20.12.2018 às 11h40
O exemplo de sacrifício pessoal do jovem Lin, que deixou de estudar para trabalhar e sustentar a família, comoveu os taiwaneses
Um jovem taiwanês exausto de trabalhar adormeceu ao volante da sua carrinha e foi bater em quatro Ferraris que se encontravam estacionados junto a uma ponte, onde iam começar um passeio. Ninguém ficou ferido, mas o homem viu-se de repente a braços com uma potencial conta de reparações estimada em centenas de milhares de euros. O que lhe deverá valer é a solidariedade espontânea imediatamente gerada pelo caso.
Lin, de 20 anos, trabalha como entregador numa churrasqueira em Nova Taipé. O seu turno acaba às 3h, mas domingo de madrugada, quando ele chegou à casa que partilha com a mãe, percebeu que ela não estava bem. Decidiu então, para a aliviar, fazer uma entrega que ela tinha agendado. A loja vende papel usado para queimar em cerimónias, e a mãe de Lin trabalha lá sozinha desde que o pai morreu. Há uns tempos, Lin deixou os estudos que fazia na universidade para a poder ajudar.
O acidente de domingo danificou os quatro carros, em graus diferentes. O Ferrari amarelo que estava atrás na fila ficou com um dos lados seriamente amolgado. O seguinte, branco, também levou uma forte pancada por trás. Já os dois seguintes, respetivamente azul e vermelho, sofreram poucos danos. O dono do vermelho, cuja matrícula foi atingida pelo azul, já disse que não vai pedir indemnização.
UMA CONTA OFICIAL PARA DOAÇÕES
Apesar de apelos do público, os donos dos outros não tiveram a mesma atitude. Um deles disse mesmo que tinha trabalhado muito para comprar o carro. Mas muitos cidadãos comoveram-se com a história. Um empresário local anunciou que queria ajudar Lin, e dezenas de anónimos logo lhe seguiram o exemplo. Houve mesmo quem fosse à procura do casebre pobre onde a mãe de Lin tem a loja e onde a família vive para lhes oferecer dinheiro.
Lin tem um irmão mais velho e uma irmã mais nova, que ainda anda no liceu. O seu exemplo de sacrifício e a sua disposição imediata para assumir todas as responsabilidades comoveram suficientes pessoas para justificar que as autoridades abrissem uma conta oficial para doações.
A quantia angariada até terça-feira, embora já ultrapassasse o equivalente a seis mil euros, estava muito longe do necessário. Mas a iniciativa ainda mal arrancou, e Lin diz que os donos dos carros se têm mostrado pacientes. Outro efeito positivo da história: a universidade que ele teve de deixar ofereceu-se para o dispensar de propinas, e ainda prometeu uma doação de mais de dois mil euros.
Para alguém que, com o seu salário atual, levaria uns 28 anos a pagar o montante que ficou a dever por causa do acidente, não é um mau começo.
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