Luanda - O cenário de crise económica e financeira que Angola está a viver e a baixa do preço do barril de petróleo a nível internacional, colocou o país numa fase difícil sem precedentes. Os níveis de pobreza actuais são lastimáveis e o programa intercalar adoptado pelo novo governo, esta longe de produzir efeitos na vida do cidadão comum.
Fonte: Club-k.net
A questão que coloca-se é, como chegamos até esta fase? A baixa do preço do petróleo é o único responsável da crise que vivemos? O que foi feito para impulsionar o desenvolvimento do país com os milhares de dólares conseguidos entre 2004 à 2013? As respostas podem divergir, mas há um facto consensual, o governo que gere o país desde 1975 não consegue encontrar soluções de curto prazo e retirar o país nesta crise galopante que colocou-nos num estado de quase falência total.

Por outro lado, a história económica recente, enche-se de avanços importantes no que se refere ao desenvolvimento económico. Regressemos as memórias económicas angolana dos anos 60 e 70. Segundo Adelino Torres, escritor luso-francês, num dos seus trabalhos de investigação dedicados a agricultura, descreve que, Angola de 1961 aos anos 70 verificou-se uma viragem na política colonial agrícola, adoptando uma política do desenvolvimento agrário que resultou numa profunda transformação nos índices do desenvolvimento agrícola, colocado o país no top mundial dos maiores produtor e fornecedor de matérias primas como são os exemplos do café, algodão, açúcar, milho entre outros.

O sector industrial revelava um crescimento assustador, com uma industria extractiva onde a extracção dos diamantes representavam 60%, o ferro 36% e o petróleo 4%. Enquanto que, a indústria transformadora permitia abastecer o mercado com produtos primários entre alimentação, produtos têxteis, tabaco, papel e borracha. Até aos anos 70, Angola foi essencialmente um reservatório de matérias-primas, de produtos primários e um mercado dos produtos semi-transformados.

Como foi possível perdermos estes avanços económicos? o que esta na base dos recuos registados ao longo deste tempo? será que foram os 27 anos de guerra? foram os anos de paz distraídos pela exploração intensiva do petróleo? Ou a má gestão do governo que lidera o país desde 1975? Provavelmente a procura das respostas, poderão ajudar-nos a reencontrar este caminho perdido.

As terras férteis em Angola são equivalentes ao território da Itália, os recursos hídricos em Angola representam 60% dos recursos da África Subsariana, no solo angolano há tudo que gera dinheiro, desde ouro, diamante, madeira, gás natural, reservas de fosfato, ferro, manganês, cobre, rochas ornamentais, petróleo, granitos, mármores e uma enorme bacias hidrográfica, em fim, temos no solo tudo que precisamos para desenvolver este país, até é uma grande injustiça social cobrar impostos a este povo pobre com tantas riquezas no chão. Recursos não nos faltam, o que falta-nos é por a cabeça a funcionar.

Apesar dos enormes recursos com alto potencial em gerar desenvolvimento e diversificar as fontes de receitas do país, a população enfrenta uma crise sem precedentes, preços altos, salários baixos, atrasos nos pagamentos, falta de empregos, falta de vagas nas escolas, falta de professores, falta de médicos, falta de saneamento,
falta de quase tudo. E todos estes males, são resultantes da distracção gerada pelo petróleo, quer permitia obter lucros fáceis e rápidos e pelas más políticas públicas adoptadas pelos sucessivos governos desde 1975.
As políticas de curto prazo, resolvem os problemas hoje e deixa o amanhã em risco, um país que vive excessivamente de exportação de minerais, produz condições para viver hoje, mas adia o desenvolvimento do povo, a gestão danoso e vicioso dos recursos. permitem criar ilusão de riqueza, produzindo ricos mas empobrecendo o país.

O futuro e desenvolvimento do país, só se revolve com medidas de longo prazo, com gestão moral dos recursos e com uma aposta séria nos factores de base, agricultura e indústria, pelo que, urge a necessidade de regressarmos aos anos de ouro, não o período de 2002 à 2013, que criou toda essa ilusão e pobreza, mas sim aos anos de 60 e 70, o problema é que perdemos o caminho de regresso.