Segurança do Estado em falência!
A corrupção tem um grande potencial de corroer a máquina do Estado e aniquilar, inapelavelmente, a eficácia da Administração Pública. Mas quando ela penetra o próprio sistema de segurança do Estado, carcomendo-o, como o cancro faz ao corpo humano…é a morte do próprio Estado que se anuncia!
Porque, a partir daí, ela, a corrupção, deixa de ser conduta desviante, para se assumir como norma do próprio Estado!
De que se fala, nos meandros da justiça moçambicana, nos locais de trabalho, nos cafés, hoje em dia?
Oh, não é apenas da saga das dívidas ocultas, não!
Fala-se de processos judiciais intentados contra oficiais superiores do próprio Serviço Nacional de Segurança do Estado (SISE); de funcionários superiores do Serviço Nacional de Migração (SENAMI) ; do Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças (CEDSIF) e…vejam só, ! do próprio Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC)!
E não se trata de um ou dois oficiais ou agentes “infiltrados no nosso seio” ou teleguiados por “mão externa”, não! Trata-se de DEZENAS de membros de cada um destes serviços estratégicos da segurança de uma nação, ora detidos, por condutas criminosas, atentatórias à própria missão por que são pagos: a segurança do Estado!
O que eles fazem ou de que são eles acusados?
São acusados de urdir conluios multimilionários contra a Pátria, com os gangues mais inescrupulosos deste mundo, fingindo que o estão fazendo em cumprimento, precisamente, da nobre missão de garantir a segurança nacional.
São acusados de soltar das prisões alguns dos mais ensanguentados e sanguinários prisioneiros da Nação, que seus colegas suaram para lhes seguir o rasto e os levar à barra do tribunal, aonde ficou provada a sua autoria moral em crimes de sangue e financeiros de alta-roda!
São acusados de vender a estrangeiros documentos de afirmação da soberania do Estado, como passaportes e Documentos de Identificação e Residência de Estrangeiros (DIRE) e de emitir autorizações oficiais de entrada no país (vistos), a soldo!
Ora, é todo o sistema de segurança do Estado escancarado, de ponta a ponta!
Carlos Cardoso já advertia, nos anos 1990, sobre o perigo de " gangsterização" do Estado!
Antigamente, os coelhos ouviam falar do SNASP (Serviço Nacional de Segurança Popular) e fugiam, escondendo-se no mato. Hoje ouvem falar do SISE e pensam que se trata de cenouras!
Antigamente, um jovem dizia que tem Passaporte e sabia-se que ia estudar no estrangeiro; hoje quando um jovem diz que tem passaporte pergunta-se quanto pagou por ele.
Antigamente, falava-se da PIC e pensava na Policia; hoje quando se fala de SERNIC pensa-se em…”boladas”!
Que ideia nos projectam estas imagens? A ideia de um Estado com os seus sistemas de segurança capturados e estuprados pelo crime.! A ideia, portanto, de um Estado com a sua segurança falida! Como consequência de várias décadas de acarinhamento à corrupção, a partir do topo da pirâmide!
“De muito gorda a porca já não anda. De muito usada a faca já não corta” – cantava, nos anos 70, Chico Buarque.
Decididamente: a tarefa que nos espera, à frente, enquanto Nação, é titânica: refundar o Estado Moçambicano! De raiz! Certamente, muito mais difícil do que quando fundamos este, em 1975!
2 comentários:
Concordo Tomás com o seu text
Mais do que colocar o que todos vê m e sabem o importante é termos uma instituição que possa promover um debate em relação a refundação do Estado. Porque deixarmos para que os de sempre estejam na a dianteira estarmos a cometer alguns erros. Com isso não quero dizer que eles não têm um papel importante mas não são todos talvez o Hunguana pode ser chamado a participar.
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