SOCIEDADE
07 de Agosto de 2018
Homem de mão de Paulo Almeida tem sido o executor material das ameaças. “Se continuares a vir aqui podes perder a vida com um tiro da cabeça. E se optares pelo feitiço também serás pago com a mesma moeda” – mais palavras, menos palavras tem sido este o ritual de intimidação que o agricultor Armando Manuel tem sofrido para ser levado a desistir do terreno de lavoura.
Armando Manuel, o ancião de 71 anos que tem vindo a disputar, com o actual comandante-geral da Polícia Nacional, um terreno de lavoura de 12 hectares localizado no Zango Zero, município de Viana, adicionou novos dados à denúncia segundo a qual tem sido ameaçado de morte para abrir mão das terras de que se diz o legítimo proprietário.
Em declarações ao Correio Angolense, Armando Manuel aponta, em concreto, o dedo a um indivíduo de nome José António Ekundi, homem de mão do comissário-chefe Paulo de Almeida, como sendo então o executor das supostas ameaças que o ancião e sua família têm sofrido para que deixem o terreno livre.
“É este senhor José António Ekundi, homem de campo do comandante Paulo Almeida, que tem feito ameaças de morte a mim e à minha família. Das vezes que vou ao terreno, em conjunto com outros efectivos, ele amedronta-me com palavras e, inclusive, apontando-me com arma de fogo”.
Armando Manuel reiterou a este jornal que o terreno de 12 hectares – o hectare equivale a um campo de futebol de dimensões comuns – “lhe foi recebido” em Março deste ano por alguns efectivos da polícia que ali montaram plantão para controlar e guardar a lavra, supostamente a mando do comissário-chefe Paulo de Almeida. Tanto que os mesmos acabaram arrancando, à força de máquinas e tractores, mais de 120 árvores, bem como a residência que o ancião construíra no local.
Apesar das ameaças e da suposta usurpação do terreno, Armando Manuel conta que, determinado a não abrir mão do que lhe pertence, continuou a ir ao terreno com relativa frequência. Mas sempre que tal acontece, José António Ekundi não desiste de ameaçá-lo: “Se continuares a vir aqui podes perder a vida com um tiro da cabeça. E se optares pelo feitiço também será pago com a mesma moeda”, mais palavras, menos palavras – diz o ancião – tem sido este o ritual de intimidação contra si para que seja levado a desistir do terreno.
"“É este senhor José António Ekundi, homem de campo do comandante Paulo Almeida, que tem feito ameaças de morte a mim e à minha família. Das vezes que vou ao terreno, em conjunto com outros efectivos, ele amedronta-me com palavras e, inclusive, apontando-me a sua arma de fogo.”"
“Mas podem saber que não vou desistir”, adverte o ancião Armando Manuel, acrescentando: “Por defenderem o meu terreno e a mim, alguns parentes meus já ficaram detidos durante quatro dias na esquadra do Zango Zero por iniciativa do senhor Paulo de Almeida.”
Por causa de tais ameaças, o ancião conta que se deslocou por várias vezes ao Comando da Polícia Nacional para ter um encontro com Paulo de Almeida, ainda nas vestes de comandante nacional adjunto, e confrontá-lo com o que estava a suceder. Fez duas tentativas, mas Paulo de Almeida mostrou-se sempre indisponível para recebê-lo.
À terceira tentativa, lamenta o ancião, foi com recurso à mediação do então comandante Ambrósio de Lemos que Paulo de Almeida lá fez questão de o atender. Contudo, o encontro foi infrutífero. O comissário-chefe Paulo de Almeida manteve-se irredutível, como se mantém, de resto, até ao momento.
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