INAE a reunir-se com a Associação
Moçambicana dos Panificadores
(AMOPÃO), para explicar que não
estava a exigir infra-estruturas modernas
nas padarias, mas sim o cumprimento
de medidas de higiene.
Os matadouros foram outros locais
visitados, tendo sido detectadas
situações que constituíam um
atentado à saúde pública.
Hoje, as coisas estão a ganhar novo
rumo ao nível das capitais provinciais,
alguns agentes comerciais
já se preocupam em melhorar as
condições de higiene nos estabelecimentos,
procuram prover uniforme
aos trabalhadores, bem como
minimizar a mistura de produtos
alimentares com os de higiene.
Até os famosos “escondidinhos”
não escaparam à lupa da INAE.
E porque nunca faltam desafios
para quem trabalha, a INAE deverá
encontrar a melhor forma
de inspeccionar os mercados (em
parceria com os municípios), pois,
estes, desde há muito, constituem
grandes focos de imundície e atentado
à saúde pública.
“Tampa é o que mais encontramos
na recolha de lixo que temos vindo
a fazer nas praias. É, sem dúvida,
um elemento dominante e nocivo ao
meio ambiente. Por essa razão aproveitei-o
para este trabalho”, explicou,
na altura.
Ao terceiro ano, a “Operação Caco”,
que se confunde com o seu precursor,
tornou-se numa obra de referência
obrigatória que, pelo país inteiro,
arrasta milhares de pessoas, desde
governantes, sociedade civil, estudantes,
corpo diplomático, homens
e mulheres, crianças jovens e velhos.
E foi assim que, em 2017, a “Operação”
resultou em milhares de sacos
de lixo, desde as salinas do Língamo,
na Matola, passando pela praia da
Costa do Sol, em Maputo, incluindo
a praia Super Marés, pelas praias do
Estoril e Macuti, na cidade da Beira,
pela Avenida dos Trabalhadores,
na cidade de Chimoio, província de
Manica, pelo mercado Kwachena,
em Tete, até à Praia Fernão Veloso,
em Nacala Porto e ao Hospital
Central Nampula, na província com
o mesmo nome, entre vários outros
locais.
Ainda este ano, Serra voltou a ser
aquele activista ambiental igual a si
mesmo, posicionando-se como a voz
que nos alerta sobre os perigos da
não protecção do ambiente, como a
redução e até mesmo o desaparecimento
dos recursos marinhos.
Crimes ambientais
Com um indisfarçável sentimento
de frustração devido aos vários crimes
ambientais cometidos todos os
dias no país, até por autoridades que
deviam zelar pela sua protecção, não
perde oportunidade de mostrar o seu
descontentamento com esse estado
de coisas, contra todos os riscos.
Foi o que fez, recentemente, em
Bazaruto, onde manifestou preocupação
pela falta de esforços de
conservação daquele emblemático
arquipélago situado na província
meridional de Inhambane.
“As mudanças climáticas e o resultado
negativo das actividades humanas
estão a causar danos ambientais na
região. O arquipélago do Bazaruto
sofre de erosão do rio e o excesso de
resíduos levou ao desaparecimento
de espécies marinhas que são o foco
da atracção turística […] Se a inspecção
não está à altura do desafio,
corremos o risco de perder alguns
desses recursos que são uma atracção
fantástica para a indústria do
turismo…. Devemos entender o que
está acontecendo com a espécie devido
ao aumento da quantidade de
plástico e outros resíduos no oceano,
mas também em áreas próximas ao
reassentamento humano, devido ao
impacto dos tipos de poluição” disse,
citado pela DW.
Sempre à busca de formas de construir
um país amigo do ambiente,
entendeu que é preciso torcer-se o
pepino de pequeno.
Foi assim que, ao cair do pano de
2017, assinou, através da Ntumbuluku,
uma organização virada à
conservação da natureza de que é
director geral, um memorando de
entendimento com as Cervejas de
Moçambique (CDM), à luz do qual
mais de 36 mil crianças de 12 escoMenção
honrosa 2017
Carlos Serra: a voz do ambiente
Menção honrosa
“Punho” de Freitas melhora higiene
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Um total de 13 corpos,
que se supõe que sejam
de nacionalidade somali,
que terão entrado ilegalmente
no país, foram encontrados
abandonados numa mata de
Bencanta, na vila de Inhaminga,
sede de distrito de Cheringoma
(Sofala), a 200 metros de um
posto policial já em estado avançado
de decomposição.
Mas outras fontes não afastam a
possibilidade de serem membros
da oposição, sobretudo, da Renamo,
abatidos pelos esquadrões
de morte que operam no centro
do país. Aliás, o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, acaba de denunciar
a reactivação dos esquadrões
de morte na região.
Segundo apurou o SAVANA,
os corpos foram descobertos no
domingo, 24, por populares que
comunicaram as autoridades e a
perícia, que inclui a saúde, Serviço
de investigação Criminal e a
Procuradoria Geral da República
demorou três dias para se deslocar
ao local, onde fez trabalhos de
recolha de amostras e dados nesta
terça, 26.
Depois dos trabalhos da perícia,
os corpos foram sepultados no local
devido ao seu avançado estado
de degradação e a procuradoria
provincial de Sofala já instaurou
um processo.
O nosso jornal também apurou
que os cidadãos podem ter morrido
num contentor fechado,
quando eram transportados de
Nampula para Beira, a capital de
Sofala, 200 quilómetros a sul de
Cheringoma.
Depois de passar o controlo de
Caia, limite entre Zambézia e
Sofala, o camião terá desviado
da EN1 para uma estrada terra
batida que permite a ligação até
Dondo, para evitar os controlos
mais cerrados de Nhamapadza
(Gorongosa) e no cruzamento de
Inchope.
No percurso deste troço, com
fome e desidratado, e já abatidos
com viagens de barcos que
ligam Somália à baia de Pemba,
em Cabo Delegado, geralmente a
porta de entrada de Somalis em
Moçambique, terão alguns perdido
a vida.
A Polícia de Sofala confirmou
sem detalhes a existência dos 13
corpos e assegura que estão em
curso trabalhos investigativos. A
procuradoria provincial de Sofala
prometeu pronunciar-se oportunamente,
quando as investigações
e as autopsias forem concluídas.
No entanto, na entrevista ao
SAVANA esta semana, Afonso
Dhlakama, líder da Renamo,
denunciou a reactivação dos esquadrões
da morte, com surgimento
de novos casos de raptos e
assassinatos e corpos encontrados
ao abandono em várias zonas das
províncias de Manica e Sofala,
três dos quais encontrados numa
zona não distante onde foram
descobertos os 13 corpos.
Populares relataram, segundo
Dhlakama, que seguiram rastos
de viaturas e botas militares numa
mata para descobrir os corpos
abandonados, a 10 quilómetros
do quartel estatal em Nhamitanga
(Cheringoma).
Descobertos 13 corpos abandonados nas
matas de Cheringoma
Por André Catueira, em Manica
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Saiba mais sobre nós
Prosperidade significa semear um futuro
mais rico, colhendo mais frutos para as
nossas crianças.
O BNI faz Moçambique mais próspero. Este é um Banco
diferente de todos os outros. 100% moçambicano,
é o Banco que faz desenvolver o país, apoiando e investindo
em projectos – Infra-estrutura, Recursos Naturais, Energia,
Agricultura, Indústria e Comércio – que desenvolvem
Moçambique.
BNI.
Banco de Desenvolvimento
DESENVOLVIMENTO
É PROSPERIDADE
SOCIEDADE 12 Savana 29-12-2017
O
líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, acusou a
“lentidão irritante” do
Governo para a falha do
“parto” este ano do acordo sobre a
descentralização e reconheceu que
o pacote da desmilitarização, “cozinhado”
por um general filipino e
um oficial sueco, “precisa de passos”
do Governo para o consenso.
Avisou ainda para que não o chamem
de belicista, se a estratégia
de lentidão for mantida nos novos
prazos para os acordos.
Dhlakama falava numa entrevista
exclusiva ao SAVANA, a partir da
Gorongosa, tendo avaliado o ano
político prestes a findar de não mau,
o Estado da Nação de péssimo e
perspectivado 2018 como ano de
avanços. Contudo, manifestou-se
irritado com a estratégia de lentidão
do governo, no atraso nas respostas
das trocas de correspondências durante
as negociações, que chegavam
a demorar 90 dias, o que para ele
retarda a paz efectiva.
Acompanhe a entrevista que transcrevemos
na íntegra.
Politicamente como avalia o ano
2017?
Politicamente, o ano de 2017 foi
mais ao menos, embora não tenhamos
alcançado aquilo que estava
perspectivado. Havia perspectivas
de que até Dezembro tudo seria
finalizado, quer o pacote de descentralização,
que teria entrado na Assembleia
da República, quer a questão
do enquadramento dos nossos
comandos nas forças armadas, mas
isso não se conseguiu, porque havia
lentidão, por parte do Governo
moçambicano. Às vezes ficamos um
mês, dois meses, noventa dias sem
resposta, à espera.
Mas avançou-se também. Não ficamos
no zero, porque na questão da
descentralização da administração
do Estado, posso dizer, com toda a
certeza, que avançamos muito, acredito
que dentro de dias, mesmo em
Janeiro, o documento vai entrar na
Assembleia da República, embora
não tenhamos conseguido meter
em Dezembro. Aquilo que eram as
grandes diferenças, entre a Renamo
e o Governo, puxamos e minimizamos,
já há um pouco de consenso,
porque a Frelimo pela primeira
vez aceitou, categoricamente, que
seja quais forem as dificuldades,
em 2019, teremos governadores
provinciais eleitos. Isto é positivo e
marcou o ano 2017.
Já há um dossier de aproximação.
Tenho estado a negociar com o Presidente
(Filipe) Nyusi, acredito que
o documento vai entrar em Janeiro
e será discutido e aprovado em consenso
na Assembleia da República,
em Março de próximo ano. É isso
que para mim marcou a componente
política.
O assunto da desmilitarização, esse,
está mais lento ainda. Falta um
acordo, de definirmos os números e
assinarmos, eu e o Presidente Nyu“Depois
não me chamem de belicista”
Dhlakama garante que acordo sai em Março, mas avisa:
si, e depois a comissão dos assuntos
militares começar a implementar o
enquadramento dos nossos, aqueles
que devem ser promovidos, vão ser
promovidos e nomeados e colocados
no lugar de chefia. Esse acordo
ainda não existiu, mas o governo
aceita o princípio de que é preciso
enquadrar, porque como sabe nós
contratámos alguns peritos. Há um
general filipino e um outro oficial
suíço que desenharam um documento
que foi proposto que não fugiu
muito daquilo que foi proposto
pela Renamo. Só faltam as assinaturas
para dar ordem à comissão para
começar a enquadrar em termos
práticos. É isto que está atrasado,
mas é isto que o Governo já não
pode fugir internacionalmente, porque
sabe-se que é por aí, podemos
encontrar a paz, podemos encontrar
um exército técnico-profissional,
não partidário como agora. Resumindo,
não foi um ano mau.
Mais ainda, a trégua que, unilateralmente,
dei em 27 de Dezembro de
2016 completa um ano com a paz
sem disparos entre as duas partes,
mas uma paz que foi dada por mim
unilateralmente. Dei como experiência
e colou.
Embora a sociedade civil tenha fi-
cado decepcionada, porque prometíamos
que até final de Dezembro,
iriamos dar o desfecho de todos esses
pontos, adiantou-se muito.
O encontro falhado na Gorongosa
tinha algo concreto?
Não. Absolutamente não havia coisas
concretas. Era mais para acertar
uns pontos e finalizar o texto (sobre
descentralização) que irá entrar na
Assembleia da República, que eu já
o tinha. O presidente também. Mas
era uma das formas para nos encontrarmos
e nos encorajarmos, não era
100 por cento necessário.
Falhou, porque falhou, por questões
organizacionais, como se referiu no
comunicado da Presidência, foi isso
mesmo, porque as pessoas que estavam
a coordenar as datas e os lugares
de encontro falharam.
Por isso o Presidente da República
chegou a viajar de Maputo para
Beira, da Beira a Chimoio, e de
Chimoio a Chitengo (no Parque
Nacional da Gorongosa) e eu estava
à espera dele no mesmo lugar que
nos tínhamos encontrado a 6 de
Agosto passado.
Ele não apareceu e acabamos por
falar ao telefone. Como eu disse
não era necessariamente importante
que houvesse um encontro, talvez
podia representar o aperto de mão,
porque o dossier já estava fechado e
já havia consensos naquilo que deveríamos
verificar, é o tal texto a me
referi, que vai entrar na Assembleia
da República.
O que faltava nesta altura era a
modalidade de como o governo
será eleito, porque o Governo moçambicano
defendia a tese de que
o governador deveria ser eleito pela
Assembleia Provincial por voto secreto,
e nós defendíamos que devia
ser por voto directo, à semelhança
do que acontece com o Presidente
da República e os presidentes das
autarquias.
O Governo batia com o pé no
modelo de eleição por voto secreto
na Assembleia Provincial, e nós
rejeitamos isso, mas eu como líder,
eu disse que estrategicamente está
bem, nós vamos retirar, se não haveria
um impasse. Estragaríamos todo
o projecto por uma coisa de nada,
então nós recuamos, dissemos está
bem, pode não ser pelo voto directo
a eleger o governador, mas não iremos
permitir que seja a Assembleia
Provincial.
Então, a Frelimo perguntou o que
propõe o presidente Dhlakama e eu
propus três opções. O partido que
tiver maioria numa província, esse
partido nomeia o governador, através
do homem que é a cabeça de
lista, como primeira opção da lista
passada na Assembleia Provincial.
O cabeça de lista pode ser um governador.
Como segunda opção, dissemos
que qualquer elemento desse partido,
cujo nome conste na lista, já
que passa na Assembleia pode ser
o governador. Como terceira e última
opção, propusemos que qualquer
partido que tenha ganho na
província, desde que tenha o seu
membro inscrito no caderno eleitoral
que tenha votado nestas eleições,
e o nome constar num dos cadernos
eleitorais desta província, pode ser
designado governador.
Portanto, foram três opções e entregamos
ao governo. O governo está
a analisar para escolher uma das
opções, para dizer que a eleição directa
que queríamos, a Frelimo não
aceitou, para eleição na Assembleia
Provincial, por voto secreto, nós rejeitamos,
mas eu tive a iniciativa de
propor essas três opções, e a Frelimo
dizia que uma delas podia ser, não
havia problemas.
Circularam informações de que
o desencontro da Gorongosa
deveu-se também a questões de
segurança. Quando é que notou a
insegurança?
Não, não. Não houve desconfianças
de segurança. Já sabe eu poderia
confirmar, não houve isto. Aquilo
que eu disse é que o problema
foi com os organizadores, aqueles
que fazem o elo de ligação entre
Dhlakama e Nyusi, alguma coisa
falhou. Porque quando saiu de
Maputo, o Presidente Nyusi tinha
certeza que se ia encontrar comigo
em Chitengo, faz parte também da
Gorongosa, enquanto eu estava à
espera dele no lugar onde nos encontramos
a 6 de Agosto deste ano.
Por isso deduzimos como falta de
organização, não se tratou de questões
de segurança concretamente.
Então o encontro falhado era para
fotografia?
Como venho repetindo, era mais
para o aperto da mão, era mais
para o fecho do ano, porque não
tinha nada específico a discutirmos.
Aquilo que estava nos textos já era
do consumo dos dois líderes. Queríamos
apenas fechar o ano e dizer
que as relações entre os dois líderes
estavam a andar bem, como forma
também de encorajar a sociedade
civil. Por isso, ao falhar, o encontro
não prejudicou absolutamente em
nada no contexto das negociações.
Estado da Nação é péssimo
O PR apresentou o Estado da Nação
há dias. Disse que o Estado
da Nação é desafiante, mas encorajador.
Que leitura fez das suas
palavras?
Eu rejeitei tudo. Esse discurso não
tem nada de concreto. O Estado
na Nação é péssimo. Estou a dizer
e volto a dizer que é péssimo, as
pessoas não sabem onde estamos
a ir, embora com perspectiva desta
paz unilateral que eu declarei, que
calou as armas, mas isto não signifi-
ca paz com democracia, com justiça
e com segurança própria. A trégua
foi um milagre e funcionou, mas o
Estado da Nação como ele dizia é
encorajador, não é, porque a corrupção
continua, a pobreza continua,
as pessoas morrem como ratos nos
hospitais do Estado, não há seringas,
não há medicamentos, não há
dietas para os doentes. O HIV/
SIDA, malária, tuberculose continuam
a matar as pessoas como se
não tivéssemos o Estado. E veja que
nas secretarias provinciais, nas administrações
públicas, nos governadores
de cada província, Tete, Zambézia
e tudo, se você chegar nos
gabinetes não há papel e nem tôner
para imprimir documentos. Isso
significa que o país está de rastos e
a desconfiança com a sociedade civil
piorou, virou-se as costas entre o estado
moçambicano e as pessoas que
há anos fechavam os olhos, diziam
que a Frelimo está bem é normal,
agora não, há guerra declarada mesmo.
Um camponês qualquer, que
tem um hectare para semear tomate,
sabe que tudo está a andar mal,
porque a Frelimo não tem boas políticas.
Então, eu descrevo isso como
um Estado péssimo de todos os outros,
quando um Presidente no fim
do ano vai discursar na Assembleia.
E não só as pessoas esperavam pelo
menos que ele chegasse para encorajar,
que dissesse olha eu trouxe
para aqui na Assembleia, nesta casa
do povo, é aqui onde as coisas são
legisladas, o tal fulano, tal fulano, tal
fulano, vão ser condenados, vão ser
responsabilizados porque cada um
roubou 60 milhões, o outro roubou
150 milhões, aquelas dívidas ocultas.
Mas ele foi à Assembleia para fazer
propaganda política, para enganar
deputados velhos que parecem
crianças, e dizer olha eu vou dar
todo o meu apoio para a Procuradoria
da República, para continuar
no processo da descoberta, o esforço
para investigar os culpados. Esse
discurso já está ultrapassado. Todos
sabem que Nyusi, mesmo tendo boa
vontade, não terá capacidade política
e como ser humano para desfazer
aquela Frelimo que tem donos.
Ele não é capaz de dizer, porque os
nomes citados são nomes com peso,
de pessoas que mandam, que são os
donos da Frelimo. O Nyusi não tem,
desculpa eu falo com ele a vontade,
acredito às vezes no coração dele
(risos), mas aquilo que ele pensa
não pode fazer. Portanto, o Estado
da Nação é péssimo, as pessoas nem
sabem cada dia, por exemplo agora
continuam os raptos e sequestros.
Já começam aqui em Manica e Sofala
a serem apanhados corpos das
pessoas desconhecidas mortas, significa
que o Estado moçambicano,
o Estado da Frelimo ou do partido
Frelimo, está a reactivar os esquadrões
de morte.
Antes de ontem aqui em Inhaminga,
em Nhamitanga, aqui no distrito
de Cheringoma, a uns 10 quiló-
metros do quartel de Nhamitanga,
foram vistos rastos de botas militares,
pegadas de carros e três corpos
foram apanhados.
E na semana passada, aqui em
Nhamapadza, perto da Gorongosa,
entre Marínguè e Gorongosa,
também foram descobertos três
corpos. Há duas semanas, naquela
zona de muda serração, também
foram apanhados dois corpos. Ora,
isto é aquilo que tínhamos no ano
passado, significa que contradições
entre a Frelimo e tudo, portanto, os
esquadrões da morte que se querem
vingar entre eles já começam a actuar.
Portanto, resumindo, o Estado
Por André Catueira, em Manica
“Quero tranquilizar o povo moçambicano que, apesar de tudo, continuarei a
negociar, seguir e ouvir os conselhos da população”
SOCIEDADE Savana 29-12-2017 13
da Nação é péssimo, péssimo mesmo,
não dou nem 10 por cento (na
escala de 100 por cento).
O que lhe deixa preocupado nas
negociações?
Sei que na questão dos governadores
já não há recuos, o governo comprometeu-se.
Chegou o momento
próprio, todo o mundo já sabe, que
teremos governadores eleitos pela
primeira vez, o que vai dinamizar
a democracia e a unidade nacional,
a reconciliação nacional e o desenvolvimento
económico, com o contexto
das forças armadas porque há
demasiada lentidão.
Por exemplo, as pessoas gostariam
de ver os nossos homens a serem
acantonados nas bases e serem selecionados
alguns para a Polícia,
segundo as referências do dossier
militar, que alguns quadros militares
da Renamo, que hoje estão nas
bases serão seleccionados para os
ramos do ministério do Interior,
além do enquadramento daqueles
nossos que já estão nas FADM,
nossos que foram marginalizados,
que devem ser enquadrados.
As pessoas dizem, Dhlakama se isso
falhar como é que é? Eu não gostaria
de ser chamado, acusado de ser
belicista.
O que vai acontecer, enquanto não
existir o enquadramento nas forças
armadas em termos dos nossos
comandos para estar nos lugares
de chefia, para evitarmos aquelas
emboscadas, porque aquelas emboscadas
de 12 de Setembro e 25
de Setembro de 2015 aconteceram
porque os lugares de chefia nas forças
armadas, os nossos não estavam
lá, os da Frelimo planificavam sozinhos
e faziam aqueles baleamentos
e toda aquela perseguição, até me
atacar de dia mesmo.
Agora nós queremos que tenhamos
os nossos homens no exército, assim
como foi desenhado em Roma, não
é uma coisa de hoje, já vem há 25
anos, infelizmente, o governo queria
que o acordo terminasse.
Então, não pode haver paz enquanto
o dossier que pós termo à guerra
de 16 anos não está a ser cumprido.
É preciso o cumprimento para
que haja uma solução efectiva para
o futuro.
O que eu posso dizer é que na parte
de defesa e segurança, se a Frelimo
continuar a não dar passos, eu não
terei outra alternativa se não manter
aqueles militares e seguranças,
que estão connosco do Rovuma ao
Maputo, para assegurar o povo, para
assegurar a Renamo, para criar o
equilíbrio, e a Frelimo não abusar e
não assassinar, não só a mim, as populações
consideradas como membros
da Renamo, porque de facto é
preciso que tenhamos um exército
como estado, como uma instituição
do Estado. O exército que nós
temos agora pertence à Frelimo
e assassina, faz e desfaz contra a
Renamo, contra as populações, por
isso exijo o enquadramento e todo o
mundo percebe isso, uma exigência
legitima, que já vem no dossier de
Roma. Agora, o que posso chamar
atenção é se a Frelimo não marcar
passo, tentar fazer demorar ou rejeitar,
eu não irei incomodar o Nyusi,
tenho os nossos guardas no Niassa,
Cabo Delegado, Inhambane, Sofala,
Manica, Tete, Zambézia, Nampula
e essas pessoas irão mantendo.
Porque a Frelimo pensa que nós
podemos levar as armas e entregar
a Frelimo, não temos que entregar.
Temos de entregar armas a uma
instituição do Estado, que nos irá
garantir a nossa segurança também,
como parte deste povo.
Não somos belicistas
Mas continua comprometido com
a paz?
Continuo a cem por cento. Olha, eu
não tenho outra estratégia, e nem
preciso de ouvir pessoas, arranjar
armas a disparar, matar pessoas e
sequestrar pessoas, a minha idade,
64 anos, que lutei desde 1977
até hoje, já vão quarenta e tal anos.
Portanto, não tenho outra estratégia
se não comprometer-me pela paz,
porque é com a paz que irá valorizar
Moçambique, é com a paz que
será assegurado que os moçambicanos
possam andar e ter liberdade, de
circular dentro do país. É com a paz
que iremos convencer os investidores
para investirem em Moçambique.
Também é com a paz que podemos
ter uma democracia efectiva
em Moçambique, é com a paz que o
povo moçambicano poder ter a sua
dignidade.
É um compromisso que tenho com
a paz, é grande responsabilidade,
porque se eu falhar seria uma decepção
ao povo moçambicano, porque
todo o mundo, os jovens, os moçambicanos,
os meus familiares, jornalistas,
empresários e intelectuais,
sabem que Dhlakama está na serra,
a busca da paz efectiva, por isso não
tenho outra alternativa, se não me
comprometer com a paz, embora
reconheça que não é fácil conquistar
uma paz efectiva com os nossos irmãos
da Frelimo, por causa da cultura
deles, mas penso que a própria
Frelimo está a entender que os dias
são outros.
Face a tudo isto, qual é a mensagem
que transmite ao povo?
Quero tranquilizar o povo moçambicano
que, apesar de tudo, eu
continuarei a negociar, em nome da
Renamo, e seguir e ouvir os conselhos
da população, porque o mais
importante é a paz, eleições livres e
transparentes, credíveis para evitar
problemas, como aquilo que tem
acontecido desde 1994. A Renamo
a ganhar eleições, a Renamo a
ganhar eleições, e nunca tivemos
oportunidade de tomar posse, e a
Frelimo alegado que está a ganhar,
quando está a roubar, é isso que tem
de terminar, porque não podemos
falar da paz efectiva quando estamos
a provocar o outro partido.
Nós não queremos, não somos belicistas,
mas também não podemos
ficar de mãos cruzadas, quando alguém
planifica para nos aniquilar,
temos o direito à vida e à defesa.
14 Savana 29-12-2017 Savana 29-12-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Com a edição que o estimado
leitor tem em mãos,
colocamos ponto final a
2017. Juntos estaremos na
próxima semana, quando o calendário
já estiver a contar dias e meses
de 2018.
O ano prestes a findar foi caracterizado
pela crise económica e fi-
nanceira, cujos riscos de prevalência
continuam altos, de acordo com os
alertas do Banco de Moçambique.
No meio de tantas dificuldades, com
maior expressão para o aumento do
custo de vida, o silêncio das armas
conquistado via tréguas foi a única
consolação para os moçambicanos.
Com a cessação dos confrontos militares
entre as Forças de Defesa e
Segurança (FDS) e o braço armado
da Renamo, vidas humanas foram
poupadas e foi restabelecida a ligação
sul – centro e norte do país, o
que contribuiu para o relançamento
da actividade económica nas zonas
mais atingidas pelo conflito.
O ano de 2017 começou com as armas
em posição de “descanso”, em
virtude do entendimento, via telefónica,
alcançado a 27 de Dezembro
de 2016, entre o Presidente da
República, Filipe Nyusi, e o líder da
Renamo, Afonso Dhlakama.
O entendimento a que os dois líderes
chegaram permitiu a concessão
de uma trégua de uma semana, que
durou até 04 de Janeiro, dando aos
moçambicanos festas de transição
de ano em paz.
Mais um diálogo telefónico entre
Maputo e Gorongosa levou o líder
da Renamo a anunciar a prorrogação
do cessar-fogo, de uma semana
para 60 dias, como forma de “criar
um ambiente favorável, para assegurar
o arranque do diálogo em Maputo”.
Em Março, o cessar-fogo foi novamente
dilatado por mais 60 dias até
Maio e depois por tempo indeterminado,
o que faz com que até hoje
as armas continuem no silêncio.
Paralelamente às tréguas, o governo
e a Renamo constituíram, em Fevereiro,
um novo grupo de trabalho
especializado para estudar as matérias
relativas à descentralização e
assuntos militares.
A nova equipa é composta unicamente
por moçambicanos, pondo
de lado a mediação estrangeira, o
que não deixava, “a priori”, o líder
da Renamo confortável.
Defendia Dhlakama que era preciso
ter uma espécie de “árbitro”
para equilibrar as discussões. Diferentemente
do antigo modelo, as
reuniões deste grupo decorrem à
porta-fechada e sem a imprensa por
perto.
Para o grupo especializado sobre
assuntos de descentralização, Filipe
Nyusi indicou Albano Macie
e Eduardo Chiziane, enquanto
Dhlakama apontou Saimone Macuiane
e Maria Joaquina.
Nas questões militares, a Renamo
designou André Magibire e Leovigildo
Buanancasso, tendo o executivo
apostado em Armando Panguene
e Ismael Mangueira.
Em Março, na sequência das reivindicações
do líder da Renamo, o
chefe de Estado anunciou a criação
de um grupo de contacto, cuja missão
era de prestar assistência financeira
e técnica. Não é permitido ao
grupo acompanhar directamente as
reuniões.
O grupo de contacto é composto
por sete personalidades: os embaixadores
da Federação Suíça, com a
presidência da equipa, dos Estados
Unidos da América, co-presidente,
República Popular da China e Reino
da Noruega e os alto-comissários
da República do Botswana, Reino
Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
do Norte, bem como o chefe da
Missão da União Europeia em Moçambique.
A saída das tropas governamentais
de 26 posições militares à volta da
serra da Gorongosa causou um
grande burburinho entre os dois ex-beligerantes.
Numa primeira fase, as partes haviam
acordado que os efectivos
militares deveriam desocupar as
posições até 30 de Junho, tendo o
movimento nesse sentido começado
a verificar-se depois das ordens do
Comandante em Chefe das Forças
de Defesa e Segurança, aquando das
celebrações dos 42 anos de independência.
Enquanto a Renamo falava de 26
posições, o governo falava de oito,
referindo que estas é que surgiram
no âmbito da guerra, sendo que outras
já existiam antes da eclosão do
conflito.
Um grupo de jornalistas foi convidado
pelo Ministério da Defesa
para, em Julho, certificar-se, ´in
loco` da desocupação das bases, que
na verdade, foi deslocação das tropas
de uma base para outra.
Como corolário do diálogo telefó-
nico, a 06 de Agosto, o Presidente
da República e o líder da Renamo
mantiveram um encontro na serra
da Gorongosa, onde “discutiram e
acordaram sobre os próximos passos
no processo da Paz”.
Foi um encontro preparado com
secretismo e sob os auspícios da
liderança do grupo de contacto, o
embaixador da Suíça, Mirko Manzoni.
A reunião freou os ânimos do
espectro da guerra e dinamizou as
negociações para a busca de uma
paz definitiva, o que mereceu uma
saudação efusiva por todos os extractos
da sociedade.
Na primeira quinzena deste mês,
falhou o segundo encontro entre
as partes, que se deveria realizar
novamente na Gorongosa. Nyusi,
juntamente com uma comitiva de
embaixadores integrados no grupo
de contacto, descolaram-se ao
acampamento do Chitengo no sul
do Parque Nacional da Gorongosa
(PNG), de onde esperava seguir
para o local da reunião, facto que
não veio a concretizar-se por “motivos
organizacionais”.
Uma nota da Presidência da Repú-
blica informou que houve um diá-
logo por teleconferência entre Filipe
Nyusi e Afonso Dhlakama, sem, no
entanto, revelar detalhes conteúdo.
Gastos em tempo de crise
Com o país a atravessar uma aguda
crise económica e financeira, agravada
pelas chamadas “dívidas ocultas”
contraídas na administração
Guebuza, o que levou os parceiros
de cooperação a suspenderem o
apoio financeiro, os moçambicanos
tiveram um ano extremamente
difícil, com um governo insensível
e preocupado em garantir o bem-estar
dos seus colaboradores.
Os funcionários públicos foram sujeitos
a um corte de 50% no seu 13º
salário, viram progressões nas carreiras
congeladas e tiveram apenas
500 meticais de aumento salarial no
presente ano, quando a inflação disparava
para os 19%.
Um patrão “humilhado” pelo seu empregado
Por Argunaldo Nhampossa
Houve cortes no subsídio às gasolineiras
e às moageiras, que garantiam
a manutenção dos preços de chapa
(ainda não sofreram alteração nos
centros urbanos) e de pão; registou-se
a subida do preço de energia
eléctrica e de água, cujo fornecimento
tem sido deficitário.
É possível que o chefe de Estado tenha
qualificado o povo moçambicano
como “resiliente”, no seu discurso
de Estado Geral da Nação, por
ter aguentado tudo o que se abateu
sobre ele este ano.
Contrariamente a esta política de
austeridade imposta aos funcioná-
rios públicos e ao povo, o executivo
foi mostrando uma postura de que
não estamos em crise.
O primeiro sinal veio do parlamento,
que gastou 228 milhões de meticais,
com a aquisição de 18 viaturas
de marca Mercedez Benz para os
membros da Comissão Permanente
da Assembleia da República.
Quando se pensava que já era
tudo, eis que o país é atingido
por um anúncio de aquisição de
45 viaturas de luxo no valor de
118.096.251,14MT, para garantir
“conforto” aos altos dirigentes.
E já a fechar o ano, foi revelada a
aquisição de uma aeronave, um
Bombardier Challenger 850 de 14
lugares, por USD 9,2 milhões para
o segmento executivo da LAM, mas
que agora é frequentemente usado
pelo Presidente da República.
A aeronave foi usada para levar o
Presidente Filipe Nyusi à tomada de
posse do novo Presidente do Zimbabwe,
Emmerson Mnangagwa.
O governo justifica o investimento
com a necessidade de criar um negócio
no segmento executivo, numa
altura em que a companhia de bandeira
nacional não dispõe de frota
suficiente para fazer face à demanda.
Legalização das dívidas
A aprovação da Conta Geral do Estado
de 2015 mereceu acesos debates
na Assembleia da República e no
seio da sociedade civil.
Graças à sua maioria na Assembleia
da República, a bancada parlamentar
da Frelimo na Assembleia da
República (AR) viabilizou a aprovação
da Conta Geral do Estado de
2015, que incluía as dívidas da Mozambique
Asset Management e da
ProÍndicus, como dívidas do Estado
moçambicano.
Era a oficialização daquelas dívidas,
contraídas numa clara violação
da lei orçamental e sem consulta à
própria AR, numa altura em que o
país já registava incumprimento nos
pagamentos de juros.
Na sessão que aprovou a Conta
Geral do Estado, a bancada Parlamentar
da Renamo optou por abandonar
a sala, o MDM votou contra
e a Frelimo votou a favor, alegando
tratar-se de acção que visa organizar
a contabilidade do país.
Inconformada com a deliberação da
Frelimo, a sociedade civil, representada
pelo Fórum de Monitoria de
Orçamento (FMO), recolheu 2 mil
assinaturas em todo o país e fez uma
petição para o Conselho Constitucional
(CC), exigindo a declaração
de inconstitucionalidade da Conta
Geral do Estado 2014.
O FMO justifica a iniciativa com o
facto de aquela conta ter oficializado
a dívida da EMATUM no valor
de USD 850 milhões.
A conta geral de 2015, que regulariza
as dívidas da MAM e ProÍndicus,
apesar de ter sido aprovada
pela AR, ainda não foi publicada no
Boletim da República, pelo que só
depois irão solicitar a declaração de
inconstitucionalidade.
A divulgação dos resultados da
auditoria da Kroll às dívidas da
EMATUM, MAM e ProÍndicus
era aguardada com muita espectativa
pelos moçambicanos, que pretendiam
saber do destino dado aos
cerca de USD 2.2 mil milhões.
Depois de três adiamentos sucessivos
na entrega do relatório de auditoria
às autoridades moçambicanas,
a PGR comunicou a recepção da
auditoria da Kroll a 12 de Maio.
Finalmente, a 24 de Junho, foi divulgado
o sumário executivo do relatório,
com os nomes dos principais
implicados codificados.
A PGR tinha mais 90 dias para divulgar
o documento na íntegra, tal
como emanam os termos de referência,
mas até ao momento o documento
final foi apenas partilhado
com as embaixadas e não com o
público.
A PGR continua silenciosa quanto
à responsabilização dos mentores
das dívidas, uma acção que constitui
uma das principais exigências dos
doadores para a retoma do financiamento.
Assassinato de Amurane
O bárbaro assassinato de Mahamudo
Amurane a 04 de outubro, dia
em que o país celebra o Acordo Geral
de Paz (AGP), foi um dos acontecimentos
que chocaram o país.
Amurane travava uma “batalha”
com o partido que o levou à presidência
do município de Nampula, o
MDM.
O assassinado edil chamou o presidente
do partido, Daviz Simango,
de ditador e ambicioso por pretender
recandidatar à presidência do
município da Beira e à Presidência
da República.
Amurane entrou em desinteligências
com o seu partido, exonerou
vereadores provenientes do MDM,
faltou na reunião da Comissão Política
Nacional do MDM, que teve
lugar na cidade de Nampula e, por
fim, anunciou que, nas próximas
eleições autárquicas, não iria concorrer
pela terceira maior força polí-
tica em Moçambique.
A decisão não foi bem acolhida pelo
partido, que chegou a atribuir-lhe
nomes como ingrato e traidor.
Mahamudo Amurane foi alvejado
a tiro quando, no princípio da noite
do dia 04 de Outubro, saía de uma
das suas propriedades nos arredores
da cidade de Nampula.
Radicalismo em Mocímboa
Se antes o mundo falava muito bem
da província da Cabo Delgado, devido
à descoberta de jazidas de gás,
doravante pode passar a não ser assim.
O primeiro episódio negativo que
manchou a reputação da província
teve lugar no distrito de Montepuez
onde um o chocante vídeo de torturas
de garimpeiros nas minas de
rubi de Namanhumbir inundou as
redes sociais. Nas imagens, aparecem
agentes da lei e ordem, numa
clara violação dos direitos humanos,
infligindo duros golpes ou dando
ordens para se torturarem.
Não se sabe ao certo quando é que
sucederam aqueles actos macabros,
mas o caso ficou conhecido como
“rubis de sangue”.
O segundo caso ocorre no distrito
da Mocímboa da Praia, no qual grupos
inspirados no radicalismo islâ-
mico geraram pânico.
Munidos de catanas e armas de fogo
começaram atacando posições militares.
Agora os líderes comunitários e
secretários considerados fontes de
informação das forças governamentais
também não escapam à fúria
dos radicais, que vão semeando luto
e dor e obrigam as comunidades a
deslocarem-se para outros pontos
que julgam seguro.
Julgamentos
Como forma de mostrar “comprometimento”
no combate à corrupção,
ao longo do ano, fomos assistindo
a uma série de julgamento de
“gente grande”, um exercício visto
em alguns sectores de opinião como
tendo um claro objectivo de distrair
os doadores do foco dos mentores
das dívidas ocultas.
Entre os casos judiciais, avulta a
condenação de Abdul Remane
Lino de Almeida, ex-ministro da
Justiça, Assuntos Constitucionais
e Religiosos, a dois anos de prisão
efectiva por uso de fundos públicos,
para financiar pessoas estranhas ao
ministério uma viagem à Meca.
Consta ainda o nome da antiga directora-executiva
do IPEX, Cecília
Candrinho, do antigo ministro da
Juventude e Desportos Carlos de
Sousa e, recentemente, da directora
do Fundo de Desenvolvimento
Agrário, Setina Titosse, que recentemente
foi condenada a 18 anos de
prisão.
Neste final do ano, vimos detidos e,
posteriormente, restituídos à liberdade
sob pagamento de caução os
arguidos do “caso Embraer”. Os três
deverão responder o processo em
liberdade.
Trata-se do antigo Ministro dos
Transportes e Comunicações, Paulo
Zucula, do antigo PCA da LAM,
José Veigas, e do antigo director-geral
da Sasol, Mateus Zimba.
Magistrados em maus
lençóis
A classe dos juízes ficou com a imagem
seriamente chamuscada, devido
à forma como alguns membros
da classe dirigiram os processos que
tinham em mãos.
A juíza do caso “milhulamente”, Judite
Maocha, terá se envolvido em
esquemas de favorecimento de uma
das partes processuais, facto que
lhe valeu a expulsão pelo Conselho
Superior da Magistratura Judicial
(CSMJ).
Outro caso veio do Tribunal Distrital
de Montepuez, onde a juíza
presidente, Judite Abdul, terá se
envolvido num caso de troca de favores
com o queixoso, para que não
pronunciasse um dos visados na
matéria, por questões políticas.
Na berlinda, entrou também a juíza
Marina Augusto, que dirigiu o julgamento
do caso “Josina Machel”.
A juíza é acusada de adulterar a
sentença, na qual condenou o réu
Rufino Licuco a pagar uma indemnização
de cerca de 200 milhões de
meticais.
Na sala de sessões, leu uma sentença
que condenava o réu a uma pena
suspensa por um período de cinco
anos, mas, mais tarde, a mesma
sentença já estabelecia um prazo de
30 dias para o pagamento da indeminização,
como condição para a
suspensão da pena. Em caso de não
pagamento, o réu recolhia à cadeia.
Balanço 2017
O processo para a eleição do presidente
da Confederação das Associações
Económicas (CTA) foi um
dos mais conturbados na história
daquela agremiação.
Assistiu-se a uma autêntica campanha
de assassinato de carácter
dos candidatos, a nível dos media e
redes sociais, bem como a promessas
de compra de votos com valores
exorbitantes.
A gota de água que fez transbordar
o copo foi quando a comissão
eleitoral invalidou a candidatura
de Quessanias Matsombe, um dos
concorrentes.
O processo chegou à barra do tribunal,
mas, em antecipação à decisão
judicial, a CTA convocou um
encontro no qual os concorrentes
“fumaram o cachimbo da paz”.
Agostinho Vuma acabou levando a
melhor e dirige a maior agremiação
dos empresários em Moçambique.
Uma ruptura de combustível na capital
do país em pleno final do mês
de Janeiro deixou os automobilistas
em alvoroço.
Para a sociedade, aquela era a maior
expressão da crise financeira, mas as
autoridades justificaram com uma
falha no processo de importação de
combustíveis.
A escassez de gasóleo e gasolina
espalhou-se por mais províncias.
A Inspecção Nacional das Actividades
Económicas (INAE) encetou
a partir de Fevereiro uma forte
campanha de inspecção aos estabelecimentos
comerciais no país,
que resultaram no encerramento de
muitos.
Com destaque para as padarias e
matadouros que se apresentavam
imundos e em condições de trabalho
deploráveis, o alarme soou, de facto,
quando a INAE mandou encerrar o
mítico restaurante Cristal, no centro
da capital, que era frequentado pela
elite, incluindo dirigentes.
A campanha alastrou-se por todo
o país e várias casas de pasto foram
obrigadas a encerrar ou acabaram
multadas.
Com alto custo de vida passou a ser difícil colocar comida em casa
Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama buscam consensos rumo à paz
Povo patrão transportado como se fosse gado
Promiscuidade de alguns magistrados manchou a classe
OPINIÃO Savana 29-12-2017 19
560
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
N
aturalmente que esperarão
de mim a frontalidade e espírito
crítico que penso caracterizarem
as minhas intervenções
de cidadão, preocupado
e voluntariosamente e participante,
mesmo
que alguns assim não o pensem.
Não ao conceito político de crítico,
quase sinónimo de “contra”. Procuro
ser crítico na concepção de Descartes:
“penso logo existo, suportado
por um pensamento sempre questionante,
a chamada dúvida metó-
dica.
Não escrevo nem falo para agradar
ou desagradar alguém. Aprecio as
iniciativas abertura da Frelimo à
sociedade.
Inclusivamente para os designados,
entre outros adjectivos, de críticos.
Se assim for e assim progredirem,
certamente que o povo, esta palavra
quase que desaparecida dos
discursos políticos, agradecerá. Um
sistema político e uma Frelimo democrática,
com respeito pelas diferenças
e pelo saber aprender e reconhecer
os erros. Parece que se está
no princípio desse processo, e assim
espero que continue.
Passo às questões fundamentais sobre
a agricultura:
Primeiro,
A agricultura consta na Constituição
como a base do desenvolvimento.
Este princípio foi apenas e
com severas críticas, parcialmente
respeitado nos primeiros anos após
a independência.
Há anos que se pretende uma Lei
da Agricultura. Existiram avanços e
recuos que representam iniciativas
favoráveis e resistências, incluindo
na Frelimo. Mas em pouco tempo,
foram
elaboradas e aprovadas outras leis,
como a de Minas. Porque será? Será
que as multinacionais e os interesses
locais aceleram o executivo e a AR?
A não priorização da agricultura,
reflecte-se nos recursos alocados
ao sector no quadro do orçamento
público. Acontece que o sector nunca
atingiu mais de 7% e tem a tendência
decrescente em situação de
crise. Apenas a inclusão de rubricas
de outros sectores fazem crer que
a agricultura e o desenvolvimento
rural absorvem 10% ou mais do
orçamento. Sugiro que os senhores
deputados tenham este aspecto em
consideração: o princípio constitucional
deveria reflectir-se no orçamento.
Dentro do orçamento da agricultura
é muito questionável a alocação
interna. As áreas com grande influência
sobre a produtividade não
são priorizadas, como são os casos
da investigação, da extensão rural,
dos mecanismos de transmissão dos
resultados da investigação para a
produção, a formação a vários níveis
e áreas de conhecimento e da sanidade
vegetal e animal. A capacidade
de fiscalização, além de limitada,
pode estar capturada por interesses
económicos: como se justifica o
extermínio de espécies faunísticas,
da desflorestação acelerada, do não
cumprimento das leis como é o caso
da Lei da Terra, etc.?
Felizmente que falar agora de corrupção
já não é um acto dos não
patriotas. É sim de patriotas.
Segundo,
A instabilidade institucional tem
sido uma característica da organização
do aparelho de Estado desde
o nível central ao local.
Mudam-se sistematicamente os
ministérios, as direcções nacionais,
as direcções distritais. Mudam-se
frequentemente os dirigentes. Isso
é agravado pela não preservação de
uma memória institucional.
Ao mudarem-se as orgânicas, mudam-se
muitas vezes as políticas.
Na agricultura já existiram e existem
muitas estratégias e programas.
Grande parte delas, em pouco ou
nada resultaram.
Mudanças de estratégias é uma forma
de instabilidade institucional.
A agricultura realiza-se no terreno.
As instituições públicas devem ter
maior descentralização em termos
de capacitação técnica, gestão de
recursos orçamentais nos distritos e
que os técnicos não se ocupem em
tarefas diversas conforme as preocupações
das direcções e dirigentes
locais do Estado ou dos partidos
políticos que governam nesses territórios.
Em alguns momentos, os
extensionistas são transformados
em comissários políticos.
Terceiro,
Apesar dos documentos que conhecemos,
não há nem houve, política
agrária e defino o que isso significa,
para não haver interpretações vá-
rias. Uma política estável, de longo
prazo, coordenada intersectorialmente
e no quadro das políticas
macroeconómicas. Uma política
que defina claramente prioridades
produtivas e territoriais, onde os
equilíbrios políticos não contrariem
sistematicamente a eficiência e racionalidade
económica e social na
utilização dos recursos. Esperemos
pela documento em elaboração. Os
documentos existentes são “agraristas”,
isto é, departamentalizados e
não integrados numa estratégia de
longo prazo. Quase tudo é prioritário,
e quando assim é, nada fica
prioritário.
Quarto,
Os camponeses são marginalizados.
Isso é facilmente demonstrável. As
acções concentram-se no investimento
privado, maioritariamente
estrangeiro, ou na integração do
camponês no mercado através das
cadeias de valor (extracção de excedentes
por via do comércio e
através da subcontratação ou ainda
por apoios financeiros e diversos tipos
de subsídios). São os chamados
agricultores emergentes ou camponeses/agricultores
comerciais.
Nada há contra estas opções. Mas
não será possível, nos próximos
muitos anos, transformar cerca de 4
milhões de parcelas de famílias de
pequenos produtores em agricultores
comerciais ou em pequenos ou
médios produtores emergentes.
Por outro lado, a economia não tem
capacidade de criação de emprego
em outros sectores.
São os camponeses que produzem
mais de 90% dos bens alimentares
básicos, sobretudo os grãos: cerca
de 70% da população tem como
principal fonte de rendimento a
agricultura.
Não haverá redução do número de
pobres sem se aumentarem os rendimentos
dos camponeses; a subnutrição,
se baixar, será a ritmos lentos;
as desigualdades entre o meio rural
e o urbano aumentarão; os défices
da oferta interna necessitarão de
mais importações.
É urgente priorizar os produtores
de bens alimentares básicos para o
mercado interno, com mais e melhor
extensão, boas sementes, conservação
dos solos e com pesquisa
técnica e a também socioeconómica,
esta praticamente inexistente na
administração pública. Havendo
preços atractivos e garantia de comercialização,
os camponeses respondem
rapidamente com aumentos
de produção e produtividade.
A recuperação da produção após o
Acordo Geral de Paz e o caso recente
do feijão boer, desmistificam
o preconceito ideológico que o
camponês não assume novas técnicas,
não é sensível aos mercados e
que a pequena escala não tem competitividade.
Quem produz o milho
de que se diz haverem excedentes?
São os emergentes ou são os camponeses?
Só os camponeses nas suas pequenas
escalas, mas porque somam
milhões de hectares, poderão corresponder
a médio prazo com as
necessidades desses produtos no
quadro da segurança alimentar e
nutricional. O sector privado está
concentrado nas culturas para a exportação
e para o mercado interno,
mas que exigem capital e trabalho
mais especializado.
Quinto,
O sector privado, sobretudo as pequenas
e médias empresas, não sentem
ou sentem muito pouco a acção
do Estado.
Basta perguntar aos agricultores, o
que aconteceria se o Estado não tivesse
Ministério da Agricultura.
Em quase todo o mundo, a agricultura
não é competitiva na alocação
dos recursos da economia, simplesmente
por via do mercado; o investimento
sectorial, os volumes de
crédito concedido ao sector, a acumulação
nas várias fases das cadeias
produtivas, etc., revela claramente
isso. Se a agricultura é realmente a
base do desenvolvimento. O Estado
deve ter políticas que reduzam esse
handicap. Isso faz-se com políticas
fiscais e de crédito, com o investimento
público, com capacitação e
estabilidade institucional, com redução
das distorções dos mercados,
com a criação de um bom ambiente
produtivo, de negócio e social.
Existe a ideologia que o Estado não
deve influenciar e muito menos estar
no mercado. Hoje os países desenvolvidos
foram e são fortemente
intervencionistas nos mercados e
nos preços agrícolas, na protecção
dos produtores nacionais ou de regiões
económicas, na sustentação
dos rendimentos dos agricultores.
O próprio FMI e Banco Mundial,
expoentes institucionais do neo-liberalismo,
estão mudando os seus
discursos e admitem que o liberalismo
económico produz problemas
políticos e sociais. Um observador
isento verá muitos dirigentes do
nosso país ideologicamente à direita
do Consenso de Washington. Se
assim for, têm o direito de o ser e de
serem respeitados por isso.
Ao sector privado, pode-se incentivar
para investimentos na
agro-indústria e nos serviços aos
agricultores e na comercialização.
Igualmente em culturas de exportação
que exigem certificações
de qualidade de diferentes tipos e
escalas produtivas que facilitem o
acesso aos canais de comércio e distribuição.
Ao sector privado deve-se
exigir que criem interesse comercial
com o estabelecimento de relações
com os camponeses, fornecendo insumos,
incluindo a crédito em espé-
cie, na subcontratação da produção
e na comercialização. O agricultor
privado deve deixar de ser agricultor
para ser um empresário que
não deixa todos os ovos no mesmo
cesto, tanto mais que a agricultura é
uma actividade de riscos específicos
(clima, doenças e pragas, etc.).
Sexto,
A modernização da agricultura
é um factor importante para o
aumento da produtividade. Por
modernização entende-se a disponibilização
de equipamentos de
diferentes tipos para produtores de
diversas escalas e tipos de produção;
significa conhecimento e informação
dos agricultores e habilidades
na relação com os mercados; significa
utilização do conhecimento e
melhoramento de sementes locais e
diferentes formas de conservação e
fertilização dos solos e de combate
a doenças e pragas. Significa existir
um sistema de armazenagem e de
informação sobre os mercados, que
permita aos agentes económicos e
sobretudo aos produtores, venderem
a produção em momentos em
que os preços lhes sejam favoráveis.
Significa existirem boas estradas
vicinais. Mecanização não é necessariamente
sinónimo de tractores
e auto-combinadas, de produtos
químicos, de produção em larga escala
e em monoculturas. Isto parece
nem sempre estar claro nas práticas
e opções da agricultura.
Sétimo,
Os recursos naturais estão sendo
delapidados como são os casos da
terra, da fauna, das florestas, dos
minérios, e a contaminação da
água. Estudos revelam perda de
fertilidade dos solos. É conhecida
a eminência do desaparecimento de
espécies animais; reservas florestais
são devastadas.
É absolutamente incrível como,
sabendo-se destas práticas, não
existem medidas de fiscalização e
sancionamento. Isso dá espaço para
se insinuar acerca do envolvimento
de pessoas com responsabilidades
nesses negócios. Não só apenas os
estrangeiros; o provérbio popular
moçambicano refere que quando
o ximoko entra numa casa, alguém
dessa casa lhe abriu a porta. Suspeita-se
que esses tráfegos se fazem
com várias articulações de interesses
a diferentes níveis, incluindo a
nível local.
Oitavo,
É necessário criar o ambiente social
e democrático favorável para
o aumento da produtividade.
Para o efeito e quiçá a via mais
É
frequente lermos que
certas formas de pensamento
consideradas
retrógadas podem ser
eliminadas caso ajamos sobre
elas com explicações racionais,
do tipo científico.
Porém, essas formas de pensar
e de entender a vida e o mundo
não vivem delas própias,
são, antes, produto concreto
e histórico de relações sociais
concretas. Só agindo continuadamente
e prolongadamente
sobre essas relações é que pode
surgir a mudança cognitiva.
Na verdade, a mudança cognitiva
nem sempre é imediata:
alterações substanciais nas relações
sociais podem ser acompanhadas
de sobrevivências
prolongadas das formas cognitivas
anteriores. Face a novas
relações sociais é frequente
recorrer-se às velhas ideias pertencentes
a anteriores formas
de vida para tentar compreender
as coisas novas.
Nota: para cada uma e cada de
vós, votos de um feliz 2018 habitado
pela saúde, pelos êxitos profissionais,
pelo afecto e pela paz.
Sobre formas de pensamento
Pensar a Agricultura
Por João Mosca*
OPINIÃO 20 Savana 29-12-2017
SACO AZUL Por Luís Guevane
E
stamos a transitar para o 2018 e
é estranho que ainda não tenha
aparecido um ou outro governante
a sugerir o menu para as festas.
Menu de cima para baixo. Menu que só
o povo entenda. Não seria a primeira vez
porque oficialmente já se sugeriu como
menu principal patinhas e pescoços.
Tudo isso ficou mais conhecido por “patinhas”.
Alguns oportunistas chegaram
a encarecer as patinhas de tal modo que
até criaram alguma confusão. Ou seja,
ficou-se sem perceber se as pessoas não
compravam as “patinhas” porque o preço
se tornara quase exorbitante ou se rejeitavam
o produto como manifestação de
revolta pelo anúncio feito. Um conhecido
contou-me que por essas alturas
mais não fez do que cumprir as orientações
políticas emanadas pelo Governo
central: passou as festas do Natal e do
fim de ano consumindo exclusivamente
Menu 2018
patinhas para não ser visto como “oposição”.
Traumas da “disciplina partidária”. Em voz
baixa, muito baixa mesmo, contou-me que
só fazia isso quando recebesse visita dos
seus “camaradas”. Mas, as patinhas passaram
e muitos já não se sentem tão traumatizados
como nessa altura. Mais importante do
que as patinhas foi a aprendizagem sobre
as competências dos governantes. Sugerir
patinhas deu problemas. O mesmo poderia
acontecer se se tivesse sugerido um frango
assado com batatas fritas para qualquer família
moçambicana. A melhor coisa é evitar
sugestões populistas em que o feitiço se
vira contra o feiticeiro. Cada um sabe como
aperta o cinto e como descobre os caminhos
para ter sempre uma refeição à mesa. Que
não apareçam em 2018 governantes tipo patinhas
ou tseke, cujos pescoços se tornaram
invisíveis.
Estamos praticamente em 2018 e a questão
da paz efectiva, como muitos esperavam, não
deu os prometidos sinais a partir da Assembleia
da República. Pode ser que siga o mesmo
procedimento das dívidas ocultas que se
tornaram “públicas”. No devido momento,
no decurso de 2018, os deputados irão receber
os documentos e tudo o que nos tem
sido ocultado nos encontros entre os dois
presidentes se tornará público.
As questões da paz, da descentralização, da
desmobilização e integração dos homens
da Renamo, da impensável paridade, enfim,
das cautelosas negociações, ao não terem
transpirado até Dezembro de 2017 transformaram-se
num indicador de frieza entre
as partes. Neste sentido, resta simplesmente
esperar pelo desenvolvimento desses pacotes
em função do acordo de não se anunciar a
data das eleições de 2019 antes da aprovação
dos mesmos pela Assembleia da República.
Dhlakama parece ter fé de que essa aprovação
irá ocorrer conforme o que foi acordado
com Nyusi. Este desafio poderá pôr à prova
importante, é ampliar as plataformas de coordenação
e participação da sociedade, das organizações
da sociedade civil,
das associações privadas e do Estado. Estas
devem ser vistas como parceiras e, aquelas que
se integram no conceito de “3º sector”, podem
contribuir para executar funções não interessantes
para o sector privado e que o Estado
não possui capacidade de realização. Na saúde
e educação existem estas parcerias. Por que
não capacitar e financiar estas organizações
ou a criação de empresas para a realização de
formação, extensão e investigação socioeconómica?
As plataformas são ainda espaços de debate,
discussão das estratégias, dos problemas e das
soluções. São parceiros para a resolução de situações
de conflitualidade, como por exemplo,
sobre as ocupações de terras e sobre os processos
de reassentamentos. As comunidades poderão
participar na gestão de recursos naturais
e nas funções de fiscalização desses recursos.
Não tenhamos receio de formar e informar os
cidadãos. O combate à pobreza e a construção
da democracia estarão feridas de morte sem
cidadãos formados e informados, sem democracia
e sem cidadania activa.
A sociedade evoluiu. As organizações da
sociedade civil cresceram em quantidade e
qualidade. São realidades que ninguém pode
ignorar. Isto significa que o sistema político e
os partidos, têm que deixar de estar enclausurados,
pensando-se os monopolistas do poder.
Os níveis de conflitualidade social e laboral
no meio rural têm aumentado. É nas zonas
onde há mais investimento, onde essas conflitualidades
são mais evidentes, a pobreza e
as desigualdades mais crescem, onde a desnecessária
confrontação entre o poder e a sociedade
acontecem. As plataformas são espaços
de entendimento, isso sim, em defesa da Lei,
dos direitos humanos, do direito das comunidades
no acesso aos recursos, do direito à
informação e às liberdades e garantias constitucionais.
Porque assim nem sempre foi a
regra, surgem as designações de mão externa
e sociedade civil como a verdadeira oposição
ao poder. Isto não é correcto. As organizações
representativas dos camponeses e dos empresários
têm de ser respeitadas e consideradas
como porta-vozes, pois são legítimos, porque
eleitos. As organizações da sociedade civil não
representativa de colectivos alargados devem
ser reconhecidas pelo mérito no exercício das
suas funções.
A aplicação da Lei de acesso à informação
não pode ser evitada por alegados segredos
estatísticos não regulamentados ou por supostos
segredos de Estado. Esta argumentação é
agravada muitas vezes pela não existência de
informação sistematizada.
Mas também pode ser um acto propositado
de não transparência do funcionamento das
instituições. Esta abertura é fundamental.
Nono,
Se algum regime quer ficar nas páginas douradas
da nossa história, necessita democratizar
a sociedade e acabar com a pobreza e a
má nutrição, e construir o bem-estar do povo,
sobretudo com maior e mais equitativo acesso
à educação e saúde de qualidade. Falando da
agricultura, ficará na história aquele regime
que acabar com a pobreza e a má nutrição.
Para isso sugere-se que exista, como ponto
de partida, um pacto político supra partidário
e supra ciclos políticos. Há questões da nação,
do povo, que não devem ser politizados
e muito menos partidarizados e constituírem
agendas das lutas políticas.
Todos os casos de sucesso da agricultura resultam
de políticas públicas e de mercados
estáveis de longa duração, que não obstante
chuvas de críticas, persistiram nos seus objectivos.
A plataforma da sociedade civil para políticas
públicas na agricultura apresentou ao Presidente
da República o documento Contributo
para uma mudança no desempenho económico,
social e ambiental da agricultura em Moçambique.
Fê-lo no âmbito dos encontros com dirigentes
e técnicos de vários ministérios responsá-
veis e relacionados com a agricultura e o meio
rural, nas entrevistas concedidas pelas chefias
das três bancadas parlamentares. As reacções
verbais são cautelosas ou favoráveis mas nem
sempre as linguagens não verbais são convincentes.
Senhor Presidente, o martelo é seu, e,
em si, existem reservas de confiança, admitindo
desde já que os caminhos são morosos e
difíceis.
*Intervenção editada no debate público sobre
agricultura promovido pela Frelimo a 7 de Dezembro
de 2017. Edição e título da responsabilidade
do jornal.
não só a imagem do partido no poder
como do próprio país no que toca à estabilidade
político-militar. Cumprindo-se
o acordo elege-se a paz como caminho;
esquivando-o abre-se espaço para a instabilidade
político-militar. É aqui onde
entra a estratégia demográfica de esperar
pelo envelhecimento dos que hoje decidem
pela guerra e paz; esperar para além
do ditado que diz que panela velha faz
comida boa. Ou entram em ambiente
senil visivelmente agudo ou partem desta
para outra. Assim facilmente se redesenham
as estratégias.
Cá entre nós: 2018 tem como menu principal
a paz. Mas, quantas vezes não pedimos
o que está no menu e simplesmente nos
dizem que acabou ou que não têm. Porque
se põe no menu o que não se pode servir?
Felizmente a paz ainda está no menu de
Moçambique, resta saber se vai mesmo ser
servida.
Quando cheguei a casa ao princípio da noite
daquela sexta-feira, 17 de Dezembro,
Raquel recebeu-me com uma notícia que
me deixou descoroçoado. Tinha havido
mexidas na escala de serviço, de modo a fazer
frente à quadra festiva que se aproximava, e a ela
tinha calhado a lotaria de estar de vela na noite
de 24.
As mexidas nas escalas de serviço dela já estavam
no nosso calendário de hábitos, uma vez que ela
já se encontrava de serviço como enfermeira nas
Urgências havia quase uma década e meia. Mas,
daquela vez, a mudança apanhou-nos um pouco
em contrapé, porque dias antes – e obedecendo
a um pedido insistente e comovente da nossa fi-
lha Letícia –, acordáramos que iríamos com ela
à Missa de Galo para vermos a obra que ela e
outras, sob orientação do padre Esaú Chiconela,
tinham erguido no átrio da igreja: um imenso
presépio.
Aquela obra tinha mobilizado todos os párocos.
Por parte da cerâmica local, o padre Chiconela
tinha garantido que lhe fizessem suplemento de
barro suficiente para que os seus obreiros, crianças
e adolescentes da paróquia, fabricassem tijolos,
que depois foram cozidos no forno dessa
mesma cerâmica.
Conseguiu dos carpinteiros que se associassem e
montassem um tablado de encaixes de madeira
de pinho, sobre o qual atarraxaram uma armação
do mesmo tipo de madeira, encimada por
um gradeamento. Na armação, a equipa do padre
Chiconela montou ainda os tijolos, e assim
se formou um presépio amplo, de forma circular,
com apenas uma entrada, a porta. Sobre o gradeado
no topo fizeram o telhado, constituído
por palha seca bem entrançada, e colocaram uma
estrela imensa, construída com conchas e búzios
envernizados por tudo o que era mão hábil na
equipa.
À nossa entrada, naquela noite de 24, eu e mesmo
a Letícia ficámos espantados pelo espaço
que havia no interior do presépio. Cabiam ali, à
vontade, umas 15 ou 20 pessoas de pé. Consegui
distinguir perfeitamente os 3 reis magos, que tinham
à volta da cintura um cordão de sisal do
qual pendiam cabaças, nas quais levavam as oferendas
para o recém-nascido, aconchegado por
cima de uma manjedoura de palha, sobre um suporte
de madeira de jambira. Era um pimpolho
reboliço, rechonchudo, de pele de cor achocolatada,
deitado de costas com as pernas levantadas,
tendo a esquerda cruzada sobre a direita, sendo
que do tornozelo desta pendia uma espécie de
cordão de missangas.
Sorria um sorriso angelical, contagioso, e embora
ainda não tivesse dentes, podia-se adivinhar
que os teria alvos. Imaginação minha, talvez. E
os olhos brilhavam-lhe por baixo daquela carapinha
encaracolada. Sentada mesmo ao lado dele
estava a sua mãe, a rendeira Maria, e de pé, com
o seu bordão comprido, o carpinteiro José, com
um ar que não sei como iria definir: se resignado,
se feliz, se extasiado. Seja como for, ali estava a
Sagrada Família.
Mesmo ao lado da entrada, estava erguido um
grande pau atarraxado também ao tablado. Neste,
o padre Chiconela e a sua equipa tinham colocado
prateleiras circulares que diminuíam de diâ-
metro da base ao topo, sugerindo o seu formato,
pelo facto de estar pintado de verde, o de uma
árvore de Natal. Nestas prateleiras estava tudo o
que era possível serem oferendas, mas o que nos
atraía a todos por igual era aquela formiga que
também tinha os olhos postos naquele recém-nascido,
que se mexia alheio a tudo, feliz consigo
próprio e indiferente ao que pudesse existir
à sua volta.
Quando José nos deu sinal a todos para nos aproximarmos
da árvore de madeira e nos servirmos,
ao nosso gosto, do que havia, fui avidamente puxando
a Letícia pela mão para que fizéssemos as
honras à nossa gulodice. Foi exactamente nesse
momento que senti cotoveladas no flanco esquerdo
e uma voz infantil a dizer – “Pai acorda, a
missa já acabou!”
No dia seguinte à hora do almoço, quando ela
contou a história à mãe, esta interrompeu-a perguntando,
sobressaltada:
– O pai não roncou durante o sono todo, na missa?
– Não, mãe. Sempre que ele entreabria a boca
para começar a roncar, eu tapava-lhe as narinas
até ele a fechar de novo.
Dito isto, a Letícia irrompeu num riso cristalinamente
sonoro e franco, contagioso, e foi sob este
ambiente que decorreu o nosso almoço de Natal
daquele ano.
O presépio
SOCIEDADE Savana 29-12-2017 21 PUBLICIDADE
SUPLEMENTO 2 Savana 29-12-2017 Savana 29-12-2017 3
OPINIÃO Savana 29-12-2017 27 Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) O
ano de 2017 está prestes a findar. E de todas as formas procuramos fazer
uma reflexão para avaliar se o mesmo foi produtivo, tendo em conta
os nossos desafios profissionais, sociais e de outra índole.
De modo geral, o ano de 2017 foi bastante difícil. O nível de vida encareceu
e o preço de várias coisas não pára de subir. Para os mais sabidos as
dificuldades vão aumentar.
Contudo, somos todos chamados a encontrar as melhores soluções para as dificuldades
que nos esperam nos próximos tempos. Isso é para todos. Tudo bem,
estamos em tempos de revitalizarmos as nossas energias para os iminentes duelos.
Nisso tudo abrimos uma brecha nas nossas dificuldades para alegrarmos as nossas
almas. Foi o que aconteceu no momento de confraternização que juntou os
funcionários da mediaCoop.
Antes de iniciarmos a confraternização houve momento para conhecermos os
colegas que se destacaram nas várias áreas. Tivemos o melhor jornalista do ano,
Armando Nhantumbo. Foi reconhecido mais uma vez o trabalho da equipa de
distribuição, responsável por termos o jornal todas as sextas-feiras nas bancas.
Nesta senda de reconhecimento do desempenho dos colegas houve uma que
chamou atenção a todos. A distinção do melhor trabalhador do ano. Refiro-me
à distinção de André dos Santos, colega da Rádio Savana. Foi distinguido pelo
seu desempenho e entrega. Mostrou que gosta de fazer rádio. Por isso aparece
nesta primeira imagem exibindo a sua distinção ladeado do PCA da mediaCoop,
Fernando Lima, e do Editor executivo, Francisco Carmona.
Falando da equipa de distribuição, desta vez foi representada por Miguel Bila,
que aparece numa pose na companhia de Carmelinda Maússe, seguida do seu
filho, Benvinda Tamele e Lúcia Tonela.
Momentos de descontração foram registados neste encontro. Dificilmente encontramo-nos
devido às tarefas diárias e quando isso acontece aproveitamos
para descontrair. Algo que no nosso dia-a-dia é bastante difícil. Nesta terceira
imagem, está o jornalista do SAVANA, Raúl Senda, o técnico gráfico Auscêncio
Machavane, tranjando a camisete do seu fiel clube Maxaquene, falando
com o Editor do Jornal mediaFax, Fernando Mbanze. No fundo, está Fabião
Matavele, sorrindo enquanto se apoia na torre da rádio, conversando com Saíde
Bin Ali e Paulo Mubalo.
Nesta quarta imagem podemos testemunhar outro momento do convívio. Nela
aparecem Abede Maganda, Abílio Maolela, Argunaldo Nhampossa, Hermenegildo
Timana e Rafael Ricardo.
Houve aquele momento em que todos partilhámos o brinde único. Levantamos
as taças, copos e garrafas para engrandecer o momento. Há quem possa perguntar
onde está o Abdul Sulemane? Estive presente na imagem apenas com
braço no ar segurando uma garrafa de cerveja preta. Não gosto de aparecer nas
imagens. Quem sabe para o ano. Feliz ano novo para todos. É o desejo de toda
a equipa da mediaCoop.
Esperamos novos desafios
www.savana.co.mz EF %F[FNCSP EF t "/0 99*7 t /o
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IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
Diz-se... Diz-se
Moçambique pode estar a
tornar-se numa economia
de crescimento modesto,
depois de anos a impor-se
como um país em rápido crescimento,
considera a última “Actualidade
Económica de Moçambique”, uma
análise do Banco Mundial sobre o
desempenho do país em 2017.Ambulância do Hospital Provincial de Pemba transportando ferro de construção, adquirido pelo motorista em Nampula. A ambulância
regressava a Pemba ido de Nampula, onde foi deixar um doente no Hospital Central da chamada capital do Norte.
2 EVENTOS Savana 29-12-2017
E
m resposta ao pedido de
material cirúrgico feito pelo
Hospital Provincial de Tete
(HPT), a Hidroeléctrica de
Cahora Bassa (HCB) procedeu,
no passado dia 21 de Dezembro, à
entrega deste, avaliado em mais de
dois milhões de meticais.
O material foi entregue ao Hospital
Provincial de Tete, pelo adHCB
apoia HPT em material cirúrgico
ministrador do HCB, Itai Meque
em representação do PCA, Pedro
Couto. Durante o acto de entrega,
o Administrador informou a
Directora daquele hospital, Lídia
Cunha, que se tratava de um apoio
por toda a Empresa, incluindo os
seus colaboradores, e apelou para
que o hospital tivesse responsabilidade
no uso do material ora ofertado.
“Cuidem bem do material,
do mesmo modo que pretendem
cuidar bem dos doentes que de vós
dependem”, disse Itaí Meque.
Por sua vez, Lídia Cunha agradeceu
o gesto da (HCB) e disse que
o apoio irá reforçar a capacidade
de resposta desta unidade sanitária
aos doentes.
Ao todo, foram entregues 33 mil
luvas cirúrgicas, 30 mil luvas de
procedimentos e 6.500 algálias,
orçados em mais de dois milhões
de meticais.
Com o material, o HPT pretende
fortalecer a segurança dos doentes
e minimizar o risco de transmissão
de doenças, tendo em vista o reforço
da capacidade de resposta no
atendimento aos pacientes durante
a presente quadra festiva.
A acção enquadra-se no âmbito da
responsabilidade social da HCB.
A
s crianças internadas no
berçário e enfermaria dos
Serviços de Pediatria do
Hospital Geral José Macamo
(HGJM) beneficiaram, na
sexta-feira passada, de um lanche
e cestas básicas, oferecidos pelo
Standard Bank, no âmbito da iniciativa
“Natal do Doente”, inserida
nas acções de responsabilidade
social corporativa desta instituição
financeira.
Trata-se de uma iniciativa promovida
pelo oitavo ano consecutivo
naquela unidade sanitária e que
visa proporcionar momentos de
alegria aos petizes internados e
respectivos acompanhantes e com
eles celebrar a passagem do Dia da
Família.
Para além do lanche e das cestas
básicas, compostas por diversos
produtos alimentares e de higiene,
os petizes receberam brinquedos,
camisetas e, acima de tudo, o calor
e carinho dos colaboradores do
Standard Bank.
Segundo o gestor de Marketing do
Standard Bank, Alfredo Mucavela,
esta iniciativa visa proporcionar
momentos de alegria e promover o
bem-estar físico e psicológico das
crianças internadas em diversas
unidades sanitárias do País.
“Com este gesto, pretendemos dizer
às crianças e aos pais que podem
contar connosco. Sabemos o
Standard Bank alegra
90 crianças no Hospital
José Macamo
quanto é difícil estar nesta situação,
independentemente de se estar na
condição de paciente ou de acompanhante,
mas temos a consciência
de que é sempre possível estampar
um sorriso nos rostos destes petizes”,
disse Alfredo Mucavela.
“É gratificante ver as crianças alegres
e sorridentes, apesar do estado
em que se encontram. É isso que
motiva o Standard Bank a promover
esta iniciativa na província de
Maputo (Hospital Geral José Macamo)
e nas cidades de Xai-Xai,
Beira, Tete, Nampula e Nacala”,
acrescentou.
Por seu turno, Maria Safrina, directora
dos Serviços de Pediatria
do HGJM, enalteceu o gesto do
Standard Bank, que considera vai
ajudar nos esforços da equipa mé-
dica com vista à rápida recuperação
dos petizes.
“É uma felicidade para os acompanhantes
e os médicos, que fazem
de tudo para que estas crianças
saiam desta situação e possam passar
as festas junto das suas famí-
lias”, afirmou.
Os Serviços de Pediatria do Hospital
Geral José Macamo, de acordo
com Maria Safrina, têm, neste
momento, 90 crianças internadas,
sendo 50 no berçário e 40 na enfermaria.
A malária, as doenças
respiratórias, as diarreias e a má-
-nutrição são as principais causas
de internamento.
Savana 29-12-2017 EVENTOS 3
C
om objectivo de proporcionar
um natal melhor
a uma família moçambicana
carenciada, quatro
empresas uniram-esforços e reabilitaram
a casa de uma viúva de
50 anos, no bairro de Ferroviário,
arredores na cidade Maputo.
Trata-se das empresas Construa
built, Cimentos de Moçambique,
Plastex e Malacha.
A iniciativa conta com parceria do
programa Moçambique em Concerto,
do apresentador Gabriel Jú-
nior, que depois do sucesso da primeira
experiência espera reabilitar
12 casas ao longo do próximo ano.
Empresas oferecem casa em dia de natal
Segundo Jorge Amade, representante
dos parceiros, a ideia é
conseguir reabilitar uma casa por
mês e em cada capital provincial.
A selecção das capitais províncias
tem que ver com a facilidade de
alocação dos materiais, visto que
cada uma das empresas tem as
suas responsabilidades. Mas como
sonhar não é proibido fica o de um
dia escalar os distritos.
Desta vez a sorte coube a Rabia
Eduardo, viúva de 50 anos residente
no bairro Ferroviário, que
foi seleccionada num total de 500
concorrentes. Através daquele
programa televisivo soube da iniciativa
e com ajuda de uma das
filhas redigiu uma carta narrando
as condições em que a sua moradia
se encontrava.
As cartas foram submetidas ao
júri, que depois de um trabalho
aturado de análise, visita às casas
para confirmar as condições declaradas,
seleccionou a casa de Rabia
Eduardo.
Com a intervenção, a casa que
inicialmente tinha apenas três
quartos e sala, com problemas de
infiltração, paredes degradadas,
ganhou novo rosto. Passou a ter
mais uma cozinha, casa de banho
internamente, pintura e uma melhor
cobertura. Amade fala de um
investimento de cerca de 600 mil
meticais.
Na hora de entrega, no passado dia
24 de Dezembro, Rabia Eduardo
ficou muito comovida e agradeceu
o gesto, apontando que estão criadas
condições para ter um natal
melhor.
Gabriel Júnior, parceiro das empresas,
entende que num momento de
crise é preciso dar esperanças aos
mais carenciados, prestando-lhes
ajuda no que mais necessitam.
F
oi lançada, na última sexta-feira,
na cidade de Maputo,
a 19ª edição do Prémio
de Saúde para Jornalistas.
Trata-se de um concurso que visa
reconhecer o jornalismo de qualidade
na área da saúde e estimular
o jornalismo investigativo que
contribua para a melhoria da vida
das pessoas.
O mesmo abrange áreas de promoção
da saúde e envolvimento
comunitário, prevenção e tratamento
de doenças comuns, saú-
de reprodutiva, saúde da criança,
nutrição e outros temas ligados
à saúde pública nas categorias de
imprensa, televisão, rádio e fotojornalismo.
O concurso é promovido pelo Ministério
da Saúde (MISAU) em
parceria com Sindicato Nacional
Lançado prémio
Jornalismo de Saúde
de Jornalistas (SNJ), UNICEF e
Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Falando na ocasião, Zacarias Zindonga,
secretário-permanente do
MISAU, destacou a importância
do evento e afirmou que o acto
constitui o compromisso de todos
na busca de soluções de saúde pú-
blica que apoquentam e obstruem
todos os esforços conducentes ao
bem-estar dos moçambicanos.
Para Gabriel Pereira, da UNICEF,
“esta parceria com a comunicação
social constitui um dos limites prá-
ticos da multi-sectorialidade, onde
juntos iremos estabelecer pontes
e fazer mais e melhor com vista a
ter resultados na implementação
dos programas do MISAU e dos
Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável”.
4 EVENTOS Savana 29-12-2017
O
Millennium bim, no âmbito
do seu programa de
responsabilidade social,
reabilitou o Berçário
2 da Unidade de Neonatologia
do Hospital Central de Maputo
(HCM), local onde são recebidos
os bebés prematuros em fase conclusiva
de tratamento.
O projecto de reabilitação desta
unidade contou com uma profunda
intervenção nos quartos,
consultório médico, sala de tratamentos
neonatais, copa e zonas de
acesso, melhorando de forma efectiva
as condições de acolhimento e
tratamento dos bebés com necessiBerçário
do HCM com nova imagem
A
embaixada do Reino
dos Países Baixos procedeu,
recentemente, na
cidade de Maputo, ao
lançamento de Orange Corners
Maputo.
Trata-se de um projecto concebido
pelo Governo do Reino
dos Países Baixo em colaboração
com a empresa moçambicana
ideiaLab, com o objectivo de
proporcionar aos jovens nacionais
finalistas e recém-formados um
espaço com condições técnicas
e logísticas para a incubação das
suas iniciativas de negócio.
O Orange Corners Maputo irá
fornecer aos contemplados uma
capacitação na área de empreendedorismo,
com formações, master
classes, fóruns de negócios, assessoria
e acompanhamento para
acesso aos potenciais clientes,
mercados e financiamento (através
de parceiros corporativos do
Orange Corners, como é o caso
do BancABC).
Segundo a embaixadora do Reino
do Países Baixos, Pascalle Grotenhuis,
esta iniciativa surge tendo
em consideração que a maior
parte da população moçambicana
é composta por jovens, ou seja,
mais de 65%, entre eles, mais de
40% encontram-se desempregados.
“Se quisermos garantir um
futuro melhor para Moçambique
é crucial que todos participem
activamente na economia do país.
Neste contexto, é importante
motivar os jovens a pensarem em
iniciaremos seus próprios negó-
cios para que possam tornar-se
em criadores de empregos e a força
motriz da economia nacional”,
disse Pascalle. Segundo a mesma
fonte, o projecto Orange Corners
já está a ser implementado com
sucesso na República da África
do Sul, depois de Moçambique o
Governo Holandês pretende levar
a iniciativa para outros países
africanos.
“Nos últimos anos, as universidades
locais têm graduado um nú-
mero considerado de estudantes,
infelizmente, nem todos conseguem
um espaço no mercado de
trabalho. Nós acreditamos que
este projecto é uma oportunidade
flagrante para os jovens olharem
para o empreendedorismo como
uma iniciativa viável e sustentável,
acima de tudo, como uma
forma proactiva de contribuírem
para o desenvolvimento socioeconómico
do nosso país”, afirmou
Orlando Chongo, administrador
do BancABC.
BancABC e Orange Corners
dão oportunidades a jovens
inovadores
dade de cuidados de saúde.
Esta iniciativa é o resultado de
um trabalho conjunto entre uma
empresa de construção subcontratada
pelo Millennium bim e o
trabalho de 35 Colaboradores do
Banco que se juntaram numa acção
de voluntariado empresarial,
onde executaram trabalhos de remodelação,
pintura, montagem de
objectos de decoração e instalação
de mobiliário novo.
Durante a cerimónia de entrega
do Berçário da Unidade de
Neonatologia, Mouzinho Saide,
Director do Hospital Central de
Maputo, referiu “A criação de um
ambiente de trabalho harmonioso
Descontos
até 40%
é sempre uma oportunidade para
melhorarmos o nosso desempenho,
o nosso espírito de ajuda
ao próximo. E é esse espírito de
ajuda que gostaríamos de enaltecer
neste gesto do Millennium bim, de
altruísmo, de vontade de servir, de
apoiar. Queremos agradecer também
esta liderança, este espírito de
voluntariado, que desejamos que
comece a despertar na nossa comunidade”.
MAHAMUDO AMURANE
Uma das Figuras do Ano de 2017, segundo o jornal “Dossier & Factos”, número 247, de 18 de Dezembro de 2017
Uma das Figuras do Ano de 2017, segundo o jornal “Dossier & Factos”, número 247, de 18 de Dezembro de 2017
É nossa figura do ano a título póstumo. É mais que uma homenagem merecida a um homem que perdeu a vida em circunstâncias até aqui não esclarecidas. Foi cobardemente assassinado, com três tiros no abdómen, por indivíduos até aqui desconhecidos. Por detrás da sua morte podem estar em causa motivações políticas, devido às suas posições, nos últimos meses de vida. Depois de uma campanha de difamação, levada a cabo contra si por membros seniores do partido do galo, com destaque para o próprio presidente, Daviz Simango. Muhamudo Amurane surpreendeu a todos quando chamou a Imprensa para se defender e em bom-tom acusar o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) de estar a levar a cabo uma campanha visando denegrir a sua imagem, por não compactuar com actos de corrupção.
Segundo ele, a campanha de difamação era uma espécie de vingança do seu antigo partido, o MDM, que tem enveredado pela prática de corrupção, actos com os quais Amurane se recusava a compactuar. “Eles queriam que eu desviasse dinheiro da contribuição dos munícipes de Nampula e canalizar para o partido. Eu neguei”, declarou Amurane, naquilo que viria a pôr fim ao seu sossego, passando a viver ameaçado pelos seus próprios correligionários. Sempre implacável à corrupção, Muhamudo Amurane desmantelou do seu executivo uma rede de vereadores e outros funcionários do Balcão Único municipal, que se dedicavam ao desvio de fundos para posteriormente os canalizar aos cofres do partido do galo, uma prática comum nos partidos políticos nacionais. “Tudo começou com as
pressões, porque tenho vindo a destituir pessoas [do cargo de chefia], e por não compactuar com a utilização de recursos públicos para uso do partido. É justamente por causa disso que acontecem situações desta natureza, a difamação”, disse, na altura, o malogrado. Refira-se que desde o início do seu mandato, em 2014, o presidente do Município de Nampula já promoveu e despromoveu mais de uma dezena de pessoas ligadas ao MDM, tendo inclusive nomeado algumas figuras ligadas a outros partidos políticos como a Frelimo, por exemplo. Amurane encontrou a morte num momento em que a sua edilidade era apontada como uma das mais belas e limpas do país, e a sua gestão era tão transparente, ao ponto de ser o único município que disponibilizava, na sua página Web, os resultados das receitas diárias.
Segundo ele, a campanha de difamação era uma espécie de vingança do seu antigo partido, o MDM, que tem enveredado pela prática de corrupção, actos com os quais Amurane se recusava a compactuar. “Eles queriam que eu desviasse dinheiro da contribuição dos munícipes de Nampula e canalizar para o partido. Eu neguei”, declarou Amurane, naquilo que viria a pôr fim ao seu sossego, passando a viver ameaçado pelos seus próprios correligionários. Sempre implacável à corrupção, Muhamudo Amurane desmantelou do seu executivo uma rede de vereadores e outros funcionários do Balcão Único municipal, que se dedicavam ao desvio de fundos para posteriormente os canalizar aos cofres do partido do galo, uma prática comum nos partidos políticos nacionais. “Tudo começou com as
pressões, porque tenho vindo a destituir pessoas [do cargo de chefia], e por não compactuar com a utilização de recursos públicos para uso do partido. É justamente por causa disso que acontecem situações desta natureza, a difamação”, disse, na altura, o malogrado. Refira-se que desde o início do seu mandato, em 2014, o presidente do Município de Nampula já promoveu e despromoveu mais de uma dezena de pessoas ligadas ao MDM, tendo inclusive nomeado algumas figuras ligadas a outros partidos políticos como a Frelimo, por exemplo. Amurane encontrou a morte num momento em que a sua edilidade era apontada como uma das mais belas e limpas do país, e a sua gestão era tão transparente, ao ponto de ser o único município que disponibilizava, na sua página Web, os resultados das receitas diárias.
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