Partido Democrata muito perto de obter grande vitória na câmara baixa do Congresso norte-americano, com a conquista de mais de 20 lugares ao Partido Republicano. Partido de Trump pode conquistar três senadores aos democratas.
As eleições intercalares desta terça-feira nos Estados Unidos trouxeram consigo o fim do monopólio republicano no Congresso norte-americano. O partido de Donald Trump manteve e a maioria no Senado, mas perdeu a Câmara dos Representantes para o Partido Democrata.
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Com quatro lugares no Senado e 24 na Câmara ainda por declarar, o Partido Republicano poderá subir de 51-49 para 53-47 ou até mesmo 54-46 a sua representação na câmara alta, depois de uma boa prestação nas zonas rurais, nos estados tradicionalmente “vermelhos” e junto das classes brancas trabalhadoras. Um resultado que, a confirmar-se, deixará o GOP com uma grande margem de manobra para aprovar nomeações importantes para os tribunais federais e para o Supremo Tribunal.
Apesar de o candidato-sensação do Partido Democrata no Texas, Beto O’Rourke, ter andado muito próximo da vitória, a verdade é que o actual senador, Ted Cruz, manteve o seu lugar. O Partido Republicano tirou também dois lugares ao Partido Democrata – no Indiana, no Missouri e no Dacota do Norte –, e poderá ainda recuperar mais um, possivelmente na Florida.
Com a actual maioria, a liderança do Partido Republicano no Senado ficou dependente dos votos de dois ou três senadores da sua bancada (Lisa Murkowski, Susan Collins e John McCain) – estes três senadores votaram contra o fim do Obamacare, por exemplo. Com uma maioria mais confortável, o Partido Republicano tem mais margem para fazer menos concessões.
Mesmo derrotado no Senado, o Partido Democrata encaminha-se para uma grande vitória na Câmara dos Representantes, fruto de uma grande performance nas grandes cidades e áreas urbanas dos EUA. Para reconquistar a maioria, os democratas precisavam de tirar 23 lugares ao Partido Republicano. E o ritmo a que esses lugares estão a cair indica que a maioria para os próximos dois anos será, no mínimo, superior a 25 lugares – e pode chegar aos 30.
Quanto maior for a vantagem do Partido Democrata na Câmara dos Representantes, maior será a margem de manobra da sua liderança para aprovar algumas medidas com o objectivo de pôr o Presidente Trump na defensiva, como um pedido de divulgação das declarações de impostos, ou até o início de um processo de impeachment.
“O que aconteceu foi maior do que uma disputa entre democratas e republicanos. Foi a restauração dos ‘checks and balances’ à administração Trump, previstos pela Constituição”, celebrou Nancy Pelosi, na calha para se tornar líder da maioria democrata da Câmara.
Tal como o Partido Republicano precisa de acomodar as exigências dos seus senadores eleitos em estados onde Hillary Clinton venceu em 2016, o Partido Democrata também precisa de uma maioria confortável na Câmara dos Representantes para não ficar refém de alguns dos seus congressistas eleitos em distritos onde Donald Trump venceu em 2016.
O partido de Barack Obama conseguiu eleger um número significativo jovens, de muçulmanos e de mulheres – as 134 candidatas eleitas constituem um recorde na Câmara dos Representantes.
Alexancra Ocasio-Cortez (Nova Iorque) e Abby Finkenauer (Iowa), ambas com 29 anos, serão as mulheres mais novas de sempre na Câmara. Já Ilhan Olmar (Minnesota) e Rashida Tlaib (Michigan) tornaram-se nas primeiras mulheres muçulmanas a ser eleitas para a mesma assembleia. Por fim, Debra Haaland (Novo México), igualmente eleita para a Câmara, será a primeira mulher nativa-americana no Congresso.
Do lado democrata, o destaque vai ainda para a eleição de Jared Polis, no Colorado, o primeiro governador assumidamente gay.
“É o início de um novo Partido Democrático, jovem, mais escuro, fresco, com mais mulheres, mais veteranos. Não se tratou de uma onda azul, mas de uma onda arco-íris”, reagiu o comentador político da CNN Van Jones.
Trump, entretanto, e apesar de o seu partido ter perdido o controlo da Câmara dos Representantes, congratulou-se com os resultados das eleições, com uma mensagem no Twitter: “Grande sucesso esta noite. Obrigado a todos!”.
À primeira reacção seguiram-se outras publicações naquela rede social, tendo o Presidente citado personalidades que elogiaram a sua “magia” e que defenderam que muitos dos republicanos eleitos “lhe devem as suas carreiras” depois dos resultados da noite eleitoral.
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