Culpas de cada um são de cada um e não de todos
Samora Machel (SM) permitiu arbitrariedades de alguns dos seus mais directos colaboradores, a exemplo de Marcelino dos Santos e Sérgio Vieira, entre outros... Não foi a FRELIMO que mandou eliminar fisicamente opositores políticos. Foram alguns colaboradores directos de SM, que abusando da confiança que tinham com ele, tomaram essa trágica decisão de eliminar fisicamente opositores políticos, até sem o conhecimento de SM!
Joaquim Chissano (JC) não concluiu a implementação do Acordo Geral de Paz (AGP)... Não foi a FRELIMO que deixou a RENAMO armada. Foi JC!
Armando Guebuza (AG) endividou Moçambique até ao pescoço... Não foi a FRELIMO que autorizou a contratação das "dívidas ocultas". Foi AG!
Consequências?
Filipe Nyusi (FN) está a governar Moçambique no meio muitas adversidades... Está a gerir um país que caiu no descrédito internacional, por conta das "dívidas ocultas" autorizadas ilegalmente por AG... Está a gerir um país com uma paz frágil, por conta da existência de um partido político ilegalmente armado com assento na Assembleia da República, porque o JC não concluiu a implementação do AGP... Está a gerir um país que já começou a ter um outro foco de conflito militar na região Norte, por conta da descoberta de grandes quantidades de gás natural, pedras preciosas e minério de bauxite... que começam a despertar ideias secessionistas, quais antes defendidas por Lázaro Kavandame...
Salvação
Os erros foram cometidos por pessoas singulares. São pessoas singulares que não fizeram o que deveriam fazer, ou fizeram mal o que deveriam fazer, à luz da lei. Não foram as leis que estiveram erradas. A FRELIMO deve ser penalizada por leis erradas. Mas por actos errados devem ser penalizados os seus autores, individualmente. NADA de arrastar e crucificar a FRELIMO por conta de erros cometidos por pessoas que agiram em consciência própria, ainda que em nome da FRELIMO. O que estiver errado, está errado. A salvação é corrigir. E a correcção que salva é cada um assumir individualmente os seus próprios erros e aceitar ser responsabilizado pelas respectivas consequências. Culpas de cada um são de cada uma e não de todos.
A FRELIMO precisa de um discurso político responsável, que a distancie dos erros dos seus militantes alguma vez na liderança do Estado. Eis a chave a salvação e de maturidade política e patriótica! Não deve a FRELIMO se sentir moral e politicamente responsável pelos erros dos seus quadros. Só assim a FRELIMO poderá garantir que cada quadro seu que aceite a incumbência de assumir funções no aparelho do Estado vai exercer essas funções com zelosa e responsavelmente. Devemos ser cada um individualmente responsável pelos seus actos. Não se deve socializar os erros, mas sim os bons resultados. É assim que os povos progridem. Não se sacrifica um povo por causa de indivíduos. Isto é lei da Natureza, a lei de selecção natural.
Enfim, eu volto a instar os nossos respeitados veteranos que alguma vez dirigiram a Nação moçambicana e estão ainda em vida, nomeadamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza, para que se retratem perante o povo moçambicano. Que cada um convoque a imprensa para a sua residência de reforma, para confessar publicamente os seus erros e distanciar a FRELIMO desses erros. De contrário, teria que ser a FRELIMO, através dos seus órgãos executivos, a convidar a imprensa para se distanciar dos erros dos seus quadros, o que não seria elegante! Eu peço encarecidamente a estes ilustres concidadãos para que nos eduquem pelo bom exemplo e não pelo maus exemplo. É mau exemplo esconderdes os vossos erros ao povo que tivestes o privilégio e orgulho de servir. É bom exemplo falardes dos erros que cometestes fostes dirigentes da nossa Nação. Falardes desses erros é um acto nobre, de grandeza, e diminui a possibilidade de os mesmos virem a ser cometidos pelos vossos sucessores. Precisamos de aprender não só do que fizestes bem, mas também e principalmente do que fizestes mal. E isto não só na FRELIMO, mas em todo o Moçambique. Força aí, ilustres camaradas e compatriotas!
Eu peço.
Palavra d'onra!
Apelo para a cooperação intergeracional
Esta é para a FRELIMO gloriosa e cinquentenária, e eu li num grupo fechado de WhatsApp, onde se comenta a reflexão do Gustavo Mavie, que eu também partilhei neste mural [1] ...
Diz assim:
«Impossível ler tudo, mas votar irresponsavelmente no caso de Moçambique é votar sempre nos mesmos. Pois de acordo e se acreditarmos nos argumentos demagogos do Mavie, sempre votamos responsavelmente e o q aconteceu foi um governo irresponsável q enganou o povo continuamente. Trocar de gvnacao é responsável porque obriga aos partidos irresponsáveis a quém se lhes deu carta branca durante anos de se responsábilizar qdo voltarem a ser escolhidos. Pois saberão q não serão eleitos apenas por se acreditar no mito q eles são responsáveis. A partir daí terão q prová-lo com ações concretas e uma governação altruísta, transparente e honesta.»
E já pergunto eu:
Quem mais pensa assim?...
A resposta é: são muitos... mais de 10 mil pessoas!!
Mas eu penso diferente! Penso exactamente o contrário! Penso ser falta de juízo votar na mudança sem questionar o sentido dessa mudança. Ao longo de qualquer caminho, há sempre dois sentidos: para a frente e para trás. Para a frente é AVANÇAR e para trás é REGREDIR.
Escolher a RENAMO é REGREDIR, porque a RENAMO não tem política para governar nem um município, qual Nampula... Preciso dizer mais? Está a olhos vistos: ganhou a eleição intercalar, mas ainda não está a governar!
Escolher a FRELIMO é AVANÇAR, porque a FRELIMO tem política para governar... Mas... há pessoas na FRELIMO que já não estão a ajudar. Chamo, a seguir, alguns nomes de pessoas que já não estão a ajudar, estão a prejudicar:
1. JOAQUIM CHISSANO, não está a ajudar, está a prejudicar, quando continua teimosamente a buscar protagonismo político, depois de ter permitido que a RENAMO continuasse armada durante os dez (10) anos do seu consulado, entre 1994 e 2004;
2. ARMANDO GUEBUZA, não está a ajudar, está a prejudicar, quando continua teimosamente a insistir na ideia/crença/convicção de que agiu bem ao autorizar a contratação das "dívidas ocultas" sem observar a lei, com a agravante de que, ao que tudo parece indicar, parte desse dinheiro foi usado indevidamente;
3. ALBERTO CHIPANDE, não está a ajudar, está a prejudicar, quando teimosamente insiste em continuar membro da Comissão Política, e quando aparece publicamente a falar como se fosse o dono de Cabo Delgado ou de todo o Moçambique;
4. RAIMUNDO PACHINUAPA, não está a ajudar, está a prejudicar, quando se apodera dos rubis de Montepuez em detrimento do Estado, e quase sem respeito pelo povo local;
5. GRAÇA MACHEL, não está a ajudar, está a prejudicar, quando também insiste teimosamente em buscar protagonismo político para a defesa de interesses egoístas, fingindo estar em defesa da causa da maioria.
Desculpai-me camaradas e compatriotas! Estas figuras (acima mencionadas) são muito respeitadas entre nós moçambicanos. Trata-se de pessoas que, juntamente com tantas outras da sua geração, deram a sua juventude à causa da libertação de Moçambique do jugo colonial fascista português e da edificação do nosso Estado. Porém, hoje pecam pelo seu amor obsessivo e obstinado pelo poder político e pelo poder económico. A percepção que reina—não sei se com razão bastante—é de que este quinteto lidera parte significativa dos negócios que o Estado moçambicano faz com o sector privado. Ela, eles, suas famílias e apaniguados estão nas minas, nos transportes, na construção, na imobiliária, nas telecomunicações, no turismo, na agricultura, na pesca, enfim, têm tentáculos nos negócios que se fazem em todos os sectores da economia de Moçambique e não só, como também nos negócios que se fazem offshore. Tenho comigo que é a obsessão obstinada deste quinto e seus apaniguados pelo poder que está a fazer com que o povo se divorcie da FRELIMO.
Ora, tenho um ALERTA e um PEDIDO a fazer a estes cinco compatriotas e camaradas. O ALERTA é de que se eles continuarem querendo controlar o poder da FRELIMO a partir dos bastidores, qual estão fazendo actualmente, então serão os principais culpados pela derrocada eleitoral deste partido nos próximos pleitos, e, caso tal ocorra, o quinteto corre grande risco de ser expropriado da riqueza material que ostenta, cuja origem se sabe que decorre do controlo que tacitamente detém do poder político em Moçambique. O PEDIDO é de que eles sejam magnânimos com o povo moçambicano e assumam as dívidas ocultas como suas, e ajudem generosamente a FRELIMO a vencer os próximos pleitos eleitorais.
Nós, moçambicanos, não devemos aceitar entregar o ouro ao bandido por conta do egoísmo e falta de modéstia de nossos camaradas "poderosos" e seus apaniguados. É preciso aceitar a rotura com eles, se disso depender a nossa sobrevivência como país independente e soberano. E esta sobrevivência depende da continuidade da FRELIMO no poder.
Compatriotas e camaradas, o povo moçambicano não ignora que os cofres do Estado estão quase vazios porque os negócios de alguns camaradas e compatriotas nossos não pagam devidamente os impostos que devem pagar. A percepção que há é de que, através de um esquema que combina a fuga ao fisco e a venda de serviços ao Estado a preços exorbitantes, os negócios desses camaradas e compatriotas nossos extorquem o erário e colocam o Estado como seu devedor. Numa palavra, uma franja significativa do eleitorado moçambicano, maioritariamente jovem, acha que esses nossos camaradas e compatriotas capturaram o Estado de todos nós em benefício próprio. Esta percepção domina as mentes dos nossos jovens hoje (2018).
Vai daí—diz-se e se acredita—que os recursos naturais do país, incluindo gás natural, carvão mineral, fauna, florestas, pedras preciosas, ouro, etc., são pilhados sem trazer benefícios para o país de todos nós. Vai daí que também se diz e se acredita, que o sistema de administração da justiça não funciona devidamente. Também se diz que o abate ilegal de espécies faunísticas e florestais protegidas por lei, a pesca ilegal, o garimpo ilegal, etc., ocorrem sem consequências para os seus autores porque, quando estes são apanhados pelas autoridades de fiscalização, depois se descobre que têm ligações com os nossos camaradas e compatriotas "poderosos", os quais se colocam acima da lei, desvirtuando assim o sentido da república. Mesmo sendo erradas, estas percepções acabam sendo tidas como verdades por conta de que os nossas camaradas e compatrotas poderosos insistem em fazer-se identificar com quase todas as políticas e em quase todos os negócios da república. A mamã Graça Machel, por exemplo, já não nem se sabe a qual família pertence, entre a Machel e a Mandela. Manda recados cá e manda recados lá, dando um exemplo único de promiscuidade política e material.
A identificação da FRELIMO com pessoas que se comportam como os nossos camaradas e compatriotas "poderosos" já não é bem vista pela juventude moçambicana que sedenta de bons exemplos. Tenho comigo que esta é a razão que contribui para os elevados níveis de abstenção no exercício do direito e do dever cívico de votar em eleições. Os eleitores querem votar na FRELIMO, mas não naquela FRELIMO incapaz de se distanciar dos actos errados dos seus militantes seniores. Eles cometeram e continuam a cometer erros pelos quais merecem repreensão pública, mas não são repreendidos. Não se faz isso porquê? Para matar a FRELIMO? É preciso esperar-se que eles morram para se falar dos seus erros? Temos medo de quê? Eles não são cidadãos normais? Acaso eles são imunes à prática de erros? Acaso não estará ainda claro que a insistência dos membros do quinteto acima constituído em deter protagonismo político para a defesa dos seus interesses egoístas ensombram a FRELIMO?...
Enfim, são as respostas que faltam para as perguntas acima postas que alguns concidadãos começam a acreditar que votar na FRELIMO em eleições é que irresponsabilidade, como se tivéssemos outro partido político que pode governar responsavelmente Moçambique neste momento. Vamos lá parar de proteger os excessos de alguns dos nossos compatriotas que julgam que a sua participação na luta de libertação nacional é passaporte para a impunidade. No Brasil, o Luís Inácio Lula da Silva está a cumprir uma pena de prisão, ainda que tida como injusta por todo o mundo. O Lula da Silva deu um bom exemplo de responsabilidade política, entregando-se à justiça federal brasileira. Em Moçambique, não estamos a apregoar condenações injustiças mas queremos que os nossos veteranos nos eduquem com recurso a bons exemplos. A obsessão pelo poder não é constitui bom exemplo. Os mais velhos que deixem a geração da independência, esta entendida como a geração de moçambicanos que se tornaram adultas no Moçambique independente, governar este país. Não somos menos responsáveis, tampouco diminuídos, por não termos participado na luta de libertação nacional. Éramos crianças. Não ensombrai, pois, a nossa governação com a vossa grandeza de heróis, mas iluminai os nossos caminhos partilhando as vossas experiências e sabedoria connosco, mormente falando-nos do que fizestes mal, que é para nós não repetirmos os vossos erros!
E por fim mesmo: esta reflexão NÃO é um apelo para a confrontação intergeracional. É, isto SIM, um apelo para a cooperação intergeracional. Não é elegante os mais velhos disputarem o espaço político com os mais novos. Elegante é os mais velhos iluminar os caminhos dos mais novos, falando do que não conseguiram fazer mas gostariam de ter feito, e dos erros que cometeram para que não sejam repetidos pelos mais novos. Reformai com serenidade para continuardes a merecer o nosso maior respeito como vossos continuadores.
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Referências
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