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Escrito por Adérito Caldeira em 06 Setembro 2017 |
Em meados de 2015 deveriam ter iniciado as obras de substituição de cabos pendurais, aparelhos de apoio, juntas de dilatação, reparação do pavimento, betão e pintura geral da ponte sobre o rio Save, construída nos anos 60 e inaugurada em 1972. Orçada em aproximadamente 29 milhões de dólares norte-americanos a reabilitação foi adjudicada à construtora portuguesa Teixeira e Duarte que no entanto nunca chegou a iniciá-las. Em Abril de 2016 foram descobertas as dívidas secretas e ilegais da Proindicus e da MAM, os fundos da cooperação internacional foram suspensos e precipitou-se a crise que, entre outros impactos, desvalorizou o metical em mais de 100%. O Relatório do balanço semestral do Plano Económico e Social do exercício económico de 2017, a que o @Verdade teve acesso, reconhece que as obras “deviam ter iniciado há 2 anos mas ainda não iniciaram devido a atraso no pagamento do adiantamento”. De acordo com o Relatório, o impasse no arranque da reabilitação está relacionado com a “desvalorização do metical face ao dólar, o empreiteiro propõe o pagamento de 70% do contrato ao câmbio do dia”, refere o documento.
Só pode cruzar o Save um camião de cada vez com peso máximo de 35 toneladas
Entretanto
o @Verdade apurou, junto a uma fonte do departamento de comunicação
institucional da Administração Nacional de Estradas(ANE), que ao longo
destes dois anos em que a reabilitação não aconteceu o estado de
degradação da ponte sobre o rio Save acentuou-se daí a decisão tomada em
Agosto último de limitar o peso máximo por cada veículo que cruza-la.“Devido ao actual estado técnico da ponte sobre o rio Save na Estrada N1, ligando as províncias de Inhambane e Sofala, a Administração Nacional de Estradas comunica que, a partir do dia 31 de Agosto de 2017, o peso bruto dos veículos que circulam nesta ponte não deverá exceder 35 toneladas, observando os limites admissíveis por eixo ou grupo de eixos”, pode-se ler no comunicado de imprensa da ANE que ainda refere que só “será permitido o trânsito de um único veículo pesado de cada vez, através do eixo central da ponte, numa velocidade máxima de 30 km/h”. O comunicado que estamos a citar não estabelece durante quanto tempo a medida vai durar mas o @Verdade apurou que só poderá ser revista quando as obras de reabilitação iniciais, e as adicionais devido a contínua degradação, forem executadas.
Reabilitação da ponte sobre o rio Save representa menos de 4% do custo da ponte Maputo - Ka Tembe
As
referidas obras não tem nenhum previsão para acontecerem devido a
manifesta falta de fundos do Orçamento de Estado e a suspensão de grande
parte dos financiamentos internacionais, responsáveis por mais de 60%
do financiamento do sector de Obras Públicas.No cúmulo da falta de ideias para arranjar fundos o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, chegou mesmo a sugerir que fosse feita uma Parceria Público-Privada para a reabilitação da ponte sobre o rio Save e o privado depois instalasse uma portagem para recuperar os investimentos. Todavia, enquanto não há dinheiro para uma infra-estrutura de vital importância para Moçambique - cruzam diariamente uma média de três centenas de camiões de grande tonelagem, autocarros e milhares de viaturas - estão a decorrer em sprint as obras da majestosa ponte entre a cidade de Maputo e o distrito municipal Ka Tembe. Orçada em 725 milhões de dólares norte-americanos, em Dívida Pública de Moçambique com a China em condições que não são públicas, o custo desta ponte que tem viabilidade duvidosa é notavelmente elevado, quando comparado com obras similares em outras partes do mundo. Aliás o “timing” do empréstimo parece ter sido alinhavado à tempo do ciclo eleitoral de 2013 e 2014, e não é preciso grandes investigações para saber que não só no nosso país as obras públicas são ideais para geração de fundos de campanha. Mas o facto é que o custo da reabilitação inicial da ponte sobre o rio Save, que é uma necessidade para a maioria dos moçambicanos, representa menos de 4% do custo da ponte que vai beneficiar menos de 10% do povo moçambicano e alguns turistas. |
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Trânsito condicionado no Save porque o Governo não tem 29 milhões de dólares para reabilitação da ponte… que custa 4% da Maputo - Ka Tembe
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