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Moçambique perdeu 48% da população de elefantes nos últimos cinco anos e pode ser banido do comércio internacional de derivados da espécie, devido à falta de clareza na gestão dos animais, anunciaram hoje fontes do Governo moçambicano.
Dados divulgados durante um seminário realizado hoje em Maputo indicam que o número de elefantes em Moçambique passou de 20 mil para 10.300 e as áreas de conservação do norte do país são as mais afetadas pela ação dos caçadores furtivos.
“A caça furtiva em Moçambique é uma realidade difícil de controlar”, disse à imprensa Carlos Lopes Pereira, chefe de Departamento de Fiscalização e Combate à Caça Furtiva na Administração de Áreas de Conservação.
No global, lamentou o chefe do departamento tutelado pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Moçambique perde dois mil animais por ano”, observando que este dado revela um rácio de seis elefantes abatidos por dia.
A pobreza das populações locais e o crescimento do mercado internacional de venda de marfim, prosseguiu Carlos Lopes Pereira, são apontadas como as principais causas da matança de animais e a localização de Moçambique nas proximidades dos países considerados como centros da caça furtiva tem contribuído para a generalização deste crime.
Para Carlos Lopes Pereira, a solução para a caça furtiva em Moçambique passa pela capacitação das instituições de preservação, tanto a nível técnico como financeiro.
“A situação tem de mudar ou teremos de assumir que esta espécie entrou numa fase que se torna inviável”, referiu, destacando a importância da adoção por parte do Governo de um plano para a proteção do elefante em Moçambique.
No âmbito do Seminário de Revisão da Estratégia e do Plano de Ação para a Conservação do Elefante em Moçambique, o coordenador do projeto MozBio (Moçambique Biodiversidade), entidade estatal, também manifestou preocupação com os dados hoje divulgados.
Afonso Modope considerou que o país está em risco de ser banido pela União Europeia e pelos Estados Unidos do comércio internacional de derivados de elefantes, devido à falta de clareza nas estratégias de proteção destes animais.
Modope garantiu, no entanto, que o Governo moçambicano quer assegurar os pressupostos internacionais para a segurança das espécies ameaçadas de extinção.
“Nós temos acordos e memorandos celebrados com os países vizinhos para o combate à caça furtiva”, afirmou Afonso Modope, apontando também a definição de novas estratégias de combate à caça furtiva como a condição para recuperar o respeito internacional.