Autarquicas 2013: Em Inhambane, MDM encerra campanha no “deserto”
Por volta das 17h:00, de domingo, 17 de Novembro, Fernando Amélia Nhaca, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), candidato pelo círculo eleitoral de Inhambane, anunciava o encerramento da sua campanha eleitoral. Ele falava para uma moldura humana composta pelos seus simpatizantes, numa zona isolada, no bairro de Chamane, onde à primeira vista dava a sensação de que o evento decorria num lugar de ninguém.
Mas o que viemos a saber, mais tarde, é que o local escolhido era estratégico porque constituía um ponto de convergência num bairro onde o MDM tem um apoio esmagador. Nhaca tem consciência disso. Ele mesmo, no seu discurso, deixa transparecer confiança de que muita gente tem necessidade de mudança, mas que tem medo de vir cá fora dizer isso abertamente.
Aliás, a nossa Reportagem pôde ouvir vários votos de confiança dados pelos munícipes nos vários contactos efectuados por Nhaca, o que leva a pensar-se que no dia da votação nunca se sabe o que poderá acontecer. Inhambane já não é propriamente um bastião incondicional da Frelimo, percebe-se isso nas conversas que se desenvolvem nos cafés, e os últimos acontecimentos no país podem mudar muito a posição dos munícipes daqui.
Alguns colegas de Fernando Nhaca, que é professor, referiram-se, sem quererem ser citados, à necessidade de “mudar de camisa”. Esses mesmos docentes chegaram a dizer-nos que nos seus locais de trabalho não existe o à-vontade para exporem as suas ideias, “mas já estamos a ficar cansados.”
O candidato do MDM pode estar a dar mais força aos que assim pensam, porque o seu discurso é de que “já chega de sofrimento, os nossos pais sofreram, nós também estamos a sofrer, mas os nossos filhos não podem passar por essas humilhações, e para não serem sujeitos a isso é preciso votar no MDM, porque é a oportunidade para a juventude.”
Este jovem professor, ao contrário da campanha anterior, desta vez afinou a sua postura, o seu discurso flui claramente em direcção aos seus alvos. Por exemplo, no mercado Jiló, ele fez referência à cobertura, com chapas de zinco, levada a cabo, segundo ele, graças ao medo que a Frelimo tem do MDM. “Eles vieram cobrir o vosso mercado porque sabiam que desta vez iríamos voltar com mais força, e desta vez forma pensam que vos podem enganar.”
Não só mercado Jiló, como noutros por ele visitados, Fernando Nhaca foi recebido com bastante entusiasmo. Os vendedores parecem estar a pender para ele. Uma vendedeira por nós contactada, para repetir o que disse ao candidato do MDM, não hesitou, dizendo que “queremos ver outras coisas. Você quando não concorda com a Frelimo, quando não vai às reuniões, é perseguido. Temos que pagar dois meticais para usar as casas de banho, quando todos os dias vêm para aqui cobrar-nos taxas. Afinal qual é a vantagem deste dinheiro que estamos a contribuir?”.
Fernando Nhaca prometeu aos munícipes, em caso de vitória, reverter os impostos a serem colectados aos fins-de-semana, directamente para os vendedores, uma promessa que, aliás, tem empolgado muito os visados. Há uma percepção, no município de Inhambane, de que existem zonas de aversão aberta à Frelimo, o que propiciou um grande sentido de oportunidade ao candidato do MDM, que voltou a repisar o refrão que tem sido uma espécie de bandeira: “chega de sofrimento.”
São essas pessoas que depois de se terem recusado a receber Benedito Guimino ovacionaram Nhaca, levando-o a acreditar verdadeiramente numa reviravolta. Os jovens também dão a impressão de que estarão com o candidato do MDM. Nos locais de lazer, onde os mesmos jovens se concentram, o discurso é de desapontamento em relação à Frelimo, o que pode estar a criar condições para um favoritismo ao jovem Nhaca.
@VERDADE – 18.11.2013
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