segunda-feira, 20 de agosto de 2018

AJUDEM: dez candidatos foram contactados pela Frelimo para fazer a propaganda do não a Samora Machel e apenas quatro cederam

AJUDEM fala de manipulação e aguarda pela notificação da CNE


Supostas deserções de membros à Assembleia Autárquica 
- Pelo menos dez candidatos foram contactados pela Frelimo para fazer a propaganda do não a Samora Machel e apenas quatro cederam
A candidatura de Samora Machel Júnior como cabeça de lista da Associação Juvenil para o Desenvolvimento de Moçambique (AJUDEM) continua a ser um assunto de difícil digestão no seio do partido Frelimo, com o sector mais radical a tentar fazer tudo e mais alguma coisa para descredibilizar ao máximo possível, tanto o candidato (Samito), assim como a organização que suporta a candidatura. 
Nisto, desde sexta-feira, a Rádio Moçambique, um órgão público de informação altamente obediente ao expediente do partido no poder, começou a divulgar supostas deserções de membros da AJUDEM, alegadamente pelo facto de não saberem por que razão os seus nomes foram colocados nas listas da organização. Aliás, na sexta-feira, o orgão citava única e exclusivamente um único entrevistado, mas o título da notícia que passou no espaço “RM jornal” falava de um grupo de dissidentes. 
Já no sábado, a Rádio Moçambique titulava “cresce o número de dissidentes”, elencando um grupo de três, totalizando quatro com o citado na sexta-feira. Os supostos dissidentes entrevistados pela Rádio Moçambique acusavam a AJUDEM de ter falsificado seus documentos para garantir a tramitação documental que devia dar entrada à Comissão Nacional de Eleições (CNE), incluindo mesmo o registo criminal e as assinaturas. Entretanto, os rostos da organização dizem que tudo quanto está a acontecer não passa de manipulação, ameaça e vã tentativa de descredibilizar a candidatura da AJUDEM e, particularmente de Samora Machel Júnior. 
Aliás, diz o grupo, “sabíamos que tudo isto iria acontecer…era previsível”. “Vários membros da AJUDEM estão a ser contactados. Estão a ser ameaçados. Alguns têm os seus empregos, até no Estado, em risco. Pelo menos alguns cargos específicos poderão perder nos próximos dias por casa disto” – disse Elídio Mavume, um dos jovens que encabeça a organização que terá, também, segundo disse, recebido chamada do Primeiro Secretário do partido Frelimo na Cidade de Maputo, Francisco Mabjaia.


De acordo com o jovem, o Primeiro Secretário terá, entre várias coisas, pedindo “coesão e afastamento do inimigo”. “Ou seja, o inimigo, para ele, é Samora Machel, daí a sugestão de coesão e afastarmo-nos de Samora Machel Júnior” – disse, contabilizando cerca de 10 membros que já terão recebido a chamada do primeiro secretário ou dos colaboradores directo deste, de onde se destaca Alex Muianga, da organização e mobilização a nível da cidade. 
Mavume disse ser completamente estranho que os supostos desertores apareçam a alegar a falsificação de documentos, quando foram eles próprios a encaminhar os processos até a AJUDEM. No sábado, a denúncia de perseguição e ameaça tinha sido feita por Artemisa Magaia, que disse ter sido convocada pelo primeiro secretário da cidade de Maputo para ser interrogada sobre o facto de estar a apoiar a candidatura de Samora Jr. “Portanto, que fique claro que mais de dez membros já foram contactados um por um e os cobardes e menos fortes cederam às ameaças, por isso estão a fazer aquele jogo de se fazerem de vítimas” – disse Mavume, para quem os apoiantes de Samora Júnior devem ser fortes porque “muito provavelmente, vem chantagens muito mais pesadas por aí…sabemos disso”. 
À espera de notificação da CNE 
Neste momento, a organização diz que está a espera de ser notificada pela Comissão Nacional de Eleições em relação às queixas apresentadas pelas supostas vítimas em torno de os seus nomes terem sido alegadamente usados de forma indevida. 
Em princípio, a CNE não pode deliberar absolutamente nada sem ouvir o mandatário de candidatura da AJUDEM. Aliás, do ponto de vista procedimental, a comunicação dos queixosos não deveria ter ido à CNE antes de passar pelo mandatário da candidatura. E o que se sabe é que, em nenhum momento, o mandatário foi contactado pelos queixosos. 
À hora do fecho da presente edição, a CNE encontrava-se ainda reunida e o assunto sobre dissidentes estava na mesa. 
MEDIA FAX – 20.08.2018

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