Foto: Flickr.com/José Goulão
Muitos pensam que não têm uma dependência em relação à Internet, mas segundo os últimos dados estatísticos essas pessoas estarão, provavelmente, erradas. Se você tem possibilidade de aceder à “teia global”, então mais cedo ou mais tarde irá cair nas suas malhas. Tal como outros dois biliões de pessoas antes de si.
Num mundo que preza tanto a independência, e a liberdade é praticamente elevada a culto, poucos estarão dispostos a aceitar que são marionetes e que os seus desejos são habilmente manipulados por marquetólogos. Mas fatos são fatos: se se oferecer a uma pessoa a ilusão de liberdade, se pode fazer com ela o que se quiser. E sobretudo você nunca será o responsável, pois tudo o que aconteça é da exclusiva responsabilidade de quem tomou essa decisão.
A Voz da Rússia tentou perceber, juntamente com a psicóloga Irina Lukyanova, como se pode evitar cair nas armadilhas virtuais que nos são colocadas na rede com tanta habilidade e carinho. E se cairmos, como não largar nelas todo o nosso dinheiro:
“Temos de distinguir os dois tipos que existem de Internet. Um é a Internet para trabalhar. Normalmente aqui não surgem problemas. Nós usamos a rede de uma forma bem definida para trabalhar. Já no segundo, na Internet para fins pessoais e recreativos, os usuários enfrentam problemas com frequência. Os meus pacientes se queixam frequentemente que gastam muito tempo e dinheiro com os recursos informáticos de lazer. Isso abrange sobretudo as aplicações para smartphones e tablets”.
Isso não é de admirar, pois inicialmente muitas aplicações de alta qualidade podem ser descarregadas de forma completamente gratuita. Não parece um conto de fadas? Usamos o que há de melhor e sem ter de pagar um cêntimo. É o comunismo puro. Mas nem tudo é assim tão simples…
“Você está jogando, está se divertindo e está satisfeito. O tempo voa sem que se sinta. Você fica tão absorvido pelo jogo que já não consegue parar. Quer sempre mais e mais, mas quanto mais você se deixa absorver pelo mundo virtual gratuito, mais quer obter. Isso é praticamente um substituto das drogas”.
Só que em vez da dose de cocaína ou de heroína é-lhe oferecido um jogo. No início ele é gratuito para que você se deixe absorver. Mas quando já está a jogar, vocês está pronto para dar os “primeiros frutos”. No princípio é pouco: um ou dois euros. Depois é mais. Sem dar por isso, você começa a gastar metade do salário para comprar armas virtuais, para ganhar mais um combate em linha, obter heróis mais avançados e motores ou veículos mais potentes. O vício não lhe permite parar por sua própria iniciativa. Isso quer dizer que se deve recorrer a um especialista. Irina Lukyanova considera:
“O melhor conselho é, sem dúvida, não começar. Mas quem irá dar ouvidos? Assim, se você já mordeu o anzol e começou a jogar, não deve comprar ao fornecedor quaisquer serviços adicionais ou bónus: isso só iria agarrá-lo ainda mais ao mundo virtual. Também deve limitar o tempo que passa no ambiente de jogo a um máximo de duas horas. Se isso é difícil de fazer de forma autônoma, peça aos seus familiares. Mas o melhor é começar a se dedicar a um novo passatempo que exija um máximo de disponibilidade e de preparação. Pode ser a dança, as artes marciais ou a corrida. Nele também poderá estar presente o elemento competitivo, o que ajudará sem dúvida a mudar o ciberespaço para a nossa realidade”.
As pessoas migram para o mundo dos jogos virtuais por razões completamente diferentes. Uns fazem-no para passar os tempos livres, outros devido ao vazio anímico e à solidão, alguns tentam se afirmar porque não o podem fazer na vida normal. Mas seja qual for o ponto de partida, temos de ter presente que, ao sairmos da vida real e ao nos refugiarmos nos meandros da realidade virtual de todos os nossos problemas quotidianos, na realidade só fugimos e nos escondemos de nós próprios. Não será isso o mais terrível?
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