Naeem Gulamo
Por: Sheikh Aminudin Muhammad
Uma frase muito comum em todos os quadrantes do Globo é a “Reforma da Sociedade”. É um título muito bonito, pois a atrai a atenção das pessoas, já que tal frase lida, ouvida ou pronunciada, nos transmite a ideia do que se pretende seja o antípoda de todos os males que enfermam, poluem e envenenam as nossas sociedades.
Esta frase deve estar a ser lida, escrita, pronunciada, ouvida e usada repetidamente por milhões de pessoas.
Existem por esse Mundo fora, inúmeras associações e organizações que trabalham no sentido de conseguirem alcançar a reforma da sociedade, tendo muitas delas departamentos específicos para lidar com esta matéria. E frequentemente são realizadas pelo Mundo fora, conferências com esse objectivo.
Os meios de comunicação também se dedicam a esta matéria, que se estende até mesmo ao nível de governos, mas mau grado todos esses esforços, o resultado é quase nulo, pois a sociedade continua afectada com os mesmos males.
É importante que reflictamos sobre as razões que concorrem para o insucesso, pois a despeito de todo o esforço empreendido, nenhuma reforma preconizada pela sociedade está tendo o êxito desejado. E a tendência é de as coisas piorarem, quando se espera o contrário.
Não estarão os nossos esforços mal direccionados? Será que há sinceridade nos esforços empreendidos? Quer parecer que, se estivéssemos a ser sinceros, e a direcionar correctamente os nossos esforços, a ajuda de Deus estaria connosco e aí teríamos melhores resultados.
Se reflectirmos mais profundamente e ampliarmos o nosso círculo de investigação, decerto que perceberemos que todos os esforços que estão sendo empreendidos em nome da reforma da sociedade, têm por detrás interesses ocultos, pelo que este tema nem se devia chamar reforma da sociedade.
Por exemplo, um dos grandes defeitos é que, por todo lado a preocupação é reformar e melhorar os outros, isto é, pretende-se iniciar a reforma a partir dos outros.
Todas as nossas palestras, todos os nossos colóquios, conferências, conselhos, exortações e programas de reforma da sociedade são dirigidos aos outros.
Queremos sempre que a eliminação de todos os males da sociedade comece na casa dos outros. São sempre os outros que devem começar a mudar e acabar com os males.
Ninguém pensa que devemos ser nós próprios os primeiros a acabar com o mal existente dentro de nós, pois a responsabilidade da eliminação dos males na sociedade também é nossa, assim como é a obrigação de trazer mudanças nas nossas vidas. Eventualmente muito pouca gente pensa que cada um de nós deve corrigir o seu comportamento moral.
Enquanto não mudarmos a nossa forma de pensar, e não mudarmos primeiro o nosso comportamento moral, difícil será a tarefa de reformar e melhorar a nossa sociedade. E esta não se vai auto melhorar. O que dizemos e escrevemos não terá nenhum efeito nas pessoas.
Este é o principal motivo do nosso fracasso e da nulificação de todos os nossos esforços. Com muita tristeza vemos que a sociedade trilha o caminho do mal e da corrupção, e as consequências disso estão patentes.
O método dos profetas de reformar as sociedades não se assemelhava ao nosso. Eles começavam as reformas por si mesmos dentro do seu círculo familiar. Preocupavam-se primeiro em endireitar o que não estivesse bem dentro das suas casas.
O Al-Qur’án quando nos fala do profeta Ismael (que a paz esteja com ele), diz que ele ordenava à sua esposa e família a observância da oração e da caridade. (Cap. 19, Vers. 54)
Quando fala dos profetas Abraão e Jacob (que a paz esteja com eles), diz:
“E Abraão ordenou esta crença aos seus filhos, e também Jacob (assim fez) dizendo-lhes: “Ó meus filhos! Certamente Deus escolheu para vós esta religião (verdadeira). Portanto, permanecei submissos (a Ele) até à vossa morte”. (Cap. 2, Vers. 133)
Portanto, o método dos profetas foi sempre o de começar a reforma da sociedade a partir de suas famílias, e depois então dirigiam-se aos outros.
E é na base disso que o Al-Qur’án proclama:
“Ó crentes! Salvai-vos a vós próprios e às vossas famílias de um fogo cujo combustível são as pessoas e as pedras”. (Cap. 26, Vers. 214)
E diz:
“E admoesta (ó Muhammad) teus parentes mais próximos”. (Cap. 26, Vers. 214)
“E ordena (ó Muhammad) à tua família o cumprimento da oração, e sê constante na sua prática”. (Cap. 20, Vers. 132)
Se adoptarmos este sistema de reforma na nossa sociedade, seja a nível governamental ou a nível de massas, se levarmos os nossos jovens que constituem a peça fundamental da sociedade a concentrarem-se neste método de reforma da sociedade, começando por si próprios, então, se Deus quiser será maior a esperança de virmos a ter mudanças substanciais, e aí então a nossa sociedade viverá momentos de sossego e tranquilidade.
Consta no Al-Qur’án que Deus condena a atitude errada de certas pessoas, ao dizer:
“Acaso ordenais às pessoas a prática do bem e esquecei-vos de vós próprios, enquanto vós recitais o Livro? Acaso não raciocinais”? (Cap. 2, Vers. 44)
“Ó crentes! Porque dizeis o que não fazeis (isto é, dizeis uma coisa e fazeis o contrário)”? É deveras detestável perante Deus, que digais o que não fazeis (isto é, não praticais o que ensinais)” (Cap. 61, Vers. 2 – 3)
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