sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Trata-se da viatura que a nossa reportagem flagrou depositando lixo na avenida das FPLM próximo aos prédios makonde

Nampula: idosa mas, concorrida!


Nampula_62anosA cidade de Nampula completou na passada quarta-feira (22) o 62º aniversário de elevação à categoria num momento caracterizado por grandes e perigosas disputas políticas para a governação da autarquia. Município desde 1998, Nampula é uma cidade em franco desenvolvimento desde o ano de 2014, momento em que a mesma experimentou uma governação com dirigentes oriundos de um partido da oposição.
Mahamudo Amurane foi o primeiro presidente do município de Nampula que venceu a um candidato do partido Frelimo, Absalão Sueia, com uma margem percentual folgada. Amurane viria a ser assassinado, barbaramente, no princípio da noite do 4 de Outubro de 2017 por indivíduos ainda desconhecidos, depois de que em cerca de 4 anos ter trabalhado arduamente e oferecer uma nova imagem à cidade. Durante este período as lixeiras no centro da cidade sumiram por completo. A higiene passou a ser algo comum nas ruas da cidade. As vias de acesso tornaram-se mais confortáveis.
Mas, quiseram os seus acérrimos adversários que Amurane não prossegue-se com as suas actividades e à queima-roupa puseram fim a vida do edil dos macuas. Com o assassinato de Amurane, o desenvolvimento integrado do maior centro urbano do norte do país parou por completo, pois seguiu-se a uma vacatura que durou pouco mais de cinco meses, e experimentou-se, por duas vezes, a presidência interina. Encontrar um sucessor de Amurane não foi nada fácil.
Foram necessárias duas votações em uma eleição intercalar, as quais tiveram lugar em Janeiro e Março do corrente ano e, por fim, venceu Paulo Vahanle, do partido Renamo. Na votação de Janeiro, Paulo Vahanle (da Renamo) e Amisse Cololo (da Frelimo) foram os mais os candidatos que obtiveram o maior número de votos mas, nenhum deles obteve a maior absoluta dos votos (50% mais 1 voto, segundo o quadro jurídico eleitoral em vigor na altura) e deixaram para trás Carlos Saíde (do MDM), Filomena Mutoropa (do PAHUMO) e Mário Albino Muquissince (do AMUSI).

Já na segunda votação, realizada em Março, Vahanle “bateu” Cololo com uma larga maioria. A eleição directa e pessoal de um presidente municipal em Moçambique foi realizada pela última vez em Nampula. A cidade de Nampula, já adulta, continua sendo bela, sobretudo desde o ano de 2014, e ainda bastante disputada. 2018 É um eleitoral e os partidos políticos já afinam as suas máquinas e montam as suas estratégias para vencer o município de Nampula. O MDM, a Frelimo e a Renamo já apresentaram os seus cabeça-de-lista, tendo em conta que estás são as primeiras eleições, na história das municipalizações no país, em que o presidente de autarquia local não é eleito de forma directa e pessoal através de um sufrágio universal. A disputa pela direcção do conselho municipal de Nampula fez com que a margem da celebração do 62º aniversário surgisse várias frentes políticas e partidárias para celebrar a efeméride.
A Renamo festejou, oficialmente, o dia da cidade orientado comícios populares e outras actividades (uma vez que estão no comando). O MDM e a Frelimo, também, organizaram os seus membros para marcar a data.
Disputa desonesta
A disputa pela presidência do município de Nampula tem agora contornos de desonestidade. Enquanto Paulo Vahanle procura devolver a beleza à autarquia, viaturas do estado (cujo poder institucional é detido pela Frelimo) continuam a actuar no sentido de sabotar os esforços do seu elenco. Tal como denunciamos, recentemente, acções de sabotagem com a colecta de lixo não urbano para pontos de depósito e recolha de resíduos sólidos, outras situações tristes continuam a acontecer para reduzir a zero os esforços do governo municipal de Nampula.
A viatura com a chapa de inscrição [ver edição 209, do dia 14 de Agosto de 2018] fica estacionada no pátio do Tribunal Fiscal de Nampula, a escassos metros do gabinete do governador de Nampula, Victor Borges, e a menos de cinco quilómetros do comité provincial da Frelimo.
Trata-se da viatura que a nossa reportagem flagrou depositando lixo na avenida das FPLM próximo aos prédios makonde. Pelos bairros do município, o curso da pré-campanha eleitoral é caracterizado por acusações mútuas entre os partidos concorrentes às eleições do dia 10 de Outubro do corrente ano, bem como a desistência de membros e simpatizantes de um partido e integração em outro partido. (Aunício da Silva)
Jornal IKWELI – 24.08.2018

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