Um grupo de dez pessoas, entre as quais jornalistas e activistas dos Direitos Humanos, pediu uma audiência com o Presidente da República, Filipe Nyusi, e com a procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, para abordarem o rapto e espancamento do jornalista Ericino de Salema e todo o clima de medo que se instalou com os sucessivos raptos e assassinatos de cidadãos moçambicanos, regra geral com opiniões contrárias ao sistema instalado.
As pessoas que pretendem encontrar-se com Filipe Nyusi e Beatriz Buchili fazem parte de uma organização que foi criada em princípios de 2016, denominada “Comité de Emergência para Defesa da Liberdade de Imprensa e de Expressão”.
Segundo um comunicado de imprensa que chegou à nossa Redacção, a organização diz que solicitou o encontro com Filipe Nyusi porque está preocupada com o “actual clima de intimidação e insegurança”.
O “Comité de Emergência” diz que anotou as declarações do primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, da presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, e de outros membros do Governo, que condenaram publicamente o rapto e tortura de Ericino de Salema, mas exigem acções concretas para o esclarecimento desse caso e de outros casos relacionados.
“Não nos contentamos, porém, com os discursos de condenação do acto macabro contra o nosso colega Ericino de Salema. Do Governo, exigimos, para além de discursos, acções de neutralização e responsabilização dos autores”, lê-se no documento.
Segundo o “Comité de Emergência”, o rapto e tortura de Ericino de Salema não é um acto isolado na sociedade. “Têm sido prática, principalmente, nos últimos três anos, atentados e assassinatos de cidadãos moçambicanos profissionais e activistas da liberdade de expressão, com a infeliz coincidência de não ter havido esclarecimento de nenhum dos casos até agora”, referem.
No seu comunicado, o “Comité de Emergência” indica que os jornalistas ali congregados não se calarão “enquanto a liberdade de imprensa e de expressão não forem efectivas no nosso país, o que significa que as pessoas não só têm a liberdade de expressar as suas ideias, mas, sobretudo, de que não são seviciadas em função da sua opinião”.
Assinam o documento enviado a Filipe Nyusi: Borges Nhamirre (CIP), Erick Charas (fundador do jornal “@Verdade”), Ernesto Nhanale (activista), Fátima Mimbire (CIP), Fernando Lima (“Savana”), Francisco Carmona (“Savana”), Gilberto Mendes (actor), Jeremias Langa (STV) e Matias Guente (“Canal de Moçambique”).
CANALMOZ – 29.03.2018
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