Por Michael Robinson, em Londres
Correspondente
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Tudo indica que alguns dos que estiveram
mais envolvidos nas negociações e operacionalização
dos três projectos que culminaram
com a constituição oficial, entre 2013 a 2014,
das empresas EMATUM, PROINDICUS e MAMS,
terão caído na tentação e se apoderarem de
alguns dos valores que deviam ter aplicado na
implementação destes empreendimentos que
se destinavam ao reforço da defesa do país,
protecção da costa marítima, e prestação de
serviços logísticos às companhias petrolíferas
que estão a fazer a prospecção, e posterior exploração,
de petróleo e gás em certas zonas e
águas territoriais moçambicanas.
Algumas das fontes que
aqui em Londres investigam
jornalísticamente
como é que esta operação
foi feita, afirmam estar
na posse de dados e factos
que assumem irrefutáveis, que
sugerem fortemente que há
quem se aproveitou do facto
de terem sido mandatados
pelos seus superiores hieráricos,
para ficarem com parte do
dinheiro com que deviam ter
implementado estes projectos
agora a serem investigados
pela Kroll britânica, sediada
aqui na capital britânica.
Apesar de que a auditoria
internacional que está sendo
feita pela Kroll, decorre num
grande sigilo, já há factos que
começam a vir ao de cima, e
que a serem verdadeiros, então
há uma boa parte do dinheiro
que terá ido aos bolsos
ou contas de alguns dos mandatados
de proa.
Uma das tácticas que terá
sido usada pelos mentores
deste desvio, terá sido a de
comprar equipamentos não
adequados para o que se pretendia
fazer com eles, tudo
para que restasse mais dinheiro
para, conluiadamente, se
dividirem entre eles. Outra das
tácticas a que recorreram foi
não comprar ou não fazer nada
mesmo do que dizem terem
comprado ou feito, e assim dividirem
também os valores entre
si. No caso da aquisição de
equipamentos não adequados
para aquilo que se pretendia
fazer, aponta-se os próprios
barcos com que se devia pescar
o tal atum, como sendo de
dimensões tão pequenas que
não seriam capazes de enfrentar
certos ventos fortes que
amiúde sopram sobre a costa
moçambicana onde deviam ir
pescar. Adiantam também que
além de serem pequenas para
sulcarem um oceano tão tenebroso
como o Índico, é o pró-
prio apetrechamento técnico
destas embarcações, dado
que não estão em função das
recomendações internacionais
para este tipo de fainas, e que,
por isso, o seu pescado não
seria aceite nos mercados exigentes,
como os da Europa, e
do Japão na Ásia, por sinal um
dos maiores consumidores de
atum.
As nossas fontes aqui em
Londres adiantaram também,
sempre na condição de anonimato,
que mesmo as seis
avionetas que eles compraram
para se usarem na fiscalização
da costa marítima, não podem
ter pago os seis milhões de
dólares que dizem terem custado
cada, porque quando se
foi à empresa que os vendeu,
apurou-se que custam apenas
mais de 200 mil dólares. ‘’Ora, a
ser isto verdade, e tudo indica
que é, isto mostra que eles foram
no mínimo falsos aos seus
mandantes. A ser também verdade
isto, então o grosso do
valor que lhes foi dado em empréstimo,
ficou para eles, e não
para o que escreveram nos relatórios
que submeteram aos
seus chefes hieráricos’’, assim
sentenciou uma das fontes,
que apenas se identificar pelo
primeiro nome diminutivo,
Leo, neste caso um jornalista
especializado em investiga-
ções internacionais.
Leo disse-me que os factos
em seu poder mostram que
não há quase nenhum valor
que terá sido, como se alega,
gasto no apetrechamento do
ministério moçambicano da
defesa com base naquele valor
dos empréstimos, sendo
provavelmente por isso que o
seu actual ministro, Salvador
Mtumuke, fez questão de se
distanciar desta operação da
Ematum, durante o depoimento
que prestou a Comissão parlamentar
que investigou este
mesmo assunto, conforme extractos
contidos no jornal mo-
çambicano O País, da SOICO.
Se nos basearmos no preço
real que tanto as embarcações
e as avionetas custam de facto,
então os que terão urdido esta
operação desviante, de pagar
menos e declarar mais nos relatórios
oficiais, terão ficado
pelo menos com 500 milhões
de dólares. Este valor é por
sinal confirmado pelos pró-
prios desviantes, dado existir
uma carta a que tive acesso
aqui em Londres, que queriam
que fosse assinada retroactivamente
pelo actual ministro
da defesa, Salvador Mtumuke.
Essa carta foi redigida com
a data de 5 de Dezembro de
2016, que devia ser entregue
a Kroll inc Corporation. Com
ela pretendiam obviamente,
ilibar-se de uma possivel culpabilizacao
pelos 500 milhoes
que tudo indica que nao conseguem
justificar. Obviamente
que Mtumuke recusou-se a assiná-la,
como também se pode
ver na mesma carta.
Alguns dos que me revelaram
o que já se aferiu em
torno das múltiplas investiga-
ções privadas que estão sendo
feitas aqui em Londres, dão
conta que alguns dos executores
desta operação tripartida,
não terão conseguido explicar
à Kroll, com factos e dados
convicentes, o que fizeram de
facto para terem gasto todos
os cerca de dois biliões de dó-
lares que perfazem a chamada
divida oculta.
Há mesmo quem diz que
alguns dos envolvidos deixaram
transparecer nos seus semblantes
que estão preocupados
com o desfecho que poderá
Por Michael Robinson, em Londres
Correspondente
advir das investigações em
curso, deixando a percepção
de que sabem que não usaram
todo o valor para o que oficialmente
dizem ter feito.
‘’É que além dos barcos, já
não há quase mais nada que
apresentam como tendo sido
o que compraram ou fizeram,
que justifique o gasto de todos
os cerca de dois biliões. Se
assumirmos o que Mtumuke
disse a comissao da AR, então
não há nenhum tostão que tenha
sido gasto pela aquisicao
de material da defesa. Sendo
assim, o que terá se feito com o resto do valor que não se gastou
em algo visível que se seja
para o Estado? questionou um
dos jornalistas investigadores
privados, que neste caso é um
dos mais assíduos colaboradores
do África Confidential,
uma publicação especializada em revelar factos e dados
inéditos e ultra-secretos que
geralmente ocorrem em portas
fechadas a sete chaves dos
governos africanos.
O que se diz e com forte
sustentação, é que quem esteve
de facto na negociação
e execução destas três opera-
ções foram alguns membros
séniores da SISE. Os investigadores
sugerem que tudo indica
que houve desvios de fundos
que terão sido feitos por
conta e risco dos mandatados,
provavelmente, sem conhecimento
dos mandantes, o que a
ser verdade, irá chocá-los bastante,
ao se aperceberem, que
houve abuso de confiança.
Alguns dos que nos deram
estes factos, dizem ter havido
até alguns dos que gravitavam
à volta desses mandantes,
que varias vezes se valiam
disso para irem fazer outras
auto-exigências monetárias
a alguns dos responsáveis de
empresas do Estado, alegando
que tinham sido mandatados
pelo ‘’chefe X ou Z’’, mas que
na verdade este não nunca os
havia mandado. Na verdade,
tudo indica que o caso das
três empresas poderá trazer
nos próximos tempos muitas
surpresas desagradáveis tanto
para os moçambicanos como
para alguns dos que delegaram
poderes para os seus subordinados
de confiança que nunca
deviam ter confiado. Da minha
parte como jornalista, só me
resta esperar pela confirma-
ção dos factos que aqui relatei,
porque as minhas fontes nunca
me fizeram revelações infundadas…a
serem falsas desta vez,
então será pela primeira vez
na minha longa inteiração com
eles que neste caso dura há
mais de 45 anos de jornalismo. da em revelar factos e dados
inéditos e ultra-secretos que
geralmente ocorrem em portas
fechadas a sete chaves dos
governos africanos.
O que se diz e com forte
sustentação, é que quem esteve
de facto na negociação
e execução destas três opera-
ções foram alguns membros
séniores da SISE. Os investigadores
sugerem que tudo indica
que houve desvios de fundos
que terão sido feitos por
conta e risco dos mandatados,
provavelmente, sem conhecimento
dos mandantes, o que a
ser verdade, irá chocá-los bastante,
ao se aperceberem, que
houve abuso de confiança.
Alguns dos que nos deram
estes factos, dizem ter havido
até alguns dos que gravitavam
à volta desses mandantes,
que varias vezes se valiam
disso para irem fazer outras
auto-exigências monetárias
a alguns dos responsáveis de
empresas do Estado, alegando
que tinham sido mandatados
pelo ‘’chefe X ou Z’’, mas que
na verdade este não nunca os
havia mandado. Na verdade,
tudo indica que o caso das
três empresas poderá trazer
nos próximos tempos muitas
surpresas desagradáveis tanto
para os moçambicanos como
para alguns dos que delegaram
poderes para os seus subordinados
de confiança que nunca
deviam ter confiado. Da minha
parte como jornalista, só me
resta esperar pela confirma-
ção dos factos que aqui relatei,
porque as minhas fontes nunca
me fizeram revelações infundadas…a
serem falsas desta vez,
então será pela primeira vez
na minha longa inteiração com
eles que neste caso dura há
mais de 45 anos de jornalismo.
Moçambique entrou hoje oficialmente em incumprimento financeiro
V
Moçambique entrou hoje oficialmente em incumprimento financeiro
Moçambique entrou hoje oficialmente em incumprimento financeiro, depois de terminar na quinta-feira o período de tolerância para o pagamento de 60 milhões de dólares referentes à prestação de Janeiro da emissão de dívida pública feita em Abril.
O país africano torna-se assim o primeiro país do continente a falhar um pagamento de dívida desde que a Costa do Marfim não foi capaz de honrar os compromissos financeiros, em 2011.
A falha no pagamento foi confirmada por vários analistas e detentores dos títulos de dívida pública à agência de informação financeira Bloomberg, e surge como a consequência natural do anúncio feito pelo próprio Governo moçambicano, dois dias antes do final do prazo, de que não iria pagar os quase 60 milhões de dólares que eram devidos aos detentores dos 727,5 milhões de dólares em títulos de dívida soberana que Moçambique emitiu em Abril do ano passado.
O Ministério das Finanças de Moçambique confirmou no dia 16 de Janeiro que não iria pagar a prestação desse mês, de 59,7 milhões de dólares relativos aos títulos de dívida soberana com maturidade em 2023, entrando assim em incumprimento financeiro ('default').
"O Ministério da Economia e Finanças da República de Moçambique quer informar os detentores dos 726,5 milhões de dólares com maturidade a 2023 emitidos pela República que o pagamento de juros nas notas, no valor de 59,7 milhões de dólares, que é devido a 18 de Janeiro, não será pago pela República", lê-se nesse comunicado.
No documento, Moçambique lembrava que já tinha alertado em Outubro para a falta de liquidez durante este ano e salientava que encara os credores como "parceiros importantes de longo prazo, cujo apoio à necessária resolução do processo da dívida vai ser crítico para o sucesso futuro do país".
Na sequência deste anúncio, a Standard & Poor's cortou o 'rating' do país para 'SD/D', ou seja, incumprimento financeiro parcial, e considerou que a falta de pagamento era uma estratégia governamental para forçar os detentores de dívida a negociarem uma reestruturação da dívida, o que até agora têm rejeitado.
Já a Fitch manteve o 'rating' do país, mas alertou que a falta de pagamento da prestação de Janeiro por Moçambique vai "aumentar o período de incerteza" sobre a reestruturação da dívida soberana emitida em Abril do ano passado.
A Moody's, por seu turno, também considerou a falta de pagamento como um incumprimento, mas não desceu o 'rating', considerando que a avaliação de Caa3 já implica uma assunção de potenciais perdas para os credores de 20 a 35%, que podem chegar a quase 50% de acordo com a média histórica de 'defaults' soberanos.
Lusa – 03.02.2017
Moçambique não pode esperar compreensão dos credores, diz Gestor de fundos
Moçambique não pode esperar clemência ou compreensão por parte dos credores depois de ter falhado o pagamento da prestação de Janeiro da dívida pública, considerou hoje um gestor de fundos que apostou na dívida moçambicana.
"A nossa visão é, claro, negativa, e com o não-pagamento do cupão de Janeiro, o país mostrou a sua má vontade e não deve esperar qualquer compreensão ou misericórdia por parte dos detentores dos títulos de dívida pública", disse um gestor de fundos no Landesbank Berlim Investments, em declarações à agência de informação financeira Bloomberg.Moçambique entrou hoje oficialmente em incumprimento financeiro, depois de terminar na quinta-feira o período de tolerância para o pagamento de 60 milhões de dólares referentes à prestação de Janeiro da emissão de dívida pública feita em Abril.
O país africano torna-se assim o primeiro país do continente a falhar um pagamento de dívida desde que a Costa do Marfim não foi capaz de honrar os compromissos financeiros, em 2011.
A falha no pagamento foi confirmada por vários analistas e detentores dos títulos de dívida pública à agência de informação financeira Bloomberg, e surge como a consequência natural do anúncio feito pelo próprio Governo moçambicano, dois dias antes do final do prazo, de que não iria pagar os quase 60 milhões de dólares que eram devidos aos detentores dos cerca de 727 milhões de dólares em títulos de dívida soberana que Moçambique emitiu em Abril do ano passado.
O Ministério das Finanças de Moçambique confirmou no dia 16 de Janeiro que não iria pagar a prestação desse mês, de 59,7 milhões de dólares relativos aos títulos de dívida soberana com maturidade em 2023, entrando assim em incumprimento financeiro ('default').
"O Ministério da Economia e Finanças da República de Moçambique quer informar os detentores dos 726,5 milhões de dólares com maturidade a 2023 emitidos pela República que o pagamento de juros nas notas, no valor de 59,7 milhões de dólares, que é devido a 18 de Janeiro, não será pago pela República", lê-se nesse comunicado.
No documento, Moçambique lembrava que já tinha alertado em Outubro para a falta de liquidez durante este ano e salientava que encara os credores como "parceiros importantes de longo prazo, cujo apoio à necessária resolução do processo da dívida vai ser crítico para o sucesso futuro do país".
Na sequência deste anúncio, a Standard & Poor's cortou o 'rating' do país para 'SD/D', ou seja, incumprimento financeiro parcial, e considerou que a falta de pagamento era uma estratégia governamental para forçar os detentores de dívida a negociarem uma reestruturação da dívida, o que até agora têm rejeitado.
Já a Fitch manteve o 'rating' do país, mas alertou que a falta de pagamento da prestação de Janeiro por Moçambique vai "aumentar o período de incerteza" sobre a reestruturação da dívida soberana emitida em Abril do ano passado.
A Moody's, por seu turno, também considerou a falta de pagamento como um incumprimento, mas não desceu o 'rating', considerando que a avaliação de Caa3 já implica uma assunção de potenciais perdas para os credores de 20 a 35%, que podem chegar a quase 50% de acordo com a média histórica de 'defaults' soberanos.
Lusa – 03.02.2017
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