A equipa de buscas teve grande dificuldade em encontrar os restos mortais do caçador que se aventurou no Kruger Park, com quatro cúmplices. Acabaram por encontrar um crânio e umas calças.
Um crânio e um par de calças é tudo o que resta do caçador furtivo que na passada semana entrou no Kruger Park, na África do Sul, com o objetivo de caçar rinocerontes. Segundo os seus cúmplices, o homem cuja identidade não foi revelada pelas autoridades, foi pisado por um elefante — o que lhe provocou morte imediata. Mais tarde, os seus restos mortais terão sido comidos por leões. As autoridades foram alertadas pela família, mas já nada puderam fazer.
“É muito triste ver as filhas da vítima a chorar a morte do pai e, pior que tudo, só conseguirem recuperar tão pouco dos seus restos mortais”, disse Glenn Phillips, administrador do parque natural ao Letaba Herald, deixando também um aviso: “Entrar de forma ilegal, e a pé, no Kruger Park não é uma atitude inteligente, há muitos perigos no parque e este incidente é a prova disso.”
A caça furtiva de rinocerontes, proibida por lei, é um problema recorrente no parque nacional que é também a maior área protegida do país, cobrindo cerca de 20 mil quilómetros quadrados. Em 2014, dezenas de animais foram retirados do parque para tentar evitar as mortes por caça furtiva que têm levado à dizimação da espécie.
Na passada segunda-feira, 1 de abril, a vítima entrou no parque nacional com quatro cúmplices. Segundo os próprios, o homem foi pisado por um elefante já na terça-feira, morrendo no local. Os seus companheiros decidiram então transportar o corpo para uma zona mais movimentada, esperado que o cadáver fosse encontrado e entregue à família.
Depois disso, avisaram os familiares do caçador furtivo do sucedido e relataram como o homem foi morto por um elefante. Foi então que a família decidiu alertar as autoridades. Acontece que quando os rangers do parque chegaram ao local, o corpo já não se encontrava lá. Todos os indícios apontavam para que os restos mortais tivessem sido devorados por leões.
Esta versão dos factos foi confirmada pelo brigadeiro Leonard Hlathi que, citado pelo Letaba Herald, avança que os restos mortais foram descobertos três dias depois, a 4 de abril, junto da secção da Ponte Crocodilo, zona onde existe um acampamento base para os visitantes que fazem safaris no Kruger Park. No entanto, tudo o que conseguiram recuperar foi um crânio humano e um par de calças.
Cúmplices foram detidos
Depois de as autoridades terem sido alertadas, deu-se início a uma investigação que envolveu a polícia e as equipas do parque, como explicou o diretor de comunicação do Kruger, Isaac Phaahla.
As equipas, a pé, percorram toda a zona do incidente, tentando em vão, encontrar o cadáver. “A falta de luz tornou impossível localizar o corpo. Na quinta-feira, retomámos as buscas já na posse de mais informação dada pelos alegados cúmplices, detidos na noite anterior. Foi durante esta busca que os restos mortais foram encontrados.”
Os vestígios encontrados na cena do crime apontam para que uma alcateia de leões tenha devorado os restos mortais, deixando apenas um crânio e um par de calças”, disse Isaac Phaahla.
Os homens detidos, com idades entre 26 e 35 anos, enfrentam acusações de posse ilegal de armas e de munições, conspiração para caçar e invasão de propriedade.
Os dados mais recentes do governo sul-africano apontam para a morte de 508 rinocerontes, entre janeiro e agosto de 2018, na sequência da caça furtiva, um decréscimo em relação a 2017 (691 animais). No mesmo período de tempo, a polícia deteve cerca de 400 suspeitos de caça furtiva.
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