terça-feira, 13 de novembro de 2018

Publica muitas selfies? Talvez seja um narcisista em crescimento. Ora saiba porquê

Casal de turistas em traje de praia tiram uma “selfie” sobre a Ponte do Milénio, em Londres, Reino Unido
JONATHAN BRADY / GETTY IMAGES

Um novo estudo desenvolvido pelas universidades de Milão e Swansea encontrou correlação entre o número de selfies publicadas nas redes sociais e a personalidade de quem o faz

Começamos por lhe fazer um desafio: abra o seu perfil do Instagram ou do Facebook e conte o número de selfies que publicou nos último tempos. Já está? Aqueles que demoraram mais tempo tempo a completar o desafio, porque tinham muitas selfies para contar, são, provavelmente, mais narcisista do que aqueles que despacharam a contagem em poucos segundos. Ou seja, quem tira mais fotografias a si próprio e publica nas redes sociais, normalmente, é mais narcisista do que quem não o faz. A conclusão é de um estudo das universidades de Milão (Itália) e Swansea (País de Gales).
“Tem havido a sugestão de que existe uma relação entre o narcisismo e a publicação de posts visuais em redes sociais como, por exemplo, o Facebook. Até este estudo não era sabido se eram as pessoas narcisistas que usavam mais as redes sociais ou se era o uso das plataformas que fazia o narcisismo aumentar nos seus utilizadores. Ambos os casos acontecem, no entanto concluímos que a publicação de selfies pode aumentar o narcisismo”, explicou em comunicado Phil Reed, professor de psicologia e um dos responsáveis pelo estudo.
O artigo foi publicado no “Open Psychology Journal”. Os dados agora revelados são resultado de quatro meses de observação do comportamento de 74 pessoas com idades entre os 18 e 34 anos. Além das suas personalidades, os investigadores avaliaram o tipo de utilização que cada uma das pessoas fazia do Twitter, Facebook, Instagram e Snapchat.
Quem usa excessivamente as redes sociais, sobretudo para a publicação de fotografias, mostrou um aumento em 25% dos traços de personalidade narcisista. Parte das pessoas avaliadas passaram mesmo a ter o diagnostico de Transtorno de Personalidade Narcisista.
Já aqueles que usam as redes sociais sobretudo para posts escritos, como é muito frequente no Twitter, o desenvolvimento da característica narcisista não é verificado. No entanto, são estas pessoas que normalmente são por si só mais absorvidas em si. “Quanto mais narcisista são ao início, mais posts escritos vão fazer depois”, refere a investigação.

MENOS REDES SOCIAIS, MENOS DEPRESSÃO E SOLIDÃO

Há muito que a associação entre o uso das redes sociais e os problemas como a depressão é feita, no entanto, um estudo da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, veio agora comprovar que um maior uso das redes sociais significa um estado emocional pior, enquanto que um uso menor significa um estado emocional melhor.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores monitorizaram 140 alunos universitários ao longo de três semanas. Uma parte deste grupo continuou a usar as redes sociais sem qualquer limite, enquanto outra parte tinha um máximo de dez minutos diários no Facebook, mais dez no Instagram e outros dez no Snapchat.
“O grupo com o tempo de utilização limitado mostrou uma redução significativa nos sentimentos de solidão e depressão comparativamente com o outro grupo”, pode ler-se no estudo. “As nossas conclusões sugerem que limitar o uso das redes sociais a cerca de 30 minutos por dia pode levar a uma significativa melhoria do bem-estar.” O artigo, da autoria da psicologia Melissa Hunt, foi publicado pelo “Journal of Social and Clinical Psychology”.
No entanto, a experiência não registou melhorias em áreas como a autoestima ou o apoio social. Para a psicóloga existe, sem qualquer dúvida, uma relação entre o uso das redes sociais e o bem estar emocional, no entanto, o que agora questiona é a força dessa ligação.
“Muita da literatura existente sobre as redes sociais sugere uma quantidade gigante de comparações sociais. Por exemplo, quando olhamos para a vida de alguém nas redes sociais – sobretudo através do Instagram – é fácil concluir que aquela vida é muito melhor e mais divertida do que a nossa”, refere Hunt. “Mas quando não estamos ocupados a fazer cliques nas redes sociais, é bem mais provável estarmos a fazer coisas que nos fazem sentir muito melhores para com as nossas vidas”, acrescentou.

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