PRESIDENTE TRUMP
Tem 31 anos, é judeu e está associado à direita radical. Stephen Miller é quem escreve os discursos do presidente Donald Trump e é também o homem que durante meses trabalhou no decreto anti-imigração.
Stephen Miller, 31 anos, é o homem que escreve os discursos de Donald Trump e é o responsável pelo controverso decreto anti-imigração — assinado pelo presidente dos EUA na passada sexta-feira, o decreto proíbe durante três meses, com efeitos imediatos, a entrada de imigrantes de sete países muçulmanos e também a suspensão por 120 dias do programa de acolhimento de refugiados sírios.
O decreto que a CNN garante ter sido elaborado em segredo foi também planeado por Miller durante meses, tal como confirmou uma fonte da Casa Branca à televisão norte-americana. Aliás, ao lado de Steve Bannon — que esteve à frente do portal de notícias Breitbart News e é conhecido pelas suas ideias extremistas e pelas mensagens de ódio racial –, Miller, que é judeu, é uma das vozes mais ativas quanto a aconselhar Trump na área da imigração.
Tanto Bannon como Miller estão associados à direita radical e fazem um retrato catastrofista dos EUA, país que aos seus olhos está não só em decadência económica mas também social.
O decreto que surpreendeu o mundo no final da semana passada vem em linha com o que Miller tem escrito desde a sua adolescência. As visões negativas sobre a imigração começaram no liceu. Neste editorial que escreveu quando tinha 16 anos é possível ler a seguinte opinião:
De acordo com a política do distrito, todos os anúncios [do liceu] estão escritos em castelhano e em inglês. Ao providenciar esta muleta, estamos a impedir aqueles que falam castelhano de se desenvencilharem sozinhos. Apesar de ser politicamente correto, isto diminui a população imigrante e goza com o ideal norte-americano de realização pessoal”.
“Osama Bin Laden sentir-se-ia muito bem recebido no Liceu de Santa Mónica”, escreveu também, ainda adolescente, ironizando a decisão do jornal da escola de condenar a resposta militar ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
Terminado o liceu, Miller ingressou na Universidade de Duke, onde mais uma vez se fez valer enquanto voz conservadora. O primeiro trabalho, já em Washington, foi como secretário de imprensa da republicana Michele Bachmann.
Miller, conselheiro sénior para os assuntos políticos, tem estado ao lado de Trump desde janeiro de 2016. Durante as eleições foi aquele a que os jornais norte-americanos chamam de “hype man”, ou seja, foi ele que aqueceu as multidões nos comícios de Trump, antes deste entrar em cena e discursar em público. “As pessoas que são responsáveis por tudo o que está errado hoje em dia no país são aquelas que se opõem a Trump”, chegou a dizer perante multidões.
O site Politico escreve que os discursos de Miller, que antecediam os de Trump, eram carregados de “populismo conspiratório” e eram sempre proferidos com “uma cara imóvel”.