quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Mentira tem pernas de barro



Canal de Opinião por Edwin Hounnou
Alguém anda a espalhar, por aí, uma grosseira e vergonhosa mentira segundo a qual o MDM se aliou ao partido Frelimo como maneira de se vingar das instigações à deserção dos seus membros para a Renamo. A história recente da nossa democracia contém factos irrefutáveis que demonstram quem, nos momentos cruciais, se colocou do lado da Frelimo como forma de fazer barreira para que o MDM não seja achado.
O que se diz que o MDM se juntou à Frelimo na luta contra a Renamo, serve de propaganda para justificar as suas fraquezas e ocultar outras intenções ocultas, conhecidas pelos mentores das falsas derrotas perante uma Frelimo enfraquecida por corrupção, porém, falsamente, invencível. A Frelimo há muito que atingiu a idade da “velhice”, precisando de ser removida do poder e substituída por uma outra força comprometida com o povo e impulsione o desenvolvimento socioeconómico do país. A Renamo está indisponível para ser poder. A mentira tem pernas curtas para uma maratona de lógica formal. Uma mentira é rebatível sem grande esforço. Eles mentem quando associam o MDM à Frelimo. Quem aparece aliado à Frelimo, em várias ocasiões, é a Renamo, que, hoje, diz que o MDM se aliou à Frelimo, com o objectivo de desacreditá-lo.
Isso não corresponde à verdade como demonstram os factos que marcam a política nacional. Nas eleições gerais de 2009, o MDM foi impedido de concorrer em nove dos 11 círculos eleitorais e a Frelimo para proceder de tal forma contou com o apoio da Renamo. A irmandade entre a Frelimo e Renamo prosseguiu. O MDM, apesar de ter assento na Assembleia da República, solicitou que estivesse presente na mesa das conversações entre o governo da Frelimo e a Renamo, porém, a Renamo opôs-se a esse desiderato enquanto a Frelimo disse que não se importaria. O MDM desejava participar em todas as matérias à excepção das questões militares, que deveriam ser discutidas entre os ex-beligerantes. A Renamo fechou as portas, chamou o diálogo para si e Frelimo, em prejuízo não só do MDM como de todas as forças vivas da sociedade civil.
O resultado dessas conversações é, por exemplo, a Comissão Nacional de Eleições, fortemente, partidarizada enquanto a sociedade civil, no seu conjunto clamava, e ainda clama, por uma comissão eleitoral sem subserviências políticas, para salvaguardar a democracia. A comissão eleitoral que conduz eleições que sempre desaguam em conflitos, por vezes desembocam em guerras que dilaceram o país. Os órgãos eleitorais são a principal fonte de conflitos que acontecem a seguir às eleições.
Isso poderia ser evitado se houvesse uma comissão eleitoral independente. A Renamo nunca quis outros actores no cenário político nacional ainda que diga que lutou pela democracia e inclusão. Não é ético fingir que está a conversar com o outro enquanto lhe vai tirando o tapete dos pés, por isso, a nova liderança da Renamo não deu importância nem fez a questão de prosseguir com os contactos que decorriam entre Afonso Dhlakama e Daviz Simango porque sabiam que aquilo não passava de um passatempo para entreter o MDM.
A vontade de aniquilar o MDM sempre persistiu ao longo dos tempos. A liderança da Renamo deseja ver o MDM integrado na perdiz, não como uma força para reforçar a sua pujança, mas como uma simples rendição individual. A Renamo diz que quer ver o MDM dissolvido e seus elementos integrados e nada de sonhar com algo parecido com uma frente eleitoral alargada. É por essa razão que vemos a tentativa de desmoronar o MDM com incitamentos a deserções em massa.
A retórica de falta de ambiente democrático no MDM não passa de uma desculpa de mau pagador. Trata-se de uma combinação para destruir o MDM e ambição dos “vientes”. Não fica bem chegar sem papo nem falar mal de onde vem. Essa postura atípica faz lembrar os desertores da FRELIMO quando se entregassem às autoridades coloniais, mentiam que quem lutava contra Portugal eram russos e chineses. Eles tinham que dizer alguma besteira para agradar ao novo hospedeiro.
E a História repete-se. O que soa bem é eles, os vientes, dizerem: “Não há democracia no MDM. Aqui me sinto como peixe na água”. Não é nossa missão descrever em que águas se meteram os “vientes”. Desejamos-lhes boa sorte na nova empreitada, por enquanto! O resto diz respeito a eles.
Todavia, vale recordar um ditado popular que diz que “peixe morre pela boca”. O tempo é o melhor juiz para desvendar a real motivação que leva a essas pessoas a saltarem de galho em galho, como se fossem macacos assustados. Fica registado que os desentendimentos entre a Renamo e o MDM retardam a remoção da Frelimo do poder.
Combinando a larga popularidade da Renamo com a inteligência do MDM colocariam a Frelimo fora dos carris, a 10 de Outubro próximo. A 15 de Outubro de 2019, dariam um golpe de misericórdia ao regime corrupto da Frelimo.
A Renamo não tem, na sua agenda, o programa da remoção da Frelimo do poder, mas se bate para, apenas, manter a sua posição como “o segundo maior partido”. Por isso, vemo-la a jogar-se ao chão, em momentos decisivos, quando todos pensam e esperam que a Renamo vai vencer as eleições. Voltemos à incómoda pergunta: quem se junta à Frelimo para não chegar ao poder é o MDM, ou é a Renamo? (Edwin Hounnou)
CANAL MOZ – 20.09.2018

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