quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Isto é batota, Mr President!

Renamo discorda completamente das nomeações “interinas” no âmbito dos DDR 
Quase 24 horas depois de o ministro da Defesa Nacional, Atanásio M’tumuke, sob orientação do Presidente da República e comandante em chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), Filipe Nyusi, ter nomeado “interinamente” os oficiais generais provenientes da Renamo para ocupar os cargos de chefia e direcção nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), o partido Renamo convocou, esta quarta-feira, a imprensa para, publicamente, reagir e mostrar a sua discordância profunda em torno do anunciado. 
Apesar de ter declinado abordar, com algum detalhe, questões relacionadas com o andamento do processo negocial com a contra parte governamental, condição sine qua non para a concretização de todo o processo de integração em curso, a Renamo diz que não concorda com os moldes que o Governo está a usar para o cumprimento dos pontos constantes do Memorando de Entendimento (ME) assinando pelas duas partes no passado dia 6 de Agostodo ano prestes a findar. 
O ponto de discórdia, segundo José Manteigas, porta-voz do partido Renamo, tem ver com o facto de o ministro da Defesa Nacional ter nomeado “interinamente” os oficiais generais provenientes da Renamo para dirigirem os Departamentos de Operações, de Informações Militares e de Comunicações, ambos do Estado-Maior General. 
Para Manteigas, as “nomeações interinas” representam uma violação grosseira ao que vem plasmado no memorando rubricado pelas duas lideranças, no caso Filipe Nyusi e Ossufo Momade, coordenador interino da Renamo, precisamente pelo facto de o instrumento em referência não prever “nomeações interinas”. 
Diante deste cenário, o porta-voz da “Perdiz” apelou ao Presidente da República para que cumpra escrupulosamente o que vem vertido no documento em referência, revertendo com efeitos imediatos as nomeações. Nisto, exige que as provisões passem a efectivas, tal como demanda o acordo.
“Apelamos ao Governo e ao Presidente da República de Moçambique para cumprirem escrupulosamente o Memorando de Entendimento e reverter com urgência as nomeações interinas por efectivas”, disse José Manteigas. 
Adiante, Manteigas avançou, numa clara advertência ao Governo, que a reconquista da paz e reconciliação nacional não se deve basear em soluções paliativas e temporárias sob pena de se ter uma paz e reconciliação precárias, o que poderia ditar a continuação da instabilidade no país.

Oficiais da Renamo a integrar nas FADM de acordo com José Manteigas, à luz do Memorando de Entendimento, devem ser enquadrados, numa primeira fase, 14 oficiais superiores e generais da Renamo para dirigirem 3 departamentos do Estado-Maior General; 1 brigada; 2 batalhões independentes; 4 repartições do exército e 2 Estados-maiores de brigadas. Explicou o porta-voz da Renamo que os 14 oficiais em referência estão nas FADM desde 1994 e que devido ao tratamento discriminatório promovido pela ala governamental nunca foram promovidos. 
Detalhou que os 14 oficiais foram patenteados no passado dia 16 de Agosto do corrente ano, 10 dias depois da assinatura do ME, em cerimónia dirigida por Filipe Nyusi, no Quartel-general, sendo que já há 4 meses aguardavam pela colocação. 
Entretanto, de acordo com o Memorando de Entendimento assinado pelas duas lideranças em Agosto último, mais tarde tornado público, o partido actualmente liderado por Ossufo Momade, tem direito de ocupar 10 postos de chefia e direcção nas Forças Armadas de Moçambique. 
No Estado - Maior General, por exemplo, à luz do ME, a Renamo deve chefiar o Departamento de Operações, de Informações Militares e de Comunicações. Para estes três departamentos foram, recorde-se, indicados interinamente pelo ministro da Defesa Nacional o brigadeiro Xavier António (Departamento de Operações), o comodoro Inácio Luís Vaz (Departamento Informações Militares) e o brigadeiro Araújo Andeiro Maciacona (Departamento de Comunicações).
Já no ramo do Exército, a Renamo deve chefiar as repartições de pessoal, de saúde, de educação cívica e patriótica e de artilharia anti-aérea. 
Nas brigadas, o maior partido da oposição do xadrez político nacional apenas chefia a de Tete. Por fim, nos batalhões independentes, a Renamo deve comandar o de Pemba e o de Quelimane. (Ilódio Bata)
MEDIA FAX – 13.12.2018

Sem comentários: