O coordenador interino da Renamo defende que a reintegração deverá ser feita de forma digna e humanizada, considerando que as armas serão entregues a um organismo previamente instituído.
O coordenador interino da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) disse esta quarta-feira que a reintegração do braço armado do seu partido deverá ser feita de forma digna e humanizada, considerando que as armas serão entregues a um organismo previamente instituído. “A força residual da Renamo vai proceder à entrega das armas a um organismo previamente instituído para o efeito e será reintegrada na sociedade de forma digna e humanizada”, disse Ossufo Momade, falando em teleconferência para jornalistas da capital moçambicana.
O memorando, que prevê a reintegração de oficiais da Renamo em lugares de comando das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, foi assinado na segunda-feira por Ossufo Momade e o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi. O coordenador interino do principal partido de oposição explicou que a reintegração dos homens da Renamo na polícia vai acontecer após o acordo, considerando que o seu partido espera que o memorando seja cumprido.
“Congratulamos os moçambicanos, o grupo de contacto e a comunidade internacional, que não tem poupado esforços para o alcance da paz efetiva e a verdadeira reconciliação nacional”, declarou Ossufo Momade, apelando à serenidade. Na sua declaração à nação na segunda-feira, o Presidente moçambicano disse que dentro de dias serão anunciados os passos seguintes no processo, mas sem avançar detalhes.
O atual processo negocial entre o Governo moçambicano e a Renamo arrancou há um ano, quando Filipe Nyusi se deslocou à Gorongosa, no centro de Moçambique, para uma reunião com o então líder da Renamo, Afonso Dhlakama, no dia 06 de agosto do ano passado, num encontro que ficou marcado por um aperto de mãos. Além do desarmamento e integração dos homens do braço armado do maior partido de oposição nas forças armadas e na polícia, a agenda negocial entre Nyusi e Dhlakama, que faleceu no dia 03 de março, envolvia também a descentralização de poder, ponto que já foi ultrapassado com uma revisão da Constituição em julho.
Moçambique assistiu, entre 2015 e 2016, a uma escalada nos conflitos militares entre as forças governamentais e o braço armado da Renamo, que não aceita os resultados eleitorais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de fraude.