sábado, 11 de fevereiro de 2017

Trump promete medidas alternativas após suspensão do veto migratório


Casa Branca planeja elaborar outra ordem executiva para salvar parte das medidas bloqueadas

Donald Trump, durante entrevista coletiva com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. EFE
O presidente de Estados Unidos, Donald Trump, garantiu na sexta-feira que tomará as medidas que sejam necessárias para "manter o país seguro" depois do bloqueio judicial de seu controverso veto a imigrantes. Ele não explicou de que se tratam as medidas, mas afirmou que elas serão divulgadas em breve. O empresário nova-iorquino já conheceu os limites do poder presidencial: em menos de 24 horas, a Justiça derrubou uma de suas principais medidas, e a China o fez comprometer-se a manter a política de "uma só China".
A Casa Branca planeja agora elaborar outra ordem executiva, segundo informações da agência Associated Press, com o objetivo de salvar uma parte da medidas. E estuda, paralelamente, a hipótese de recorrer da decisão judicial no Supremo Tribunal.
Muitos eleitores optaram por Trump porque ele não era um político, mas sim um homem de negócios, e consideravam que os Estados Unidos deviam ser gerenciados como uma empresa, para que o país se recuperasse. Depois de 20 dias de mandato, Trump já comprovou que a força do sistema às vezes se impõe. A Justiça freou sua medida de maior repercussão e mais polêmica até agora: a ordem migratória que, em resumo, impedia temporariamente a entrada nos Estados Unidos de cidadão de sete países de maioria muçulmana, como medida de precaução diante da ameaça terrorista, enquanto o país reforçava os mecanismos de controle. O republicano prometeu que vai contra-atacar com outras ações.
"Faremos algo muito rapidamente. Algo que tem a ver com dar mais segurança ao nosso país. Na semana que vem vocês verão", disse durante entrevista coletiva na Casa Branca. O republicano estava junto do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, no dia seguinte ao que a Corte de Apelações de São Francisco havia congelado o decreto. A paralisação, contudo, não decide o fator-chave da questão – se a medida é constitucional ou se é discriminação religiosa –, mas fica em vigor enquanto a Justiça resolve o assunto.
Na sexta-feira, Trump não criticou os juízes, ao contrário de outros dias, quando ele havia acusado os magistrados de estarem agindo de forma política, e os apontou como responsáveis caso os Estados Unidos sofressem algum ataque a partir de agora. O empresário, no entanto, disse ter certeza de que, no fim das contas, sua vontade vai se impor. "Não tenho dúvidas de que ganharemos o caso nos tribunais", disse. "Existem ameaças enormes à nossa nação e não vamos permitir que isso aconteça", concluiu.
Os advogados do republicano alegaram que os juízes não podem interferir nas decisões presidenciais sobre segurança, mas os magistrados desqualificaram o argumento. Os tribunais também já frearam medidas importantes de Barack Obama, como o plano de medidas contra a mudança climática e sua reforma migratória.
Resta saber se será a Suprema Corte que tomará a decisão final. O tribunal é formado, atualmente por quatro juízes considerados progressistas e quatro conservadores, além de Neil Gorsuch, um conservador tradicional indicado por Trump, que daria o voto de desempate; no entanto, ele não poderá intervir nesta questão, porque ainda não terá assumido oficialmente o cargo.
O decreto de Donald Trump proibia, durante 90 dias, a entrada de cidadãos de Iraque, Irã, Somália, Sudão Líbia, Iêmen e Síria – países identificados como de risco – e congelava por 120 dias a entrada de refugiados. O presidente aprovou a medida no dia 27 de janeiro, uma sexta-feira, e pelo menos 60.000 vistos foram revogados durante os poucos dias em que a ação esteve em vigor, de acordo com dados oficiais. Agora, o veto está suspenso, mas o temor dos cidadãos afetados continua, à espera dos próximos passos do presidente.

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