Marcelo Mosse
Maputo, Moçambique ·
O Ministro estrela de Nyusi acaba de subir uma categoria acima do comum mortal. Pela mão do Professor Cumbana (Física, UEM), ele foi considerado uma sumidade do intelecto, a figura mais audaz do elenco de Nyusi. Cumbana, um docente da UEM que tem vindo a escrever nas redes sociais contra os críticos da governação, ganhou alguma visibilidade por suas abordagens seguidistas, embora de vez em quando saia criticando Nyusi de forma camaleónica. Aquando da sua descoberta do Ministro Celso, só faltava Cumbana dizer “eureka”, como Arquimedes. Celso é idolatrado como se seu QI fosse de doutorando do MIT. Mas, como toda a idolatria, o endosso de Cumbana assenta num vazio. Não tem material empírico para sustentar suas hossanas. A história de vida de Celso não é chamada à colação. Seu artigo é uma panóplia de linguagem floreada e enrodilhada, uma declaração de amor em véspera de 14 de Fevereiro.
Mas quem tem vindo a acompanhar o percurso de Celso Correia sabe que ele não é uma certeza. Ele é ainda uma promessa. Celso está deixando a selva do empresariado, onde lhe fizeram tigre antes de tempo, para abraçar uma carreia política, para a qual foi sinalizado por Guebuza e agora abraçado por Nyusi. Seu papel na reversão de Cahora Bassa é tido nos bastidores como central para o casamento com Guebuza, donde se segue o BCI, uma aventura que está em vias de terminar: sua participação no BCI (cerca de 19%) vale entre 80 a 90 milhões de USD, e sua dívida à Caixa Geral de Depósitos e ao BPI atinge os 60 milhões de USD. A CGD e o BPI deverão ficar com as ações no BCI e, no final, ele terá a haver entre 20 a 30 milhões de USD. Não sai a perder, como muito se especulou. E, geralmente, nunca perdeu. Há anos, comprou a Cimentos de Nacala e vendeu pelo dobro à brasileira Camargo e Correia, em 2010. Na CETA também não perdeu.
Com uma incursão de relativo sucesso na política, Celso Correia não foi um empresário sem nódoas. No mesmo momento em que decide, com os irmãos, vender os ativos da Insitec onde ele tinha mais responsabilidades, ninguém fica alheio à borrada da TIM, uma televisão onde deixou um passivo de 3 milhões de USD, e que dificilmente se voltará a erguer-se. Ele acaba de vender a estação. Mas muitos na praça torcem o nariz a essa operação. Foi como quando se “libertou” da CETA em Management Buy Out (MBO) para um tridente liderado por Nelson Muianga, um antigo gestor destacado na Insitec. Mas essa é a verdade. Seus amigos dizem que ele abananou o “sonho da televisão” e que agora sonha com política e, mais tarde, quando esta aventura terminar, voltar a estudar para ser professor universitário.
No mundo dos negócios apontam-lhe responsabilidades na idealização da linha de Moatize (a tal linha da Vale) e do terminal de Carvão de Nacala, que ele “engendrou” quando assumiu o controlo do Corredor de Desenvolvimento do Norte, em 2009. Uma pesquisa minuciosa lhe aponta esses feitos. Mas sua ventura visionária nos negócios morreu em solo pátrio. A Insitec era uma hipótese de uma nova geração de empreendedorismo que suplantaria as fronteiras do burgo. Hoje, no entanto, ela está despedaçada.
Celso preferiu a política. Há quem alega que era para escapar de frustrações nos negócios. Ninguém aponta quais. Investiu na campanha de Nyusi, arregaçando mangas e soltando a bolsa. E quando todos vaticinavam que seria um logro num Ministério exigente, Celso está se revelando uma peça do baralho a não descartar. Mas isso não decorre de ele ser um tal suprassumo do intelecto no Governo. Isso decorre de ele ter compreendido um coisa básica: rodear-se de gente competente mas crítica, coisa que muitos dos seus pares não conseguem.
O Mitader tornou-se no Ministério mais realizador e mais alinhado com as demandas da sociedade civil, fazendo coisas que mais impacto têm na vida dos moçambicanos: dar posse de terra às comunidades, combater a caça furtiva, refrear a exportação de madeira, levar mais bancos para os distritos (coisa que eu apelidei de “feira das vaidades” porque não acreditava nisso – mas está a acontecer), dinamizar as áreas de conservações, e o plano especial de ordenamento do Vale do Zambeze. Como político, Celso parece uma grande promessa. Ainda não é uma certeza mas tem o instinto necessário para vingar. Porque faz as coisas acontecerem.
Comentários
Eduardo Sigaúque Celso é idolatrado como se seu QI fosse de doutorando do MIT......
Gosto · Responder · 7 · 8 h
Anselmo Manhique Manhique " Isso decorre de ele ter compreendido um coisa básica: rodeiar-se de gente competente mas crítica, coisa que muitos dos seus pares não conseguem." hehehe, visiorio caro Marcelo Mosse.
Gosto · Responder · 7 · 8 h
El Patriota Que a sorte o acompanhe!
Gosto · Responder · 1 · 7 h
Spirou Maltese Texto maduro. Like it.
Ainda bem que o Ministro teve a sensatez de chamar gente de reconhecido mérito ora perto de si, dispensamos os nomes! Bem haja.
Gosto · Responder · 4 · 7 h
Jaime Cumbana Marcelo Mosse, Marcelo Mosse.....
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Alzira Magalhaes No mundo de cegos,quem tem um olho é rei.
Gosto · Responder · 1 · 6 h · Editado
Imtiaz Vala Ainda estou a espera de ver o modelo Desenvolvimento Rural na perspectiva endogena,holistica,sustentavel!Potencialidades e caracteristicas fisicas,geograficas para termos um modelo de desenvolvimento rural Mocambique possui!
Gosto · Responder · 5 · 6 h · Editado
Manuel Jossefa Não sei se conseguimos ter um modelo de DR! O DR pressupõe questões transversais que só o MITADER não pode atender na minha opinião. Claro, pode actuar como precursor mas seguramente precisará enxergar fora das paredes e isso, não tem sido uma tarefa simples. Também acredito que os aspectos social, económico, ambiental e até cultural, andam de mãos dadas quando se trate de sustentabilidade.
Macvildo Pedro Bonde Aguardemos pela certeza. De promessas ja estamos cansados.
Gosto · Responder · 5 h
Sergio Baloi Sergio Hahaha ainda si preocupam com Julião João Cumbane?
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Carlos E. Nazareth Ribeiro Marcelo Mosse, este seu artigo contém tudo o que precisamos e apreciamos: as verdades de cada fase da vida e as tendências que daí se seguem. E convém não esquecer que o percurso que o MM retrata só é mediático porque Moçambique é uma Aldeia, em todo o Mundo evoluído os Empreendedores e os Políticos e os Técnicos percorrem os mesmos caminhos e apenas se tornam conhecidos, mediatizados quando fazem BORRADA...
Gosto · Responder · 2 · 5 h
Helder Condjo Aqui eu concordo consigo MM. e digo mais, esta é a vantagem de ter dirigentes jovens e comprometidos.
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Custódio João Sabonete Só espero que não lhe "puxem o tapete".
Excelente leitura, MM.
Gosto · Responder · 4 h
Anselmo Titos Cachuada Bravo MM!
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Initovitch Gulupov Marcelo Mosse eu sempre disse que lugar do #JJC é na sala de aulas, ensinando fisica (nuclear??). Nao sei como foi parar na "governacao", "economia".
Gosto · Responder · 1 · 2 h
Manuel Jossefa "Faz as coisas acontecerem" - Penso estar aqui o mérito, pois nunca se espera que um líder saiba fazer tudo. Pelo contrário, consiga aglutinar gente competente e saiba fazer emergir a lucidez, e ponderando até as acções de seus detractores.
Maputo, Moçambique ·
O Ministro estrela de Nyusi acaba de subir uma categoria acima do comum mortal. Pela mão do Professor Cumbana (Física, UEM), ele foi considerado uma sumidade do intelecto, a figura mais audaz do elenco de Nyusi. Cumbana, um docente da UEM que tem vindo a escrever nas redes sociais contra os críticos da governação, ganhou alguma visibilidade por suas abordagens seguidistas, embora de vez em quando saia criticando Nyusi de forma camaleónica. Aquando da sua descoberta do Ministro Celso, só faltava Cumbana dizer “eureka”, como Arquimedes. Celso é idolatrado como se seu QI fosse de doutorando do MIT. Mas, como toda a idolatria, o endosso de Cumbana assenta num vazio. Não tem material empírico para sustentar suas hossanas. A história de vida de Celso não é chamada à colação. Seu artigo é uma panóplia de linguagem floreada e enrodilhada, uma declaração de amor em véspera de 14 de Fevereiro.
Mas quem tem vindo a acompanhar o percurso de Celso Correia sabe que ele não é uma certeza. Ele é ainda uma promessa. Celso está deixando a selva do empresariado, onde lhe fizeram tigre antes de tempo, para abraçar uma carreia política, para a qual foi sinalizado por Guebuza e agora abraçado por Nyusi. Seu papel na reversão de Cahora Bassa é tido nos bastidores como central para o casamento com Guebuza, donde se segue o BCI, uma aventura que está em vias de terminar: sua participação no BCI (cerca de 19%) vale entre 80 a 90 milhões de USD, e sua dívida à Caixa Geral de Depósitos e ao BPI atinge os 60 milhões de USD. A CGD e o BPI deverão ficar com as ações no BCI e, no final, ele terá a haver entre 20 a 30 milhões de USD. Não sai a perder, como muito se especulou. E, geralmente, nunca perdeu. Há anos, comprou a Cimentos de Nacala e vendeu pelo dobro à brasileira Camargo e Correia, em 2010. Na CETA também não perdeu.
Com uma incursão de relativo sucesso na política, Celso Correia não foi um empresário sem nódoas. No mesmo momento em que decide, com os irmãos, vender os ativos da Insitec onde ele tinha mais responsabilidades, ninguém fica alheio à borrada da TIM, uma televisão onde deixou um passivo de 3 milhões de USD, e que dificilmente se voltará a erguer-se. Ele acaba de vender a estação. Mas muitos na praça torcem o nariz a essa operação. Foi como quando se “libertou” da CETA em Management Buy Out (MBO) para um tridente liderado por Nelson Muianga, um antigo gestor destacado na Insitec. Mas essa é a verdade. Seus amigos dizem que ele abananou o “sonho da televisão” e que agora sonha com política e, mais tarde, quando esta aventura terminar, voltar a estudar para ser professor universitário.
No mundo dos negócios apontam-lhe responsabilidades na idealização da linha de Moatize (a tal linha da Vale) e do terminal de Carvão de Nacala, que ele “engendrou” quando assumiu o controlo do Corredor de Desenvolvimento do Norte, em 2009. Uma pesquisa minuciosa lhe aponta esses feitos. Mas sua ventura visionária nos negócios morreu em solo pátrio. A Insitec era uma hipótese de uma nova geração de empreendedorismo que suplantaria as fronteiras do burgo. Hoje, no entanto, ela está despedaçada.
Celso preferiu a política. Há quem alega que era para escapar de frustrações nos negócios. Ninguém aponta quais. Investiu na campanha de Nyusi, arregaçando mangas e soltando a bolsa. E quando todos vaticinavam que seria um logro num Ministério exigente, Celso está se revelando uma peça do baralho a não descartar. Mas isso não decorre de ele ser um tal suprassumo do intelecto no Governo. Isso decorre de ele ter compreendido um coisa básica: rodear-se de gente competente mas crítica, coisa que muitos dos seus pares não conseguem.
O Mitader tornou-se no Ministério mais realizador e mais alinhado com as demandas da sociedade civil, fazendo coisas que mais impacto têm na vida dos moçambicanos: dar posse de terra às comunidades, combater a caça furtiva, refrear a exportação de madeira, levar mais bancos para os distritos (coisa que eu apelidei de “feira das vaidades” porque não acreditava nisso – mas está a acontecer), dinamizar as áreas de conservações, e o plano especial de ordenamento do Vale do Zambeze. Como político, Celso parece uma grande promessa. Ainda não é uma certeza mas tem o instinto necessário para vingar. Porque faz as coisas acontecerem.
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Eduardo Sigaúque Celso é idolatrado como se seu QI fosse de doutorando do MIT......
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Anselmo Manhique Manhique " Isso decorre de ele ter compreendido um coisa básica: rodeiar-se de gente competente mas crítica, coisa que muitos dos seus pares não conseguem." hehehe, visiorio caro Marcelo Mosse.
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Ainda bem que o Ministro teve a sensatez de chamar gente de reconhecido mérito ora perto de si, dispensamos os nomes! Bem haja.
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Jaime Cumbana Marcelo Mosse, Marcelo Mosse.....
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Alzira Magalhaes No mundo de cegos,quem tem um olho é rei.
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Imtiaz Vala Ainda estou a espera de ver o modelo Desenvolvimento Rural na perspectiva endogena,holistica,sustentavel!Potencialidades e caracteristicas fisicas,geograficas para termos um modelo de desenvolvimento rural Mocambique possui!
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Manuel Jossefa Não sei se conseguimos ter um modelo de DR! O DR pressupõe questões transversais que só o MITADER não pode atender na minha opinião. Claro, pode actuar como precursor mas seguramente precisará enxergar fora das paredes e isso, não tem sido uma tarefa simples. Também acredito que os aspectos social, económico, ambiental e até cultural, andam de mãos dadas quando se trate de sustentabilidade.
Macvildo Pedro Bonde Aguardemos pela certeza. De promessas ja estamos cansados.
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Sergio Baloi Sergio Hahaha ainda si preocupam com Julião João Cumbane?
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Carlos E. Nazareth Ribeiro Marcelo Mosse, este seu artigo contém tudo o que precisamos e apreciamos: as verdades de cada fase da vida e as tendências que daí se seguem. E convém não esquecer que o percurso que o MM retrata só é mediático porque Moçambique é uma Aldeia, em todo o Mundo evoluído os Empreendedores e os Políticos e os Técnicos percorrem os mesmos caminhos e apenas se tornam conhecidos, mediatizados quando fazem BORRADA...
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Helder Condjo Aqui eu concordo consigo MM. e digo mais, esta é a vantagem de ter dirigentes jovens e comprometidos.
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Custódio João Sabonete Só espero que não lhe "puxem o tapete".
Excelente leitura, MM.
Gosto · Responder · 4 h
Anselmo Titos Cachuada Bravo MM!
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Initovitch Gulupov Marcelo Mosse eu sempre disse que lugar do #JJC é na sala de aulas, ensinando fisica (nuclear??). Nao sei como foi parar na "governacao", "economia".
Gosto · Responder · 1 · 2 h
Manuel Jossefa "Faz as coisas acontecerem" - Penso estar aqui o mérito, pois nunca se espera que um líder saiba fazer tudo. Pelo contrário, consiga aglutinar gente competente e saiba fazer emergir a lucidez, e ponderando até as acções de seus detractores.
O MERCADO DO... “ESTRELA”
O povo moçambicano (unido do Rovuma ao Maputo, e do Zumbo ao Índico) vai finalmente sair das trevas. Da ignorância, do obscurantismo e, quiçá, do senso comum. Dos constantes “desenganos” a que é sistemicamente induzido por tabloides privados, sem pejo nem escrúpulos.
Enfim, abram alas, porque chegou… a era da luz!
Enfim, abram alas, porque chegou… a era da luz!
ESTRELA (vermelha?), é como se chama o novíssimo semanário cujo diferencial – de acordo com o editorial – é “ser a luz que ajuda os leitores a saberem o que se passa, de facto, no país e no resto do mundo, bem como as razões pelas quais as coisas assim acontecem”…
Que inovador!!!
Que inovador!!!
O Director do jornal é nem mais nem menos que Gustavo Mavie, responsável, aliás, por “maviar” – ops, assinar – praticamente todos os artigos contidos nas 32 páginas, vendidas pela módica quantia de 40 Mt.
Pudera... É que além dele, os efectivos são apenas um Chefe de Redacção e um repórter.
Mas atenção, que há dois colunistas de peso: o Profe Julião João Cumbane e Filimão Suazi.
Pudera... É que além dele, os efectivos são apenas um Chefe de Redacção e um repórter.
Mas atenção, que há dois colunistas de peso: o Profe Julião João Cumbane e Filimão Suazi.
A primeira edição do Estrela saiu à rua com a data de 3 de fevereiro, e – aparentemente pouco se lixando para a crise – leva o pomposo número 0001… Ou seja, pelo menos 1000 edições, garantidamente serão lançadas…
A dúvida agora é: para lá das cercanias da Pereira do Lago, haverá mercado para o Estrela?...eh eh eh
A dúvida agora é: para lá das cercanias da Pereira do Lago, haverá mercado para o Estrela?...eh eh eh
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