26.09.2018 às 18h31
Depois de ter virado o alvo da investigação para a Polícia Judiciária Militar e para a GNR, a Polícia Judiciária conseguiu encontrar provas contra aquele que era já o principal suspeito do assalto a Tancos. Autor do furto é um ex-fuzileiro
O caso de Tancos parece próximo de estar resolvido, na perspetiva da Polícia Judiciária e do Ministério Público. Da lista de indivíduos detidos terça-feira, no âmbito de um novo inquérito-crime sobre suspeitas de a Polícia Judiciária Militar e o Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé terem montado uma operação de encobrimento, faz parte aquele que era desde o início o principal suspeito de ser o autor do assalto aos paióis de armamento militar de Tancos a 29 de junho de 2017.
O Expresso confirmou que se trata de um dos suspeitos que estavam sob vigilância desde o dia seguinte ao assalto, há mais de um ano, e embora não tenha sido ainda indiciado do crime de furto, isso deverá acontecer muito em breve, no âmbito do inquérito-crime original do caso. O homem é um ex-fuzileiro.
Na terça-feira à noite, na sequência de oito detenções feitas ao longo do dia, incluindo do diretor e de mais três elementos da Polícia Judiciária Militar e de três militares do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé, a Procuradoria-Geral da República fez saber através de uma nota de esclarecimento que existem dois inquéritos-crime em curso relacionados com o assalto aos paióis de Tancos. Um deles, o original, é sobre o furto, e o outro, mais recente e que está na base das detenções feitas agora, é sobre o que o Ministério Público e a Polícia Judiciária acreditam ter sido uma complexa encenação protagonizada pela PJ Militar com o apoio de militares da GNR de Loulé, numa combinação secreta com o autor do assalto de Tancos para que as armas fossem devolvidas num contexto em que a PJ Militar ficaria com o crédito de ter resolvido o assunto e o assaltante, em contrapartida, poderia seguir em liberdade.
Quase todas as armas que tinham sido furtadas acabaram por aparecer a 18 de outubro de 2017 num sítio ermo do concelho da Chamusca e foram encontradas na sequência de uma chamada anónima feita nessa madrugada para o número de piquete da PJ Militar. O Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé foi então chamado para ir ao local verificar se a informação era verdadeira e recolher as armas. O facto de a Polícia Judiciária e o Ministério Público terem sido informados apenas horas depois do sucedido e não terem tido a oportunidade de ir ao local onde as armas tinam sido largadas para poderem fazer análises forenses, a par da circunstância de ter sido convocada a GNR de Loulé e não de um quartel mais próximo, levantaram fortes suspeitas nos procuradores e nos inspetores que estavam com o caso e fizeram-nos virar o foco da investigação para a própria PJ Militar. E foi essa viragem que levou, segundo o Expresso apurou, a Polícia Judiciária e os procuradores a confirmarem que o principal suspeito do caso sempre era o autor do furto.
Na tese da investigação que levou à detenção dos sete elementos da PJ Militar e da GNR de Loulé (havendo ainda um membro da PJ Militar em serviço na República Centro-Africana que deverá regressar agora a Portugal para também ele ser detido), o ex-fuzileiro que protagonizou o furto às munições e granadas de Tancos resolveu contactar um amigo ex-paraquedista que trabalha na GNR de Loulé para tentar negociar a devolução das armas e foi depois o comandante do Núcleo de Investigação Criminal daquela unidade que estabeleceu a ponte com a PJ Militar.
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