segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Imprensa alemã destaca tensão em Moçambique e vitória contra M23


 

A vitória “histórica” do Exército da República Democrática do Congo contra os rebeldes do M23 foi o “tema africano” mais comentado esta semana nos jornais em língua alemã. A atual tensão em Moçambique também foi notícia.
Desde início de outubro, elementos da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e tropas governamentais confrontam-se no centro de Moçambique, bastião do principal partido da oposição moçambicana, lembra o diário Neues Deutschland.
O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, acusou a RENAMO de ter começado com os combates. Esses confrontos, acrescenta o jornal, desenrolam-se sob pano de fundo da crescente marginalização política da RENAMO.
Ataques armados marcaram o primeiro aniversário do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, na sua base em Satunjira, na Gorongosa
O maior partido da oposição tem vindo a perder terreno nas eleições desde 1992 e atualmente corre o risco de “descer” para a terceira posição e ser ultrapassado pelo novo partido da oposição, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que já ganhou a presidência da Câmara Municipal da Beira, a segunda cidade do país.
Para a RENAMO, a perda de peso político faz-se também sentir em termos económicos, prossegue o jornal alemão, acrescentando que está a chegar ao país muito dinheiro proveniente dos investimentos efetuados na exploração de gás e carvão.
O Neues Deutschland escreve ainda que muitos responsáveis da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, aproveitam-se desse grande fluxo de investimentos. A RENAMO e os seus apoiantes sentem-se excluídos e exigem um mínimo de representação política, inclusive após as eleições autárquicasprevistas para o próximo dia 20 de novembro.
“Vitória histórica” contra M23
A derrota dos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) pelas Forças Armadas da República Democrática do Congo (RDC) continua a alimentar a maior parte dos artigos sobre África na imprensa alemã.
Soldados congoleses descansam após um ataque contra os rebeldes M23 perto de Bunagana, a norte de Goma (01.10.13)
“A vitória” ou “O fim de um exército rebelde” são dois exemplos de títulos encontrados nos jornais. Esta vitória, concordam alguns analistas, só foi possível graças à combinação de dois factores: a reestruturação do exército congolês e o apoio da brigada de intervenção rápida criada no âmbito da MONUSCO, a Missão da ONU na RDC. Falar de uma “vitória histórica” não é um exagero, considera o Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Pela primeira vez em mais de 20 anos, as Forças Armadas congolesas foram capazes de derrotar um grupo rebelde. O jornal aponta duas consequências que agora surgirão: por um lado, o Governo não terá de concluir um "acordo de paz " em troca de privilégios e posições lucrativas oferecidas aos rebeldes - pelo menos até à próxima guerra. Por outro lado, a firmeza apresentada contra o M23 provavelmente será uma lição para outros grupos.
Entre as razões para a rendição do M23, jornais como Die Welt referem que a pressão diplomática sobre o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, foi enorme. Agora, segundo o jornal, o governo congolês deve lutar com a mesma intensidade contra as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), os rebeldes hutus ruandeses presentes no leste da RDC.
E para que o atual sucesso se transforme numa oportunidade de longo prazo para a região será preciso que a minoria tutsi do Congo consiga uma representação política institucionalizada, conclui Die Welt.
Julgamento de Mubarak no Egito
No Egito, começou na última segunda-feira o processo do Presidente deposto Mohamed Morsi por incitação à violência.

Imprensa alemã destaca tensão em Moçambique e vitória contra M23

Este julgamento decorreu apenas durante uma hora e foi já marcada uma nova data - 8 de Janeiro - para ser retomado.
Para o Frankfurter Allgemeine Zeitung, este processo é um teste para os dirigentes egípcios reunidos à volta do chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sisi. Qualquer que seja a opinião que se possa ter de Morsi, ele tem direito a um processo justo e transparente, defende o periódico. Se tal não for o caso, então a credibilidade dos novos dirigentes diminuirá ainda mais, acrescenta.
Mas para a legitimidade do novo regime, destaca também o Süddeutsche Zeitung, será necessário mais do que um processo justo, uma vez que o veredicto já está decidido. Além de juízes imparciais, escreve ainda o jornal, também é necessário que se realizem eleições livres no Egito.

DW.DE

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