O líder da Renamo acusou esquadrões de morte ligados à Frelimo de estarem associados ao rapto e agressão ao jornalista Ericino de Salema, exigindo a responsabilização dos autores do crime.
O líder da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, acusou esta quarta-feira esquadrões de morte ligados à Frelimo, no poder, de estarem associados ao rapto e agressão ao jornalista Ericino de Salema, exigindo a responsabilização dos autores do crime. “Faz parte dos esquadrões de morte, apelo ao Presidente da República [Filipe Nyusi], de boa fé, para que faça alguma coisa, porque são elementos ligados ao partido Frelimo ou à maquina do Governo” da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), afirmou Afonso Dhlakama, em declarações, por telefone, ao canal privado STV, a partir de Gorongosa, onde se encontra refugiado há mais de um ano.
Para Afonso Dhlakama, o rapto e a agressão a Ericino de Salema e os actos de violência contra figuras críticas ao Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) devem-se à falta de separação de poderes no país. “Se as instituições funcionassem neste país, esta onda [de crimes] estaria a reduzir, porque as pessoas seriam perseguidas judicialmente”, declarou o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). Por seu turno, o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) considerou macabro e cobarde o rapto e agressão ao jornalista, exigindo a responsabilização dos autores do crime.
“É um acto macabro e de cobardia, que viola os princípios de cidadania e de direitos, numa altura em que o país precisa de atrair investimentos para sair do buraco em que nos encontramos”, afirmou Daviz Simango, em conferência de imprensa. Daviz Simango considerou que o ataque a jornalistas e a analistas políticos cria revolta e indignação na sociedade e constituem uma tentativa de amputar os direitos e liberdades fundamentais O primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, condenou esta quarta-feira o rapto e a agressão a Ericino de Salema, na terça-feira, manifestando confiança no esclarecimento do caso pelas autoridades policiais.
Falando na Assembleia da República (AR), durante a sessão de perguntas dos deputados ao Governo, Carlos Agostinho do Rosário declarou que o executivo repudia o atentado à vida e integridade física dos cidadãos. “Queremos reiterar aqui e agora a nossa inteira confiança nas autoridades policiais no seu trabalho de combate ao crime no encaminhamento dos seus autores à justiça”, afirmou o primeiro-ministro moçambicano. Ericino de Salema foi encontrado gravemente ferido no distrito de Marracuene, a oito quilómetros do centro de Maputo, algumas horas após ter sido raptado por desconhecidos.
Ericino de Salema foi encontrado por populares abandonado no passeio da estrada circular de Maputo em Marracuene, província de Maputo, e depois transportado para o Hospital Privado de Maputo, onde se encontra internado. A vítima apresentava sinais de agressões que terão sido infligidas com objetos contundentes e está consciente, de acordo com testemunhos relatados pelo canal privado STV. Ericino de Salema, comentador do “Pontos de Vista”, um programa de análise política muito visto em Moçambique, foi raptado à saída do SNJ, onde se deslocou para almoçar no restaurante do local.
Moçambique: Jornalista Ericino de Salema encontrado depois de raptado
O jornalista moçambicano Ericino de Salema foi esta terça-feira (27.03) raptado por desconhecidos em Maputo, à saída da sede do Sindicato Nacional dos Jornalistas. O também comentador da STV terá sido encontrado, posteriormente, inconsciente na Estrada Circular de Maputo.
O porta-voz da polícia moçambicana, Orlando Modumane, confirmou, entretanto, à Lusa que um homem que se apresentou como motorista do jornalista denunciou o rapto numa esquadra próxima do local da ocorrência e está a ser ouvido pela polícia. "Há uma denúncia sobre o rapto do jornalista apresentada pelo motorista, ele está a ser ouvido pela polícia, pelo que não há nada a acrescentar", afirmou Orlando Modumane.
De acordo com o canal STV, Ericino de Salema, comentador do programa "Pontos de Vista" do mesmo canal, foi raptado quando abandonou as instalações do Sindicato Nacional dos Jornalistas para almoçar no restaurante do local. Depois de deixar o computador portátil no assento traseiro da viatura, o jornalista foi abordado por desconhecidos quando se preparava para entrar na viatura em que o motorista o esperava e levado para um outro carro, que seguiu para lugar incerto.
O jornalista trabalhou para vários órgãos de comunicação social moçambicanos, mas atualmente está mais ligado a Organizações Não Governamentais ligadas ao fortalecimento da sociedade civil e promoção da liberdade de expressão e imprensa.
Em 2016, o politólogo e comentador do programa "Pontos de Vista", José Macuane, foi baleado nas pernas por desconhecidos e abandonado numa estrada à saída de Maputo, depois de ter sido levado de carro perto da sua residência, num bairro do centro de Maputo.
por:content_author: Agência Lusa