A palanca negra gigante, única da espécie no mundo, localizada apenas na Reserva Natural e Integral do Luando e no Parque Nacional de Cangandala, província de Malanje, continua em risco de extinção com o aumento da acção dos caçadores furtivos.
Sabe-se, entretanto, que cerca de 150 espécies integram a “Lista Vermelha” de Angola, entre extintas, ameaçadas de extinção, vulneráveis e invasoras, segundo um documento divulgado no dia 3 de Agosto de 2018.
Numa situação diametralmente oposta, o que só comprova o cuidado de quem nos governa há 43 anos, estão espécies mais humanas, casos da corrupção, cleptocracia, malária, mortalidade infantil, pobreza etc..
A “Lista Vermelha” de Angola, elaborada pelas autoridades de acordo com a Convenção Internacional sobre o Comércio da Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITES) e da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), integra répteis, peixes, mamíferos e plantas nesta condição.
Segundo a lista, Angola tem 30 espécies ameaçadas de extinção, três espécies extintas, essencialmente devido aos efeitos da caça furtiva, e ainda 100 espécies vulneráveis e 18 espécies invasoras. Uma espécie em vias de extinção, mas inda não catalogada, é a dos “kwachas”, uns “primatas” que durante décadas moveram uma feroz guerra aos seus principais carrascos (o MPLA).
Aliás, os restos mortais do pai desta espécie (chamado Jonas Savimbi) continuam sequestrados, desde 2002, pelo Governo que – tanto quanto se julga – está cientificamente a estudar a sua genética na tentativa de provar que os “kwachas” não são humanos…
“Este evento demonstra um marco importante da conservação da biodiversidade em Angola. Após vários anos de recolha de informações, técnica ou científica, o executivo angolano tem a sustentabilidade ambiental de Angola como uma meta a atingir nos próximos anos”, disse a então ministra do Ambiente, Paula Coelho, na cerimónia de apresentação do documento.
“O lançamento da ‘Lista Vermelha’ não nos satisfaz. Muito pelo contrário, pois apresenta o risco e vulnerabilidade que temos nas nossas espécies e os ecossistemas mais degradados, pois é habitat fundamental para a perpetuação delas”, sublinhou.
Paula Coelho disse também que a elaboração da “Lista Vermelha” das espécies angolanas constitui um dos mecanismos para constatar a situação actual da “vasta e rica biodiversidade” em Angola, o que permitirá tomar medidas adequadas para inverter a situação de declínio.
Para a efectivação das medidas destinadas a inverter a situação das espécies cuja sobrevivência está ameaçada, devido sobretudo à caça furtiva, a ministra do Ambiente pediu o concurso de académicos e demais actores da sociedade civil para a “mudança do actual quadro”.
O Papa Francisco exortou a que se ouça o grito dos pobres,
“cada dia mais forte, mas também menos escutado,
sufocado pelo barulho de alguns ricos”.
Por cá, 20 milhões de angolanos pobres
juntam-se terça-feira para
“festejar” o Natal, mostrando que são
uma espécie que não está
em extinção (pelo contrário).
“Queremos, mais uma vez, pedir o apoio da sociedade académica e civil para que possamos ter menos espécies ameaçadas de extinção. Com o lançamento desta lista projecta-se também o desafio de toda a sociedade no sentido de considerarmos as nossas actuações, que estão a pôr em causa a existência das espécies da flora e da fauna”, exortou.
Acrescentou que, com a publicação do documento em Diário da República, a “Lista Vermelha de Angola” torna-se um instrumento legal do que exprime a posição do Governo em relação ao estatuto das espécies.
“Apelamos ao consenso para que haja, no futuro breve, uma Lei sobre a Genética. Apelamos também ao Instituto Nacional de Conservação da Natureza para nos apoiar nas categorias que devemos dar continuidade à medida que formos proclamando as nossas áreas de conservação”, rematou.
A relevância da “Lista Vermelha” foi igualmente assinalada pela directora do Centro de Botânica da Universidade Agostinho Neto (UAN), Esperança Costa.
“É fundamental, porque é o alerta à conservação da biodiversidade no nosso país, o alerta para uma melhor gestão de determinadas espécies que constam da lista e constitui uma ferramenta fundamental sobre a gestão do ecossistema onde essas espécies se encontram”, disse.
Para a investigadora da UAN, instituição que é considerada como a maior universidade de Angola, a caça furtiva e outras práticas menos amigas do ambiente e que pouco concorrem para a sustentabilidade ambiental “devem ser desencorajadas e punidas por lei”.
Em matéria de répteis e anfíbios, Angola reuniu mais de 400 referências identificadas nos últimos 200 anos, mas até 2019 prevê-se ainda a descoberta de até 20 novas espécies.
O projecto está (ou estava) a cargo do Instituto Nacional de Biodiversidade e Áreas de Conservação de Angola (INBAC) e era coordenado pelo português Luís Ceríaco, igualmente curador de répteis e anfíbios do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa, consistindo numa primeira fase na recolha bibliográfica da herpetofauna (répteis e anfíbios) angolana conhecida desde o século XIX.
Conforme explicou o especialista português em Junho de 2016, em Luanda, a ideia é (ou era) criar um Atlas com toda a informação histórica recolhida em Angola até ao presente, tendo nesse ano já um acervo de 110 espécies de anfíbios e 300 de répteis.
“O interessante é que na maior partes dessas espécies, quase 70%, temos cinco registos para o país inteiro. Ou seja, espécies que sabemos que terão uma grande extensão de distribuição no país, mas das quais só há cinco registos [bibliográficos] desde o século XIX até hoje”, explicou o especialista português ao serviço do INBAC.
Além disso, conclui-se pelos dados até então recolhidos que “grandes áreas” de Angola “não têm um único registo” de presença de répteis e anfíbios.
“Isso não significa que não estejam lá, apenas que nunca ninguém explorou essas zonas. São áreas muito, muito grandes”, apontou.
Sem comentários:
Enviar um comentário